Por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá – PA
A Campanha da Fraternidade possui uma dimensão fundamental na vida escolar e universitária. O tema da fome exige a responsabilidade social tornando a pessoa que estuda as ciências humanas e espirituais buscar também ações em favor das pessoas famintas nos diversos lugares e ambientes da vida humana. O “Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16) é uma ordem de Jesus para que a sabedoria a respeito da fome proporcione soluções para amenizar a problemática que afeta a milhões de brasileiros e de brasileiras sobre a falta de comida em suas mesas. As escolas e universidades ajudem a criar um mundo de solidariedade e de amor ao próximo e amor a Deus Uno e Trino, o Criador de todas as coisas e dos alimentos. O saber esteja a serviço do Reino de Deus.
A escola e a universidade
A escola e a universidade são locais da aprendizagem do ensino, do aprofundamento das verdades humanas e espirituais de modo que a Campanha da Fraternidade ganhe a importância sendo assumidos pelos estudantes, universitários. A fome necessita não só seja debatida, mas vise à solidariedade com ações que ajudem as pessoas necessitadas nas comunidades.
É fundamental ver os seus devidos significados. A escola vem do latim, schola, e também do grego scholé, cujos significados são o lugar onde se espera o estudo, instrução a caráter social que através da atividade didática, estruturada tende a dar uma educação e uma cultura às novas gerações[1]. A palavra universidade vem do latim universitas, atis, cujo significado é totalidade, universalidade sendo um conjunto das coisas criadas como também a universalidade das pessoas ou das coisas de um lugar ou ambiente determinado[2]. Através das escolas e também das universidades a Campanha da Fraternidade 2023 seja mais difundida e assumida por mais pessoas, para que assim a palavra de Cristo alcance sempre mais seguidores e seguidoras no caminho da vida plena.
A importância de uma política pública
O texto-base coloca o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) como um exemplo de políticas públicas exitosas no combate à fome e à insegurança alimentar no Brasil. Sendo implantado há décadas o programa garante o direito à merenda escolar, condições nutricionais e de saúde para cerca de quarenta milhões de estudantes em todo o País. Outro dado importante desta política pública é que a grande maioria de gêneros alimentícios é adquirida da agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária e comunidades tradicionais, possibilitando desta forma uma alimentação saudável com os produtos provenientes do agro ecologia para as escolas do campo e da cidade. É fundamental a valorização desta política pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar em vista da comida para amenizar o problema da fome nas escolas em todo o País[3].
A alimentação a partir de casa
A família exerce um papel importante para a educação das pessoas, das crianças até a universidade, passando por todas as práticas cotidianas. Sabendo que muitas famílias não têm alimentação suficiente em casa, é preciso a ajuda com alimentação para as famílias mais carentes, porque é na família que ocorre a primeira educação à alimentação. Muitas vezes as mães não têm o leite materno fazendo com que a solidariedade de outras mães ajudem-nas para dar às suas filhas e aos seus filhos. É também em casa onde as pessoas aprendem hábitos de alimentação saudável. É na família o lugar onde as pessoas aprendem a partilha, o amor para com os pobres. Será sempre fundamental a superação da cultura da indiferença para testemunhar a caridade proveniente dos pais e dos avôs e das avós em relação às famílias mais carentes e que passam fome[4].
A escola: o aperfeiçoamento
A escola é o local para aprofundar e aperfeiçoar os bons hábitos, dando razões para eles, que vem da família[5]. A escola ajuda aos estudantes na alimentação, porque como foi dito acima muitos estudantes vão para a escola não tendo feito uma refeição em casa, de modo que a escola fornece a alimentação devida para o bom rendimento escolar do estudante. Seguindo a ordem de Jesus, “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) fica a responsabilidade social para que alimentação dada nas escolar possibilite vida digna para milhões de estudantes e de adultos.
A universidade a serviço da vida do próximo
A Igreja apoia pessoas que ingressam nas universidades para adquirir conhecimentos, em vista do bem comum. A universidade seja um local também para ver o saber em vista da caridade, sobretudo com as pessoas famintas. A questão da fome relaciona-se à falta de comida disponível para as pessoas ou na impossibilidade de se conseguir ter acesso ou mesmo comprar alimentos[6]. As estatísticas colocam dados preocupantes no sentido que são mais de trinta e três milhões de pessoas que enfrentam a fome em nosso País[7]. A universidade promova debates pelos seus professores, educadores, educadoras, pessoas universitárias para que a fome seja enfrentada com ações caritativas e com políticas públicas.
O saber em vista da caridade
O saber que a pessoa adquire nas escolas, nas universidades, formações superiores com mestrados e doutorados aponte ao serviço ao outro, à caridade. Todas as pessoas possuem saberes importantes, diferentes de modo que são chamadas a partilhá-los com os outros. O julgamento do Senhor no final da vida versará sobre o amor ao próximo: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber” (Mt 25, 35). Jesus também quer que os seus seguidores e seguidoras dêem as suas vidas pelo próximo, por Ele: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos” (Jo 15,13). Sendo o saber uma forma de doação para as pessoas chegarem ao conhecimento da Verdade, Jesus, o Mestre dos Mestres, Este ensina a todos a dar a vida pelos outros, uma vez que ele o fez dando a sua vida pela salvação de toda a humanidade.
[1] Cfr. Scuòla. Il Vocabolario Treccani. Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 1535.
[2] Cfr. Università. In: Idem, pg. 1849.
[3] Cfr. CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2023. Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2022, pg. 50.
[4] Cfr. Idem, pgs. 49-50.
[5] Cfr. Idem, pg. 50.
[6] Cfr. Idem. CF na universidade. Brasília, Edições CNBB. 2022, pg. 7-8.
[7] Cfr. Idem, Texto-base, pg. 28.