
por Vívian Marler / Assessora de Communicação do Regional Norte 2 da CNBB
Na manhã desta quarta-feira (26), Papa Leão XIV durante a Audiência Geral, na Praça de São Pedro, abordou a existência humana, em sua essência mais profunda, “é um mistério recebido, um dom que não foi solicitado, mas que exige um cuidado incessante para ser nutrido e mantido. Essa verdade fundamental, destacada nas recentes reflexões pastorais no Vaticano, confronta diretamente uma das doenças mais difundidas da contemporaneidade a resignação e a perda de confiança na própria vida”, disse o Papa.
O questionamento sobre o sentido — de onde viemos e para onde vamos — pulsa no coração do ser humano. Sem uma resposta, a jornada corre o risco de se tornar um mero intervalo entre duas “noites eternas”. É neste cenário que a esperança se revela não como um mero otimismo, mas como o impulso vital que garante que a peregrinação tem um destino certo.
A esperança, segundo a mensagem central, do discurso do Papa Leão XIV, é a certeza de crer no amor de um Pai que nos quis e nos quer felizes. Ela é o antídoto contra a visão da vida como uma incógnita ou uma ameaça da qual precisamos nos defender.
Neste contexto, a ação de Cristo, o Filho encarnado, ressurge como a fonte inesgotável dessa vitalidade. Ao curar os doentes, restaurar a dignidade dos pecadores e devolver a vida aos mortos, Jesus confirma o Pai como o “amante da vida”. A Ressurreição de Cristo, portanto, não é apenas um evento histórico, mas a garantia de que a vida, mesmo diante dos desafios mais dolorosos e dos obstáculos intransponíveis, sempre prevalecerá.
A chamada urgente para os dias atuais é a coragem de testemunhar essa verdade, cultivando ativamente a esperança que transforma a peregrinação terrena em um caminho seguro rumo à plenitude.
Ao final, informou aos presentes que amanhã irá à Turquia e depois ao Líbano para realizar uma visita às populações desses Países ricos em história e espiritualidade. “Será também a ocasião para recordar os 1700 anos do primeiro Concílio ecuménico celebrado em Niceia e encontrar a comunidade católica, os irmãos cristãos e de outras religiões. Peço-vos que me acompanheis com a vossa oração”, clamou Papa Leão XIV.
Leia o discurso do Pontífice, na integra, traduzido para o português, abaixo:
“AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Ciclo de Catequese – Jubileu 2025. Jesus Cristo nossa esperança. IV. A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo atual. 6. Esperar na vida para gerar vida
Caros irmãos e irmãs, bom dia e bem-vindos!
A Páscoa de Cristo ilumina o mistério da vida e permite-nos olhá-lo com esperança. Isto nem sempre é fácil ou garantido. Muitas vidas, em todas as partes do mundo, parecem fatigantes, dolorosas, cheias de problemas e obstáculos a superar. No entanto, o ser humano recebe a vida como um dom: não a pede, não a escolhe, experimenta-a no seu mistério desde o primeiro dia até ao último. A vida tem uma especificidade extraordinária: é-nos oferecida, não a podemos dar a nós próprios, mas deve ser constantemente alimentada: é necessário um cuidado que a mantenha, a dinamize, a guarde, a relance.
Pode-se dizer que a pergunta sobre a vida é uma das questões abissais do coração humano. Entramos na existência sem ter feito nada para o decidir. Desta evidência brotam como um rio a transbordar as perguntas de todos os tempos: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual é o sentido último de toda esta viagem?
Viver, de facto, invoca um sentido, uma direção, uma esperança. E a esperança age como o impulso profundo que nos faz caminhar nas dificuldades, que não nos deixa render na fadiga da viagem, que nos torna certos de que a peregrinação da existência nos conduz a casa. Sem esperança, a vida arrisca-se a parecer um parêntese entre duas noites eternas, uma breve pausa entre o antes e o depois da nossa passagem pela terra. Esperar na vida significa, antes, prelibar o destino, acreditar como certo aquilo que ainda não vemos nem tocamos, confiar e entregar-se ao amor de um Pai que nos criou porque nos quis com amor e nos quer felizes.
