por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Emérito de Belém do Pará
Maria de Nazaré, Maria da Graça, Maria de Belém, Nossa Senhora! Aqui estamos, teus filhos acolhidos e amados, vivendo a imensa graça do Círio de Nazaré, tempo especial em que, sob tua materna proteção, caminhamos para Jesus, desejando vê-lo e acolher a graça que é ele mesmo. Abre-nos a mente e o coração para o tempo da escuta, já que teu serviço de amor nos conduz à Palavra de Deus, oferecida em abundância pela Igreja nas celebrações e pregações que nos são oferecidas. Conduze-nos à fonte de água pura que é Jesus, na oração intensa e mais perfeita, a Eucaristia à qual somos convidados. Faze-nos contemplar os mistérios de Cristo, com teu coração, Maria de Nazaré, desfiando as contas do Rosário, rezado incontavelmente pelas multidões que acorrem a Belém. Cria laços de amor e fraternidade entre nós e pede a Jesus que muitos irmãos e irmãs se sintam acolhidos e entrem na festa da vida que o Círio oferece a quem é de perto e a quem vem de longe. Faze-nos livres dos preconceitos e julgamentos, para que um mundo novo, possível para quem crê, seja experimentado nesta festa de fraternidade. Para tanto, abre-nos para a penitência e a reconciliação, corajosos na busca do Sacramento da volta para Deus. Que a quadra nazarena nos faça entrar na fila da reconciliação, a verdadeira colheita do Círio!
Queremos hoje chamar-te com um dos nomes mais lindos que te foram atribuídos, Nossa Senhora da Esperança. A Igreja nos convidou a viver o Ano Jubilar como “Peregrinos de Esperança”, e nós nos encontramos contigo, desde a Anunciação! O Anjo Gabriel entrou em tua casa e em tua vida, sabendo que fazias parte de um grupo corajoso e teimoso na esperança. As antigas promessas dos profetas estavam em teu coração e em tua família, e teu jeito juvenil simples e alegre atraiu o olhar de Deus. Em ti está toda a esperança dos séculos que passaram. Com singeleza disseste “Eis aqui a serva do Senhor” e em ti Deus fez acontecer a virada mais radical de toda a história da humanidade. E em ti a plenitude da história foi como que trazida para Nazaré. Tu reúnes tudo o que desejamos de melhor, tu expressas o sentido profundo da existência humana nesta terra, tu trazes a eternidade para a história! Naquela visita, o mundo entendeu que esperar não é desejar coisas que podem acontecer, mas a certeza de que a vida tem sentido e sabor de eternidade. Por isso, já em Nazaré, em ti e contigo podemos proclamar com o Apocalipse (12,1): “Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas”. Com a Igreja queremos louvar-te hoje: Tu és a honra do nosso povo! Bendita sejas, minha filha, pelo Deus Altíssimo, mais do que todas as mulheres da terra; e bendito seja o Senhor nosso Deus, criador do Céu e da Terra. Ele enalteceu de tal forma o teu nome que nunca mais deixarão os homens de celebrar os teus louvores e recordarão eternamente o poder de Deus (cf. Jt 15,18-19). E brota de nossa boca e de nosso coração a oração diária: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”.
Ao contemplar-te, Maria de Nazaré, na Imagem que nos legou o Caboclo Plácido e nossa história, Senhora da Esperança, vemos Jesus Menino em teus braços, e ele carrega o mundo, envolto pela Cruz. Queremos pedir-te que proclames conosco “Salve Cruz, nossa única Esperança”. Se com teu olhar contemplamos o mundo, sabemos que ele está vertendo sangue pela violência, as guerras, inimizades entre pessoas, grupos políticos e nações. Ajuda-nos a proclamar, primeiro em nosso coração, depois a todo o mundo, com a graça do Círio de Nazaré que celebramos, a única esperança para enfrentarmos as muitas dificuldades e conflitos de nosso tempo. Quando percorrermos nossas ruas com tua Imagem, oferece de novo Jesus e sua Cruz, a todas as pessoas que olharem para ti. Com teu amor de Mãe, faze amolecer a dureza dos corações de grandes e pequenos deste mundo, para se voltarem a Jesus Cristo, Salvador e Senhor de toda a história!
Tu que cuidaste de Jesus, cuida agora com carinho e preocupação materna deste mundo ferido. Assim como choraste com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora te compadeces do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano. Tu, que vives, com Jesus, completamente transfigurada, e todas as criaturas cantam a tua beleza, Mulher vestida de sol, elevada ao céu, és Mãe e Rainha de toda a criação. No teu corpo glorificado, juntamente com Cristo ressuscitado, parte da criação alcançou toda a plenitude da sua beleza. Tu não só conservas no teu coração toda a vida de Jesus, que guardavas cuidadosamente, mas agora compreendes também o sentido de todas as coisas. Por isso, podemos pedir-te que nos ajudes a contemplar este mundo com um olhar mais sapiente. (cf. Encíclica Laudato Si, 241).
Dá-nos a capacidade de ver toda a criação como um excepcional cenário da história pensada por Deus. O sol, a lua e as estrelas iluminam o palco! Os animais de todas as espécies, o mistério da vida que pulula! Plantas, flores e frutos são a alimentação e ornamentação. Os mares e os rios completam as cenas. No final, o ser humano, homem e mulher. O coração da criação é a pessoa humana e, mais ainda, o ponto auge de toda a história, sua máxima expressão, é Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, que assumiu tudo o que é nosso, menos o pecado, para levar-nos com ele ao Paraíso.
Maria, Mãe e Rainha de toda a criação, Nossa Senhora de Nazaré e da Esperança, roga por nós, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
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