por Vívian Marler/ Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB

Na manhã desta quinta-feira (9/10)  durante uma coletiva de imprensa na Sala de Imprensa da Santa Sé, foi apresentada a  Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, intitulada “Dilexi te” (Eu te amei). O documento, aguardado com expectativa, reafirma o amor pelos pobres não apenas como um pilar da fé cristã, mas como a própria epifania do Reino de Deus e um motor essencial para a transformação social e eclesial.

O Cardeal Michael Czerny S.J., Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, destacou que o documento ressalta como Deus fala à Igreja através dos pobres, revelando-se nas suas feridas físicas, sociais e espirituais. “A pobreza, um enorme problema social, é também um tema teológico. Através dos pobres, Deus fala à Igreja, e a fé torna-se real na misericórdia e no serviço que derrubam as barreiras”, afirmou o Cardeal Czerny, sublinhando que “Dilexi te” convida a comunidade cristã a experimentar a salvação na relação concreta com aqueles que carregam os sinais da Cruz.

A Exortação aprofunda a compreensão de que a pobreza não é mero acaso, mas sim fruto de “estruturas do pecado” que se consolidam em sistemas económicos e culturais egoístas e indiferentes. O Frei Frédéric-Marie Le Méhauté, Provincial dos Frades Menores de França/Bélgica, reforçou essa ideia, lamentando uma “economia que mata” ao medir o valor humano em termos de produtividade e lucro. A Igreja, através de “Dilexi te”, denuncia a falsa imparcialidade do mercado e propõe modelos de desenvolvimento baseados na justiça, visando a conversão dessas estruturas e a restituição da dignidade aos “invisíveis”.

Mas a visão de “Dilexi te” vai além da assistência. O documento reconhece os pobres como verdadeiros protagonistas da transformação eclesial e social, “portadores de esperança” e “construtores de um destino comum”, como apontou o Cardeal Czerny. O Frei Le Méhauté enfatizou que os pobres possuem uma “inteligência particular”, capaz de analisar problemas e oferecer soluções reais, pois “a realidade é melhor vista das margens”. Esta perspetiva inverte a lógica mundana, que tende a descartar os mais frágeis, convidando a Igreja a ser evangelizada por eles.

A dimensão profundamente humana e transformadora desta perspectiva foi vividamente ilustrada pela Pequena Irmã de Jesus Clémence, da Fraternidade das Três Fontes. Compartilhando sua experiência com mulheres Roma no sul da Itália, ela narrou o gesto de Ancuza, que, apesar de sua própria privação, partilhou pão ainda quente. “Eles são ricos em humanidade! Não estudaram, mas possuem a sabedoria que se forma da experiência da precariedade”, afirmou Irmã Clémence, reconhecendo os pobres como “nossos mestres espirituais” e a “presença sacramental do Senhor”.

A Exortação “Dilexi te” convida a uma renovação profunda, na qual o desenvolvimento humano integral – abarcando educação, Eucaristia e serviço – seja o foco de uma Igreja que não põe limites ao amor. Como concluiu o Frei Le Méhauté, “não haverá paz enquanto os pobres e o planeta forem negligenciados e maltratados”. O documento é um apelo urgente a construir uma “nova civilização” onde os pobres não sejam problemas a serem resolvidos, mas irmãos e irmãs a serem acolhidos, na certeza de que todos fomos amados por Deus.

Leia abaixo na versão traduzida para o português (e a versão original em italiano) “DILEXI TE”, a Exortação do Papa Leão XIV.

091025_Encíclica Dilexit_Papa Leão XIV

 

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