Introdução

Atualmente, nesta experiência de quarentena, temos milhões de jovens confinados em suas residências com seus familiares. O que eles estão fazendo? Enquanto educadores e evangelizadores do público infanto-juvenil o que podemos estimular como experiências  educativas evangelizadoras?

Tanto a educação quanto a evangelização trazem consigo um dinamismo e horizontes sem fronteiras; por outro lado hoje, para ambas atividades, temos à disposição uma diversidade de meios que nos oferecem muitas possibilidades. Em circunstâncias como estas somos chamados a crescer na propositividade criativa.

 

  1. Gratidão e prudência preventiva

É bom recordarmos que crianças, adolescentes e jovens, em geral, estão sendo poupados do agravamento dos sintomas da COVID-19, mas são vetores, ou seja, portadores assintomáticos… Esse fato requer, da parte deles, muito cuidado no relacionamento com os outros, sobretudo com os idosos. Portanto, a distância social é necessária; é uma questão de prudência preventiva.

Nesse contexto os jovens devem ser estimulados ao senso de gratidão pelo dom da vida, pela robustez física, experiência de jovialidade, pelo dom da saúde. Essa experiência da gratidão a Deus é chamada a ser expressa através das virtudes do cuidado, da compaixão com os doentes, da disponibilidade ao serviço aos necessitados e tantas outras formas de atividades beneficentes como segue na lista abaixo. É chegada a hora da saída do comodismo para dar mais atenção aos outros; é hora do aprofundamento do sentido da vida e da promoção da firmeza de ânimo.

Como maduros “bons cristãos e honestos cidadãos” é necessário também que estimulemos crianças, adolescentes e jovens ao exercício da obediência às determinações das autoridades civis, sanitárias e eclesiásticas. É hora de incentivar a vivência da cidadania, do amor ao próximo, da visão do bem comum, da solidariedade, da consciência ética e a evangelização.

 

  1. Oportunidade educativo-pastoral

A sadia ocupação do tempo na era contemporânea tem se tornado cada vez mais um desafio, tanto para os adultos como também para os jovens. Muito mais agora em tempo de quarentena compulsória. Essa deve ser uma forte preocupação para pais, pedagogos, evangelizadores, educadores sociais e profissionais da saúde uma vez que o vírus do tédio tem muitas consequências.

Dentro desse contexto de cuidado e da necessidade da manutenção da saúde integral, abre-se a oportunidade para estimularmos a criatividade do protagonismo juvenil saudável. Essa experiência de quarentena é uma importante oportunidade educativo-pastoral.

Bem sabemos, de acordo com a atual realidade cultural, que a maioria dos jovens que estão em casa passam a maior parte do tempo nas redes sociais… Pois bem, as redes sociais, através da modalidade virtual, são também instrumentos de serviços pastorais. Há diversos campos possíveis de atividades, de modalidades de serviços, instrumentos, ferramentas que podem ser usadas se programadas… Isso requer critérios e coordenação! É possível também promovermos o “home office pastoral” (a pastoral a partir de casa!).

Foto: Marina Silva

  1. Questões a serem consideradas

A criatividade educativo-pastoral, nas atuais circunstâncias com pouca mobilidade social e maior concentração das pessoas nas residências, nos sugere pensar em diversas questões as serem consideradas quanto às atividades a serem possivelmente programadas, tais como:

  1. Modalidades: há duas formas de atividades educativas e evangelizadoras, a presencial e a virtual (que ainda pode ser ao vivo ou gravada);
  2. Públicos: há uma diversidade de públicos para os quais as atividades podem ser direcionadas, como por exemplo, os parentes, crianças, adolescentes, jovens, idosos…
  3. Abrangência: a abrangência depende de cada programação, podendo ser uma atividade para um grupo restrito (amigos, parentes, colegas de grupos…) ou aberta, disponível para quem quiser acessá-la;
  4. Área da atividade: há diversos campos de ações; a escolha vai depender dos interesses de quem quiser promovê-las: catequese, lazer (jogos, brincadeiras, músicas, teatros, artes…), práticas de piedade, liturgia, ecologia, educação (reforço escolar) etc.
  5. Meios disponíveis: dependendo da modalidade da atividade pode ser presencial ou virtual; virtualmente temos muitos recursos tecnológicos, sobretudo, as mídias digitais como: whatsapp, instagram, facebook, youtube, twitter, aplicativos vários etc.

