A maior procissão católica do mundo foi realizada neste domingo (13), nas ruas de Belém do Pará. O Círio de Nossa Senhora de Nazaré congregou mais de dois milhões de pessoas em uma única manhã, em única caminhada que iniciou com a Santa Missa presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello, às 05h30, na frente da Catedral Metropolitana de Belém. Em seguida, o Círio seguiu seu percurso de aproximadamente 3,7 quilômetros até a Praça da Basílica Santuário de Nazaré.
Em sua 227ª edição, o Círio novamente coloriu ruas, mares e céus da capital paraense. O brilho das diversas homenagens refletia a alma do povo devoto que não mediu esforços para acompanhar a procissão mesmo numa temperatura alta, própria da cidade. Por onde a berlinda com a imagem peregrina passava, recebia aplausos, ‘vivas’, foguetes com efeitos visuais, confetes e até pétalas de rosas que exalavam um bom aroma aos romeiros. O Círio conta ainda com outros elementos interessantes, como a corda de 400 metros que puxa o carro-andor de Nossa Senhora e é altamente disputada por promesseiros. A procissão tem ainda 13 carros de promessas que são conduzidos por alunos de escolas da rede privada e pública, eles recolhem os símbolos de promessa dos romeiros como: casas de isopor, velas, partes do corpo humano em cera, etc. As escolas também têm presença na chegada da procissão quando são representadas por seus alunos, no corredor central da praça, segurando as bandeiras dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal.
A advogada Brenda Carine Rodrigues, de 24 anos, acompanhou todo o percurso carregando sobre a cabeça um vade mecum do curso de direito. Recém-formada, a jovem fez uma promessa a Nossa Senhora: se conseguisse aprovação no exame da ordem nacional dos advogados, ela carregaria o livro durante toda a caminhada. “Quando acreditamos, alcançamos. Isso representa, para mim, a fé. Pedi ajuda dela para terminar meu curso e, depois passar no exame que foi uma prova bem difícil, mas eu consegui. Sempre fui devota dela, desde bebê eu acompanhava o Círio no colo da minha mãe, este ano quis trazer este livro como forma de agradecimento”, afirmou.
Por causa do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, o arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, com seus auxiliares, dom Antônio Ribeiro e dom Irineu Roman, não estiveram presentes. Por convite deles, esteve à frente da procissão o bispo de Crato-CE, dom Gilberto Pastana. O prelado, que é paraense, já tinha participado do Círio como seminarista e padre, mas esta foi a primeira vez em quatorze anos de bispo, que ele pôde participar da procissão, fazendo questão de acompanhar do início ao fim.
Ao chegar o Círio na Praça Santuário, por volta das 11h28, marcando um dos Círios mais rápidos da história, dom Gilberto alocou a imagem num nicho devidamente preparado e presidiu a Santa Missa de encerramento da procissão. “Fomos trazidos por ela e por Seu Filho até aqui, abençoado seja quem fez esta caminhada rogando-se à Nossa Senhora, colocando nesta oração a sua responsabilidade e necessidade de contribuir e esforçar-se em ser cada dia melhor, conduzidos pelos valores evangélicos da paz da fraternidade, da partilha e do amor. Que Nossa Senhora alimente cada vez mais este propósito em nós”, destacou em sua homilia.
Outros bispos estiveram acompanhando os festejos. Além do Núncio Apostólico, que presidiu as Missas de saída das procissões da Trasladação e Círio, estavam também presentes o arcebispo militar do Brasil, dom Fernando Guimarães, dom Fernando Panico, bispo emérito de Crato-CE e o bispo prelado emérito do Marajó-PA, dom José Luís Azcona.
A quadra nazarena, como é chamada a festividade de Nossa Senhora de Nazaré, segue até o próximo dia 28. Até lá ainda ocorrerão mais 6 romarias: da juventude, das crianças, dos ciclistas, dos corredores, a procissão da festa e o recírio que encerra a festividade. A cada dia um bispo convidado estará presente presidindo a Santa Missa e fazendo pregações em cima do tema central da festa que é: “Maria, Mãe da Igreja”, em alusão aos jubileu de 300 anos da criação da Diocese de Belém do Pará e a realização do Sínodo Pan-Amazônico.