por ASCOM / Arquidiocese de Santarém
O projeto FarmaFittos continua ampliando suas ações, e uma delas é a parceria com o Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac) do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), através do projeto Raízes Fortalecidas. Marcando esta parceria, na terça-feira, 21, na sede da Promotoria de Justiça de Santarém, ocorreu um encontro que abordou a necessidade de implantação de um banco de Germoplasma em Santarém, e também foi enfatizado a importância dos medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais e a existência de uma Farmácia Viva no município. Além disso, ainda houve o plantio de mudas da planta unha de gato (Uncaria tomentosa) no Espaço Laudato SI e na Fazenda Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Ao todo, foram plantadas 130 mudas.
A reunião contou com a presença de representantes do poder legislativo e executivo dos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra.
A Arquidiocese de Santarém, através da Cáritas Arquidiocesana, é uma das parcerias da Ufopa na FarmaFittos, juntamente com o MPPA e a Custódia Franciscana São Benedito da Amazônia.
O banco de Germoplasma preserva o material genético de plantas, microrganismos e espécies de animais. No caso de banco em Santarém, é para preservar a unha de gato que corre risco de extinção. Ela é considerada um excelente anti-inflamatório. O coordenador da FarmaFittos, professor Wilson Sabino, enfatizou que o banco de Germoplasma é realizado em parceria com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), e segundo ele, há quatro tipos de bancos, sendo que nesta parceria a atuação será em dois tipos: “Um banco in vitro, que já está acontecendo no projeto Maniva Tapajós, onde a replicação da Uncaria, conhecida como unha de gato, vem sendo reproduzida porque é uma espécie que está em ameaça de extinção”.
“Estamos avançando para outro tipo de banco de germoplasma que denominamos de in vivo, é quando pegamos as mudas e levamos ao campo para poderem ser adaptadas a este local e possamos ter guardadas para futuras gerações”, afirmou o professor Sabino. Foram plantadas 100 mudas na Fazenda da Ufopa e 30 mudas no Espaço Laudato Si.
A professora dra. Ana Maria Soares Pereira, pesquisadora do Departamento de Biotecnologia Vegetal da UNAERP, abordou a sua preocupação quanto a ameaça de extinção da Uncaria tomentosa, e enfatizou a importância de haver uma Farmácia Viva. “A Farmácia Viva recebe uma chancela da Anvisa para a distribuição de medicamentos. Se o médico soube prescrever, e o paciente vai melhorar”, assegurou.
Está tramitando no poder legislativo o Projeto de Lei n.º 3789/2023, de autoria da vereadora Alba Leal, que visa instituir o Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e criar a ‘Farmácia Viva’ no município de Santarém. A vereadora Alba Leal esteve na reunião no MPPA. “A nossa Amazônia é muito rica em várias espécies de plantas medicinais, então existe aquela cultura que não podemos abandonar, e o alto custo de outros medicamentos no âmbito do município, da gestão municipal, pode ser diminuída com a implantação desse programa que é de muita importância e de alta eficácia aqui em nosso município de Santarém. Existe esta luta na Câmara Municipal. Existiu a manifestação do jurídico pela inconstitucionalidade, mas é necessário que se leia o corpo do projeto, a importância do projeto e a importância do uso do medicamento fitoterápico em nosso município. Nós vamos continuar essa nossa luta”, garantiu.
A promotora de justiça Lilian Braga, coordenadora do Nierac, salientou a necessidade de realização deste encontro no MPPA: “Esse momento de reunir com vereadores, com representantes do poder executivo, é exatamente para sensibilizar este público da necessidade de desenvolver uma política de saúde pública baseada a partir das plantas medicinais e dos fitoterápicos. E enxergar os recursos que estão disponíveis pelo Ministério da Saúde e como isso pode ser bem distribuído para a nossa população ter acesso a medicamentos que sejam eficazes para as suas patologias”.
Sobre o projeto FarmaFittos, o coordenador das Pastorais Socioambientais Arquidiocesana, Frei João Messias, enfatizou que esta iniciativa é um resgate da identidade amazônida. “São homens e mulheres da floresta do qual a gente vê ao longo do tempo, enquanto igreja, trabalhando enquanto franciscano, nossa identidade na integridade da criação. Somos integrados homem e mata, homem e terra, homem e água. Somos resultados de tudo isso. O que estamos vivendo é ultimamente a agressão a um desses elementos, e nós sofremos com isso tudo. E aí a gente traz um projeto que fala de resgate. Não estamos inventando, estamos indo à fonte, indo no poço do qual a gente tem uma saúde orgânica, integrada e não química dependente”, esclareceu.
O projeto FarmaFittos é resultado de uma parceria da Ufopa com a Arquidiocese de Santarém, através da Cáritas, e as Irmãs Franciscanas de Maristella. No período da pandemia da covid-19, a Cáritas e as Irmãs procuram a universidade, pois haviam identificado que várias pessoas estavam com problemas de insônia e ansiedade em decorrência do período pandêmico. Com isso, via recursos que vieram da Alemanha, foram produzidos medicamentos fitoterápicos da Passiflora ssp. A partir daí os trabalhos foram crescendo, sendo criada posteriormente a FarmaFittos.