 

  1. Sugestões de atividades educativo-pastorais:
  1. Dar a máxima atenção aos avós, vizinhos e parentes idosos que precisam de ajuda, organizando atividades com eles (modalidade presencial e virtual);
  2. Colocar-se à disposição para fazer compras, limpeza e outros pequenos serviços domésticos (presencial e virtual);
  3. Primar pelo espírito de iniciativa dentro de casa: varrendo, limpando os ambientes, lavando louças, roupas etc. Não ser peso, não ser acomodado, egoísta! Testemunhar virtudes, maturidade, senso de corresponsabilidade! (presencial);
  4. Promover o entretenimento com as crianças em família, sobretudo, através de jogos educativos; seria o “oratório festivo” em família ou virtualmente (presencial e virtual);
  5. Estimular a promoção de dinâmicas de grupo em família ou pequenos grupos extraindo mensagens e reflexões para a vida (presencial e virtual);
  6. Promover momentos de lazer educativo através de jogos on-line… (presencial e virtual);
  7. Estimular a apresentação de testemunhos de fé, de graças alcançadas, de experiências de vida ressaltando ideias, virtudes, lições, problemas superados (presencial e virtual);
  8. Promover uma gincana com diversas atividades a distância em grupos virtuais: questionários (sobre a bíblia, Jesus, Igreja, cidadania…), jogos, músicas… (virtual);
  9. Promover a leitura orante da Palavra de Deus em família ou com pequenos grupos de amigos… Leitura, meditação, oração, partilha da Palavra, compromissos (presencial e virtual);
  10. Promover a reza de ladainhas e terço mariano ou da misericórdia… (presencial e virtual);
  11. Meditar a Via Sacra em família, ou com outros públicos… (presencial e virtual);
  12. Dedicar-se à educação formando grupos de estudos sobre língua portuguesa, matemática, ciências, história, ética, cidadania, ecologia, política, idiomas… (presencial e virtual);
  13. Promover a catequese em família ou com grupos: estudo do Catecismo da Igreja Católica, YouCat (Catecismo da Igreja Católica na perspectiva juvenil), oficinas de oração, estudo do subsídios da JDJ, outros… (presencial e virtual);
  14. Promover o “cineforum” – assistir a um filme juntos pelas Redes Sociais e depois fazer um debate sobre questões apresentadas, ideias, personagens… (presencial e virtual);
  15. Promover momentos de shows, músicas, apresentações on line … (virtual);
  16. Contar histórias ressaltando suas mensagens e lições concretas (presencial e virtual);
  17. Articular uma equipe para produzir mensagens educativas, de incentivo e de Esperança para serem postados nas redes sociais… (virtual);
  18. Formar um grupo de jovens profissionais médicos, psicólogos, terapeutas, pedagogos, assistentes sociais, religiosos para o serviço de aconselhamento voluntário (virtual);
  19. Combinar, pelas redes sociais, momentos oração, louvor… (virtual);
  20. Produzir breves “podcasts” sobre temas variados de interesse atuais e permanentes para serem disseminados nas redes sociais (virtual). 

PARA REFLEXÃO PESSOAL:

  1. Como você está vivenciando este tempo de quarentena?
  2. Como está sendo em sua família a ocupação do tempo livre?
  3. Você concorda que, apesar das privações, temos também uma oportunidade para educar e evangelizar?

DOM ANTÔNIO DE ASSIS RIBEIRO

Bispo Auxiliar de Belém - PA