
por Luiz Nascimento / ASCOM do Círio da Conceição 2025
As apresentações e bênçãos aconteceram durante a Santa Missa na Catedral Metropolitana de Santarém, na noite deste domingo (26) de outubro, e foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano Dom Irineu Roman, CSJ, e concelebrada por padres da Arquidiocese.
Os símbolos, que expressam a fé e a devoção do povo santareno, foram revelados durante uma celebração marcada por emoção e espiritualidade. A apresentação representa um dos momentos mais aguardados da programação que antecede o Círio, fortalecendo os laços de devoção e preparando a Igreja Particular de Santarém para a grande festa em honra à Imaculada Conceição.
A CORDA
Desde o ano de 1919 já existia a corda no Círio, cuja função prática era puxar a Berlinda pelas ruas de Santarém, que, naquele tempo, não possuíam nenhum tipo de calçamento. Contudo, no ano de 1926, foi suprimido o uso da “corda” e da “berlinda”, devendo o povo conduzir a imagem de Nossa Senhora da Conceição em um andor, carregado sobre os ombros. O uso da corda retornou no ano de 1971, quando o Sr. Edenmar da Costa Machado recuperou este símbolo no Círio de Santarém.
Neste Círio de 2025, que chega à sua 107ª edição, a Diretoria da Festa adquiriu uma nova corda em seu modelo tradicional, com 300 metros de comprimento e 50 milímetros de diâmetro. Este símbolo representará, de forma significativa, a união e a devoção dos fiéis, ligados à Virgem Santíssima, Peregrina da Esperança.
O TERÇO
O Terço foi ofertado pela Família Aracati e Carneiro, em memória de Marta Carneiro da Silva, cujo testemunho de fé e devoção permanece vivo e inspira esta entrega solene. Produzido em São Paulo, o terço tem as contas das Ave-Marias em cristais de opalina branca e nas contas maiores do Pai-nosso esferas douradas. Uma cruz em estilo de filigrana cravejada de cristais e, unindo ao centro na “Salve Rainha”, um camafeu com vinte e oito micro opalinas que ladeiam a imagem da Imaculada Conceição.

VÉU E MANTO
O véu foi modelado em renda francesa branca e pérolas em gota como arremate e as mangas-braceletes em crepe azul com punho em três botões, representando a Santíssima Trindade.
O Manto é uma doação de Thiago Alexandre Carneiro da Silva Aracati e foi confeccionado em Brasília pelo artista Felipe Corrêa Branco e pela modista Maria Rita Sousa.
Neste ano jubilar, com o tema “Virgem Santíssima, Peregrina da Esperança”, o manto traz em destaque ao centro um brasão dourado com fundo em degradê de cristais azuis e um monograma mariano entrelaçado com uma âncora verde esmeralda encimada por uma cruz coroada, indicando que Maria é a firme esperança na fé em Cristo que reina sobre o mundo.
Arrematando o brasão na parte inferior, encontra-se um listel, uma faixa com a escrita em latim: “SPES NOSTRA, SALVE!”, correspondendo ao trecho da oração “Salve Rainha” que diz: “Esperança nossa, salve!”, na qual Nossa Senhora é aclamada a cada oração do santo terço ou rosário: Salve, ó nossa Esperança!
Quando tudo parecia perdido e todos estavam sem esperança no casamento em Caná da Galileia, a Virgem Mãe de Jesus intercedeu para que o primeiro milagre de Cristo acontecesse e a alegria do vinho novo trouxesse paz aos corações. Da mesma forma, na vida dos fiéis, a Causa da Alegria é a Santíssima Senhora, que intercede junto a seu Filho. Neste contexto, na orla inferior do manto, encontra-se a representação do milagre de Caná: seis talhas ricamente ornadas com cristais de strass e pedrarias, trazendo ao centro representações dos mistérios do santo terço nas quais Nossa Senhora aparece. As pinturas em óleo sobre tela são obras do frade capuchinho Frei Filipe Rocha de Lima, confeccionadas no Maranhão: A anunciação do Anjo, o Nascimento do Menino Jesus, o milagre das Bodas de Caná, a Crucifixão de Nosso Senhor, o Pentecostes e a Assunção gloriosa aos céus. Ornando as pinturas e enriquecendo as ânforas douradas, seis ametistas e doze crisopázios verdes. Pedras preciosas oriundas da Bahia e de Goiás, buriladas e castroadas em prata pura em Brasília, totalizando 130 quilates de ametista e 60 quilates de crisopázio. As ametistas simbolizam a realeza de Maria Santíssima, sua pureza e castidade, enquanto o crisoprásio é conhecido na simbologia medieval como a real pedra da esperança, pois seu nome vem do grego chrysos que significa “ouro”, e prasion, que significa “verde”. Além disso, é uma das doze pedras preciosas que adornam os fundamentos da muralha da Nova Jerusalém, conforme descrito no livro de Apocalipse 21, 19-20.
Entrelaçando as ânforas douradas, os arabescos verde-esmeralda, ricamente bordados com cristais e zircônias, conferem um brilho iridescente, simbolizando a esperança que a Virgem Maria oferece aos fiéis em Cristo Jesus, como fez em Caná.
Desses arabescos, flores de íris bordadas em cristais lilases e zircônias azuis fazem alusão ao verso cantado no Ofício da Imaculada Conceição: “Íris do céu clara”, sendo Maria o instrumento da reconciliação da humanidade com Deus por ter gerado Seu filho livre de qualquer mácula do pecado original, assim como simbolizou o arco-íris de Noé no Antigo Testamento, sinal de aliança e reconciliação em Deus, ela é a prefiguração desse símbolo no Novo Testamento, o arco de luz que liga o céu e a terra, por isso São Bernardino de Sena chamava a Imaculada de “íris da eterna paz”. Também em outro hino à Virgem Medianeira se canta: “És nosso íris em meio à procela”, isto é, em meio à tormenta, nos mares agitados desta vida, ela é o clarão, prenúncio de que a tempestade está para findar, a esperança de paz dos fiéis.
O doador é também devoto da Corda do Círio e se sente honrado em doar o manto que reveste a Padroeira de Santarém e, em homenagem a todos os demais cordeiros, uma corda autêntica rebordada de vidrilhos dourados foi usada como arremate desta belíssima peça.
O vermelho usado nas primeiras iconografias da Virgem Maria significa o divino, ou seja, a divindade de Deus que recobre como um manto a humanidade de Maria. Dessa forma, o forro na cor bordô representa o vinho novo que inunda todo o verso do manto, recobrindo a Imaculada com a Graça divina e com o Santo Espírito. Este, que santifica e fecunda Maria Santíssima para a concepção virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo, destino da peregrinação terrena dos fiéis e esperança de salvação.
A equipe de apoio, responsável pelos arremates e pela fotografia, contou com Daniel Anselmo e Luíza Branco.
Texto descritivo: Felipe Corrêa Branco
O Círio da Conceição deste ano destaca o tema “Virgem Santíssima, Peregrina da Esperança” e vai ocorrer no quarto domingo de novembro (23), com saída da Igreja de São Sebastião, seguindo seu tradicional trajeto até a Praça da Matriz.
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