Caríssimos, há no mundo uma doença difusa: a falta de confiança na vida. Como se nos tivéssemos resignado a uma fatalidade negativa, de renúncia. A vida arrisca-se a não representar mais uma possibilidade recebida em dom, mas uma incógnita, quase uma ameaça da qual nos devemos preservar para não ficarmos desiludidos. Por isso, a coragem de viver e de gerar vida, de testemunhar que Deus é por excelência «o amante da vida», como afirma o Livro da Sabedoria (11,26), é hoje uma chamada quanto mai urgente.
No Evangelho, Jesus confirma constantemente a sua solicitude em curar doentes, sanar corpos e espíritos feridos, devolver a vida aos mortos. Fazendo isto, o Filho encarnado revela o Pai: restitui dignidade aos pecadores, concede a remissão dos pecados e inclui todos, especialmente os desesperados, os excluídos, os distantes, na sua promessa de salvação.
Gerado pelo Pai, Cristo é a vida e gerou vida sem poupar até nos doar a Sua, e convida também a nós a doar a nossa vida. Gerar quer dizer pôr em vida outra pessoa. O universo dos seres vivos expandiu-se através desta lei, que na sinfonia das criaturas conhece um admirável “crescendo” culminante no dueto do homem e da mulher: Deus criou-os à Sua imagem e a eles confiou a missão de gerar à Sua imagem, isto é, por amor e no amor.
A Sagrada Escritura, desde o início, revela-nos que a vida, precisamente na sua forma mais elevada, a humana, recebe o dom da liberdade e torna-se um drama. Assim, as relações humanas são marcadas também pela contradição, até ao fratricídio. Caim percebe o irmão Abel como um concorrente, uma ameaça, e na sua frustração não se sente capaz de amá-lo e estimá-lo. E eis o ciúme, a inveja, o sangue (Gén 4,1-16). A lógica de Deus, pelo contrário, é outra. Deus permanece fiel para sempre ao seu desígnio de amor e de vida; não se cansa de sustentar a humanidade mesmo quando, seguindo o rasto de Caim, ela obedece ao instinto cego da violência nas guerras, nas discriminações, nos racismos, nas múltiplas formas de escravidão.
Gerar significa, então, confiar no Deus da vida e promover o humano em todas as suas expressões: antes de tudo na maravilhosa aventura da maternidade e da paternidade, mesmo em contextos sociais nos quais as famílias lutam para suportar o fardo do quotidiano, permanecendo muitas vezes travadas nos seus projetos e nos seus sonhos. Nesta mesma lógica, gerar é empenhar-se por uma economia solidária, procurar o bem comum fruído equitativamente por todos, respeitar e cuidar da criação, oferecer conforto com a escuta, a presença, a ajuda concreta e desinteressada.
Irmãs e irmãos, a Ressurreição de Jesus Cristo é a força que nos sustenta neste desafio, mesmo onde as trevas do mal obscurecem o coração e a mente. Quando a vida parece ter-se apagado, bloqueada, eis que o Senhor Ressuscitado passa ainda, até ao fim dos tempos, e caminha connosco e por nós. Ele é a nossa esperança.
Saudações
Saúdo cordialmente os peregrinos de língua francesa vindos da Suíça e da França, em particular os peregrinos da Diocese de Gap, os grupos paroquiais e os alunos das diferentes escolas. Que o Senhor guie os vossos compromissos no seio da família e da sociedade para que possais tornar-vos servidores desta vida na qual Deus nos gerou por amor e no amor. Deus vos abençoe a vós e às vossas famílias!
