Neste tempo de pandemia e agora com as vacinas que estão chegando é importante falar da educação como dom de Deus e responsabilidade humana. O fato é que a pandemia elevou o número dos pobres no Brasil e no mundo. Nós queremos uma educação que seja sempre mais inclusiva e leva a pessoa a viver o diálogo, a fraternidade, buscando a vida dos mais necessitados, dos pobres, segundo o projeto do Senhor. A educação é para todas as pessoas. Ela também visa respeitar as etapas da vida humana. A seguir nós veremos a educação nas suas diversas etapas a partir de alguns padres da Igreja. Eles receberam uma boa formação e a transmitiram às pessoas de suas comunidades.
- A educação com os adolescentes
São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, no século V, afirmou que a educação dos adolescentes exige todo um cuidado porque é um mar de efervescências nos desejos e também nas ações dos mesmos. Muitas vezes eles não aceitam as correções, mas é necessário o acompanhamento deles nesta etapa. O educador deve estar junto e dar a força necessária para a superação da revolta. A adolescência sucede outra idade, própria das pessoas tornadas adultas, na qual entram compromissos familiares, constituindo uma família, e assim a pessoa governará a casa com a vinda de muitas preocupações, havendo a necessidade de uma boa educação[1].
- Educação com os jovens
Clemente Alexandrino, padre do século II e III afirmava a importância na educação dos jovens que deveriam ser formados no espírito de solidariedade e do amor. O jovem é chamado à caridade também na distribuição de alimentos. Nós não podemos ser esbanjadores como o filho pródigo que abusou dos dons do pai, mas nós devemos usar os dons em vista do controle, da sabedoria das coisas. O que não pode ocorrer uma vida dissoluta e chegar na hora da morte sem obras boas. Os jovens devem ser educados na comida com a normalidade das coisas. Os cristãos são convidados a comer de uma forma regularizada, moderada sem exageros, próprios de quem vive o seguimento ao Senhor[2].
- A educação do gênero humano
Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e V, percebeu a educação do gênero humano. Referindo-se ao povo de Deus, ela é articulada em diversos períodos de tempo, semelhantes às varias idades do ser humano, com o fim de se elevar das realidades temporais à compreensão daquelas eternas e das realidades visíveis às realidades invisíveis. Da mesma forma como as promessas bíblicas referiam-se às recompensas visíveis no Antigo Testamento, as pessoas eram exortadas a adorar um só Deus, verdadeiro Criador e Senhor de todas as coisas e das almas. A vinda do Senhor exortou a buscar o Reino de Deus, porque as coisas deste mundo passam depressa (cfr. Mt 6,28-30). É claro que as pessoas devem trabalhar pelo bem de todos, sobretudo os mais necessitados. Uma boa educação do gênero humano leva a passar das coisas transitórias aos benefícios da vida eterna[3].
- A educação do próximo
A educação é algo contínuo para o seu bem, na unidade com Deus, na visão de São João Crisóstomo. Assim via São Paulo como um exemplo na qual pedia que as pessoas o imitassem em vista da unidade com o Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Cor 11,1). Para Pedro o Senhor pediu que o amasse mais que os outros, e assim ele recebeu a missão de apascentar as suas ovelhas (cfr. Jo 21,15). A educação é dada para os nossos familiares, parentes, amigos. Uma vez instruídos nas coisas de Deus e dos seres humanos ninguém é isento de dar uma boa educação aos outros, ao próximo, com o temor de Deus sobre o caminho reto neste mundo e um dia na eternidade[4].
Ainda em São João Crisóstomo tinha presentes à importância da educação dos filhos na sua etapa para que correspondam bem na vida e com Deus. Resistam às tentações e sejam bem orientados na vida. Eles possam crescer nos mandamentos do Senhor e grande será a recompensa para todos no Senhor. Eles devem ser educados para serem bons, que dominem a ira, esqueçam as ofensas, perdoem e assim amam a todos e a Deus[5].
- A educação através dos ministros consagrados
São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV afirmou que o sacerdote deve educar os outros à virtude. Ele não assumir atitudes ruins, porque isto seria vergonhoso para o público, a massa em geral, mas deve ascender na virtude em força da palavra de Deus que diz estar afastado do mal e cumpra o bem (cfr. Sl 36,27). O sacerdote como todo o educador não deve conhecer medida no bem, no amor e na ascensão de uma vida de espiritualidade com o Senhor e com o povo de Deus. A pessoa não deve orgulhar-se dos dons recebidos, mas deve viver uma vida humilde no Senhor. É muito importante dar o bom exemplo, na virtude ajudando os outros não pela força, mas pelo testemunho de vida[6]
A educação caracteriza a pessoa para o cultivo da paz, ao amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. A Igreja é chamada a educação de seu povo para a vida de fé, de esperança e de caridade neste mundo e um dia na eternidade.
[1] Cfr. Giovanni Crisostomo, Commento al Vangelo di San Matteo, 81,5. In: La teologia dei padri, v. II. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pg. 326.
[2] Cfr. Clemente Alessandrino, Il Pedagogo, 2,7-9. In: La teologia dei Padri, v. III, Idem, pg. 21.
[3] Cfr. Agostino, La Città di Dio, 10,14. In: La teologia dei Padri, v. IV. Idem, pg. 238:
[4] Cfr. Giovanni Crisostomo, Commento alla Lettera ai Romani, 1,2, v. III, In: Idem, pgs. 250-251.
[5] Cfr. Giovanni Crisostomo. Omelie sulla lettera agli Efesini, 21, 4, Idem, pgs. 385-386.
[6] Cfr. Gregorio di Nazianzo, Il sacerdozio, 2, 14-15, vol. IV, In; Idem, pg. 107.
POR Dom VITAL CORBELLINI
Bispo de Marabá - PA