por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB

Em um domingo de celebração da Exaltação da Santa Cruz, o Papa Leão XIV refletiu sobre o significado da cruz como instrumento de salvação e agradeceu pelas orações em seu 70º aniversário, em um Angelus repleto de mensagens de esperança e unidade.

Neste domingo (14/9), na Praça São Pedro, o Papa Leão XIV conduziu o Angelus, marcando a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Em sua homilia, o Pontífice recordou o momento histórico em que Santa Helena encontrou a cruz de Cristo em Jerusalém, um símbolo de fé e redenção.

O Papa Leão XIV destacou a importância da cruz como um instrumento de amor e salvação, transformado por Deus de um símbolo de morte em um farol de esperança. Ele enfatizou que nada pode nos separar do amor divino, que é maior que nossos próprios pecados.

Além da reflexão sobre a Exaltação da Santa Cruz, o Papa Leão XIV mencionou o ’60º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos’, uma iniciativa profética de São Paulo VI para fortalecer a comunhão entre os bispos e o Sucessor de Pedro. Ele expressou seu desejo de que esta comemoração impulsione um renovado compromisso com a unidade, a sinodalidade e a missão da Igreja.

Em um momento pessoal, o Papa Leão XIV compartilhou com os fiéis que completava 70 anos naquele dia. Ele expressou sua gratidão a Deus, a seus pais e a todos aqueles que o lembravam em suas orações.

O Angelus de domingo não foi apenas uma celebração da Exaltação da Santa Cruz, mas também um momento de reflexão sobre a fé, a unidade e a gratidão. As palavras do Papa Leão XIV ressoaram na Praça São Pedro, transmitindo uma mensagem de esperança e amor a todos os presentes e a todos aqueles que acompanharam a celebração à distância.

Leia seu discurso do Pontífice na integra, abaixo:

ANGELUS

Praça São Pedro Domingo, 14 de setembro de 2025

“Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz, na qual se recorda o momento em que Santa Helena encontra o madeiro da Cruz, em Jerusalém, no século IV, e a devolução da preciosa Relíquia à Cidade Santa, por obra do Imperador Heráclio.

Mas o que significa para nós, hoje, celebrar esta Festa? O Evangelho que a liturgia nos propõe (cf. Jo 3, 13-17) ajuda-nos a compreender este significado. A cena se passa à noite: Nicodemos, um dos chefes dos judeus, pessoa reta e de mente aberta (cf. Jo 7, 50-51), vem ao encontro de Jesus. Ele precisa de luz, de orientação: procura Deus e pede ajuda ao Mestre de Nazaré, porque reconhece n’Ele um profeta, um homem que realiza sinais extraordinários.

O Senhor acolhe-o, ouve-o e, no final, revela-lhe que o Filho do homem deve ser elevado, «a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna» (Jo 3, 15), e acrescenta: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (cf. v. 16). Nicodemos, que talvez naquele momento não compreendera plenamente o sentido dessas palavras, certamente o compreenderá quando, após a crucificação, ajudar a sepultar o corpo do Salvador (cf. Jo 19, 39): compreenderá que Deus, para redimir os homens, se fez homem e morreu na cruz.

Jesus fala disso a Nicodemos, recordando um episódio do Antigo Testamento (cf. Nm 21, 4-9),2 quando no deserto os israelitas, atacados por serpentes venenosas, se salvavam olhando para a serpente de bronze que Moisés, obedecendo à ordem de Deus, tinha feito e colocado sobre uma haste.

Deus salvou-nos revelando-se a nós, oferecendo-se como nosso companheiro, mestre, médico, amigo, até se tornar para nós Pão partido na Eucaristia. E para realizar esta obra, serviu-se de um dos instrumentos de morte mais cruéis que o homem já inventou: a cruz.

Por isso, hoje celebramos a sua «exaltação»: pelo amor imenso com que Deus, abraçando-a para a nossa salvação, de instrumento de morte a transformou em instrumento de vida, ensinando-nos que nada pode separar-nos d’Ele (cf. Rm 8, 35-39) e que a sua caridade é maior do que o nosso próprio pecado (cf. Francisco, Catequese, 30 de março de 2016).

Peçamos, então, pela intercessão de Maria, a Mãe presente no Calvário ao lado do seu Filho, que também em nós se enraíze e cresça o seu amor que salva, e que também nós saibamos doarnos uns aos outros, como Ele se doou totalmente a todos.

Depois do Angelus

Caros irmãos e irmãs!

Amanhã comemoram-se os 60 anos da instituição do Sínodo dos Bispos, uma intuição profética de São Paulo VI, para que os Bispos pudessem exercer ainda mais e melhor a comunhão com o Sucessor de Pedro. Espero que esta comemoração suscite um renovado empenho pela unidade, pela sinodalidade e pela missão da Igreja.

Dirijo com carinho a minha saudação a todos vós, fiéis de Roma e peregrinos da Itália e de vários países, em particular os de Villa Alemana e Valparaíso, no Chile; os da Arquidiocese de Mwanza, na Tanzânia; os de Humpolec, na República Checa; e os peruanos da Associação religiosa Jesús Nazareno Cautivo, de Roma.

Saúdo também os fiéis de Chiaiamari, Anitrella, Uboldo, Faeto, Lesmo, Trani, Faenza, Pistoia, San Martino in Sergnano, Guardia di Acireale, San Martino delle Scale em Palermo e Alghero. Saúdo também as bandas musicais de Borno e Sonico, em Val Camonica, a Cooperativa «La Nuova Famiglia», de Monza, o Comité Regional Pro Loco da região do Lácio, a União do Apostolado Católico, os jovens da Don Bosco Youth-Net e a comunidade do movimento Comunhão e Libertação, de Roma; bem como a Associação Arti e Mestieri de Sant’Agata di Militello, os motociclistas vindos de Ravenna e os ciclistas vindos de Rovigo.

Queridos – parece que vós já o sabeis -, hoje completo setenta anos. Dou graças ao Senhor e aos meus pais; e agradeço a todos aqueles que se lembraram de mim nas suas orações. Muito obrigado a todos! Obrigado e bom domingo!”