Estendo um caloroso bem-vindo aos peregrinos e visitantes de língua inglesa que participam da Audiência de hoje, especialmente aqueles que vêm do Reino Unido, Irlanda, Holanda, Noruega, Nigéria, Uganda, Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Filipinas, Canadá e Estados Unidos da América. De modo particular, saúdo os bispos e sacerdotes da Inglaterra e do País de Gales que celebram seus quadragésimo, quinquagésimo e sexagésimo aniversários de ordenação sacerdotal. Saúdo também a Eparquia de Keren na Eritreia, liderada pelo Bispo Kindane Yebio, que celebra seu trigésimo aniversário. Que o Senhor os guie sempre em seu testemunho de caridade, harmonia e paz. Ao rezar para que todos vocês possam experimentar um aumento da virtude da esperança durante este Ano Jubileu, invoco sobre vocês e suas famílias a alegria e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus os abençoe!
Amados irmãos e irmãs de língua alemã, que a graça deste Ano Santo reavive em todos os peregrinos da Esperança o anseio pelos bens celestes e lhes conceda a alegria e a paz do nosso Redentor. Confiemos no Senhor e deixemo-nos guiar por Ele à plenitude da vida.
Saúdo cordialmente os peregrinos de língua espanhola. Peçamos ao Senhor a força para podermos corresponder à vida que nos foi dada gratuitamente com uma existência entregue ao Seu serviço. Abandonemo-nos ao Seu amor para não temer as dificuldades e enfrentar os desafios, doando-nos generosamente aos outros. Recebamos a vida e a Deus que nela se manifesta: nos filhos que gerarmos, nas pessoas de quem nos responsabilizamos e na sociedade que somos chamados a construir. Que Deus vos abençoe. Muitas graças.
Dirijo uma saudação cordial às pessoas de língua chinesa. Caros irmãos e irmãs, que Deus, rico em misericórdia, vos encha da Sua graça. A todos a minha bênção!
Queridos fiéis de língua portuguesa: bem-vindos! Não tenhais medo de acolher sempre o mistério da vida como dom preciosíssimo do Senhor. A Ressurreição de Cristo assegura-nos que somos peregrinos de esperança nesta vida, rumo à sua plenitude na Casa do Pai! Desça sobre vós e sobre as vossas famílias a bênção de Deus!
Saúdo os fiéis de língua árabe. Convido-vos a olhar para a vida com esperança, na consciência de que Cristo ressuscitado caminha connosco e por nós no meio das dificuldades e dos sofrimentos. O Senhor vos abençoe a todos e vos proteja sempre de todo o mal!
Saúdo cordialmente os polacos. Nas vossas famílias, não falte a coragem de tomar decisões sobre a maternidade e a paternidade. Não tenhais medo de acolher e defender cada criança concebida – anunciai e servi o Evangelho da vida. Deus é «o amante da vida», por isso cuidai sempre dela com carinho e amor. A todos vós a minha bênção!
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Amanhã irei à Turquia e depois ao Líbano para realizar uma visita às queridas populações desses Países ricos em história e espiritualidade. Será também a ocasião para recordar os 1700 anos do primeiro Concílio ecuménico celebrado em Niceia e encontrar a comunidade católica, os irmãos cristãos e de outras religiões. Peço-vos que me acompanheis com a vossa oração.
Dirijo uma saudação cordial aos fiéis de língua italiana, em particular às paróquias de Battipaglia, Sapri e Vico Equense.
Saúdo a Arquiconfraria dos Batentes de Santa Filomena, o Coro Mani Bianche de Chiavari, o Conselho Nacional dos Peritos Industriais, a Associação ANSI de Faenza e a Associação ACAI de Nápoles. Encorajo todos a perseverarem com empenho e generosidade nas respetivas atividades.
Saúdo, por fim, os doentes, os recém-casados e os jovens, especialmente os estudantes de San Giovanni Rotondo e os de Triggiano. Domingo próximo a Igreja retomará o novo ciclo da celebração dos mistérios cristãos com o primeiro domingo do Advento. Este tempo do ano prepara-nos para o Natal, suscitando em todos o desejo de encontrar o Deus que vem. A todos a minha bênção!”
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