O Arcebispo de Santarém, Dom Irineu Roman, esteve nesta quarta-feira, 16, no Núcleo Tecnológico de Bioativos da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) para a entrega dos primeiros frascos dos medicamentos fitoterápicos produzidos pela FarmaUfopa, resultado de uma parceria entre a Universidade, a Arquidiocese de Santarém, através da Cáritas Arquidiocesana, e as Irmãs Franciscanas de Maristella.
Também estiveram presentes a irmã Maria das Graças, Franciscana de Maristella; a coordenadora do Setor de Projetos da Arquidiocese, Francely Brandão (que esteve coordenando a Cáritas de Santarém quando o projeto foi idealizado); e o professor Dr. Wilson Sabino, Diretor do Instituto de Saúde Coletiva (ISCO) da Ufopa.
Os fitoterápicos são destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que começaram a apresentar problemas de saúde mental, como insônia e ansiedade leve durante a pandemia da covid-19. A meta inicial é atender as comunidades do Tiningú, na região do Planalto; Arapixuna, no Rio Amazonas; São Pedro, no Arapiuns; Surucuá e Parauá, no Tapajós; e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) Floresta e Amparo, na área urbana de Santarém. O processo é feito em parceria com o Sistema Único de Saúde do município de Santarém. A dispensação gratuita dos medicamentos aos usuários deve ser feita por meio de acompanhamento dos profissionais farmacêuticos residentes que atuam nessas UBS.
A professora Saíde Maria dos Santos tem apresentado problemas de ansiedade, e é uma das primeiras beneficiadas com este projeto. Ela teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e precisou passar por uma cirurgia, o que a impossibilitou de continuar trabalhando por conta do tratamento. “A expectativa [desse projeto] é que seja um sucesso. A gente depende desses remédios, principalmente esses naturais”, destacou.
O Arcebispo de Santarém, Dom Irineu Roman, expressa satisfação por esta parceria. “Nós, como entidade religiosa, poder fazer uma parceria a nível científico é algo fundamental, porque a universidade trabalha através da ciência, com a aprovação federal, dos órgãos competentes da Anvisa, para a produção desses remédios que atendem casos leves de ansiedade, questões de angústia, de tristeza, tudo aquilo que a pandemia provocou no meio da nossa sociedade, principalmente junto às pessoas mais vulneráveis, mais pobres, que sentiram mais essa situação”, ressaltou ao lembrar também da importância das irmãs de Maristella neste acordo de cooperação.
Recursos
Os recursos para a fabricação dos medicamentos vieram da Missionszentrale der Fransizkaner, entidade central dos Franciscanos na Alemanha, a partir de um projeto enviado pela Cáritas Arquidiocesana e Irmãs Franciscanas de Maristella. Foi destinado um valor de 15 mil euros.
A irmã Maria das Graças relatou como surgiu a ideia para este projeto de medicamentos fitoterápicos. Segundo ela, numa ação social de arrecadação e distribuição de cestas básicas, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana (Campanha de Combate à Fome), para famílias em situação de vulnerabilidade social, foi constatado que além da fome, as pessoas também apresentavam problemas de saúde mental. “Ficamos muito preocupadas diante da realidade. Como já conhecíamos o professor Wilson e todo o seu trabalho, e dessa farmácia, nós conversamos para averiguarmos o que fazer. Como a nossa casa geral é na Alemanha, enviamos uma carta. Fizemos um projeto e em menos de um mês recebemos o retorno”, relatou a irmã que demonstrou uma imensa alegria ao ver o resultado com a entrega dos primeiros medicamentos.
Produção dos medicamentos
De acordo com o professor Dr. Wilson Sabino, a farmácia está apta a produzir mil frascos, com 60 cápsulas cada. “Mas temos uma quantidade de passiflora que podemos atender 5.500 tratamentos. Eu falo sobre tratamentos, porque uma pessoa pode precisar de um, ou dois, ou três tratamentos. Fazendo um cálculo, nós podemos chegar a 5 mil pessoas atendidas com o que nós temos aqui hoje”, explicou.
Os medicamentos são feitos das folhas do fruto Maracujá (a espécie Passiflora spp), por haver estudos científicos que comprovam o uso desta planta para aliviar os sintomas de ansiedade e insônia leve.
O acordo de cooperação técnica para implementação do projeto “Promoção da Saúde Mental em Momentos de Pandemia” foi firmado em 02 de julho de 2021, mas somente em julho deste ano que a FarmaUfopa obteve a licença sanitária municipal necessária para a manipulação de medicamentos, reconhecida dentro do modelo de Farmácia Viva, previsto pela Resolução RDC nº. 18, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Texto/Imagem: Ascom da Arquidiocese de Santarém