Por Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá – PA.
O terceiro domingo do tempo comum coloca além da importância do estudo cuidadoso, pela busca de fontes, que Lucas fez na elaboração do seu evangelho, da Boa-nova do Reino de Deus sobre a pessoa de Jesus, a presença do Espírito Santo na missão do Senhor. Na Galileia, Jesus estava na sinagoga de modo que abrindo o livro encontrou a passagem onde estava escrito pelo profeta Isaias, que o Espírito do Senhor estava sobre ele. O Espírito que o impulsionou para ir ao deserto a enfrentar as tentações de Satanás das quais ele as venceu, o Espírito Santo que se manifestou na saída do rio Jordão, pelo batismo, este mesmo Espírito o impulsionou para a missão junto ao povo de Deus.
A força do Espírito Santo em Jesus.
Segundo São Lucas, Jesus tinha a força do Espírito que o movia para a evangelização, sobretudo com os mais carentes. Ele estava imerso pelo poder operador do Espírito Santo, e guiado por Ele, Jesus instruirá as pessoas, os povos. Em dia de sábado, Jesus fez a leitura da torah ou dos profetas concedendo-lhe também o seu comentário. As palavras do profeta Isaias se cumpriram no hoje, na sua pessoa, na instauração do Reino de Deus. Esta apresentação própria de Jesus foi conduzida pelo Espírito Santo, o Espírito de Deus que o ungiu como o profeta, que o fez anunciador de boas notícias aos pobres, deu uma alegria imensa para a libertação aos que estavam nos cárceres, prisioneiros, deu a luz aos cegos, e liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor (Lc 4,18-19). O Espírito de Deus conduziu Jesus à missão, para os outros, dando tudo de si mesmo, sendo a vida verdadeira[1]. A seguir vejamos como os padres da Igreja colocaram a presença do Espírito Santo na missão do Senhor.
O Espírito esteve em Jesus
Santo Ireneu de Lião, Bispo dos séculos II e III, teve presente que o Espírito Santo do qual o profeta falou esteve em Jesus para a evangelização junto aos pobres e a cura dos doentes. Ele repousou sobre ele, porque o ungiu (Is 22,1; 61,1; Lc 4,18). É aquele Espírito do qual o Senhor diz que não serão mais eles a falar, mas é o Espírito do Pai do qual fala neles, nos seus discípulos (Mt 10,20). Este Espírito desceu também no Filho de Deus, feito filho do homem, acostumando-se a habitar nas pessoas e a repousar entre elas, a habitar nas criaturas de Deus, realizando nelas a vontade do Pai e renovando-as do antigo ser humano para a nova vida em Cristo[2].
O Espírito ungiu a Cristo em vista da salvação humana.
São Cirilo de Jerusalém bispo do século IV afirmou pelo batismo as pessoas são revestidas de Cristo, semelhantes ao Filho de Deus. Os fieis são de Cristo desde que receberam o Espírito Santo. No batismo, o Espírito Santo desceu em pessoa sobre Jesus de modo que o semelhante permaneceu no semelhante.
O Espírito Santo ungiu o Senhor Jesus em vista da missão. O bispo de Jerusalém disse que o profeta Isaias disse em nome do Senhor que o Espírito do Senhor estava em Jesus Cristo, pois o ungiu, e o enviou para evangelizar os pobres. O Pai o ungiu com o Espírito Santo para ser o salvador do mundo inteiro[3].
O Espírito dá os dons divinos.
São Cirilo de Jerusalém ainda disse que o Espírito Santo dá os dons divinos, do qual ele é portador. O Espírito na medida e no modo idôneo para cada pessoa age de forma eficaz. Ele conhece a natureza de cada um, discernindo os pensamentos e a consciência, tudo quanto à pessoa fala ou pensa na mente. Ele volta o seu olhar sobre a Igreja local e sobre o universo para todos os povos, do qual não se tem muita notícia. Ele é o grande doador de graças, dando a misericórdia, o amor aos pobres, e outros dons para a evangelização.
O Espírito torna a pessoa livre para o serviço.
São Basílio, o grande, do século IV, afirmou que o Espírito Santo torna a alma livre para o serviço, para o amor verdadeiro e a lança para uma nova existência. Ele introduz a pessoa para a vida divina dando-lhes os dons da bondade, da justiça, da santidade, da vida verdadeira. A Escritura fala que o Espírito é bom (Sl 142,10); justo (Sl 50,12); e especifica-o como Santo Espírito (Sl 50,13). O Espírito não adquiriu nenhuma dessas qualidades, nem as recebeu como se as necessitasse, mas como o calor não está separado do fogo, nem a luz da lâmpada assim não pode separar-se do Espírito a santificação, a distribuição de dons na vida, a bondade, a justiça. Ele está na unidade da Trindade, de modo que ele santifica as pessoas.
São Basílio ainda disse que o Espírito preenche os anjos, os arcanjos, santifica as potestades, vivifica tudo. Como ele doa os seus dons, ele não fica diminuído, e doando toda a sua graça, não se exaure naqueles que ele santifica não sendo diminuído na qual ele concede a graça, permanecendo intato e sem divisões. Ele dá os dons tornando as pessoas melhores para a missão e à evangelização.
A presença do Espírito no sacerdócio comum.
São Leão Magno, papa, século V afirmou que na Igreja existem os graus diversos através o sacerdócio ministerial e o comum dos fieis. No entanto tudo tem sentido pela unidade em Cristo Jesus (1 Cor 12,13). Todas as pessoas que foram regeneradas no Senhor pelo sinal da cruz, os torna reis e a unção pelo Espírito Santo os consagra sacerdotes. Todas as pessoas que são cristãs no espírito participam do serviço sacerdotal, de modo que são convidadas a oferecer a Deus coisas agradáveis para o bem de todas em vista da salvação humana, dom de Deus para as pessoas[7].
O Espírito de Deus, o Espírito Santo esteve em Jesus para a missão de evangelização e para a salvação da humanidade, em unidade com o Pai. Pela presença do Espírito, Jesus cumpriu a vontade do Pai, doando a sua vida por cada um de nós. Hoje, o Espírito Santo nos impulsiona à missão de sermos discípulos e missionários em saída, como pede o Papa Francisco para toda a Igreja. Guiados pelo Espírito realizamos muitas coisas a serviço da missão na qual o Senhor assumiu em comunhão com o Pai.