Dom Antonio de Assis Ribeiro, SDB
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deste ano vai acontecer em Lisboa de 01-06 de agosto. Milhões de jovens de diversas religiões, mas sobretudo católicos, estarão reunidos durante uma semana numa confraternização mundial, renovando a esperança de um mundo melhor. Dentre as muitas atividades, estão as catequeses, celebrações e os encontros com o Papa Francisco.

O tema da JMJ deste ano é “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). Trata-se de um tema muito significativo e inspirador para as juventudes. Maria é apresentada aos jovens como modelo de fé caritativa, dinâmica, solidária, aberta às necessidades alheias. Logo após dizer sim ao anjo Gabriel, narra o Evangelista Lucas: “Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1,39). Essa cidade, se chamava Ain Karin, e estava distante mais ou menos 150 kms de Nazaré onde Maria morava. Imaginemos o coração aberto, a coragem, o espírito de sacrifício e a disponibilidade da jovem Maria. O bem nos custa!

Maria, grávida do Salvador, não se conteve em simplesmente orar por Isabel sua prima que era idosa e estava grávida. Era a mãe do profeta João Batista. Naturalmente nos deixando interpelar pela narração somos convidados a questionar sobre o porquê da pressa de Maria. O contexto nos dá várias possíveis respostas.

Maria tem pressa porque sabia da urgência das necessidades de sua prima, idosa e gestante; Isabel não telefona e nem manda uma mensagem pelo WhatsApp para Maria. Quando somos sensíveis, o outro não precisa pedir, nem implorar, muito menos bajular para ser ajudado. Nunca esqueçamos a parábola do Rico e Lázaro (cf. Lc 16,19-31). Maria tem pressa porque quer lhe comunicar sua grande alegria de ter sido escolhida para ser a mãe do Messias e já o carregava em seu ventre! De fato, em seu cântico, há uma explosão de louvor e alegria! Maria vai ao encontro de Isabel porque quem tem fé não fica parado diante das necessidades dos outros. Onde está o amor de Deus ali há abertura, inquietude, solidariedade, partilha. Por isso, diz São João: “Se alguém possui os bens deste mundo e, vendo o seu irmão em necessidade, fecha-lhe o coração, como pode o amor de Deus permanecer nele? Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e de verdade” (1Jo 3,17-18).

Com esse tema da JMJ o Papa Francisco quer estimular os jovens a serem protagonistas de uma fé cristã autêntica que, movida pela esperança e a Caridade, transforma-se em compromissos de promoção da cultura da solidariedade e do cuidado. Com a atitude de levantar-se e sair apressadamente indo ao encontro do necessitado, Maria se torna referência e modelo da autenticidade do dinamismo da vida do discípulo de Jesus Cristo. Quem busca a salvação deve treinar-se na experiência da Solidariedade. Maria, não deu coisas, mas se doou a Isabel! Não adianta alguém dar coisas para os outros, se evita o relacionamento com as pessoas. Pessoas enriquecem pessoas, pessoas confortam pessoas, pessoas amam as pessoas!

Num mundo tentado pelas idolatrias, indiferença e fechamento, o Papa Francisco estimula os jovens a saírem de toda forma de esconderijo, vazio, anonimato, egoísmo, intimismo religioso, múltiplas formas de drogadição para sentirem a alegria do estar juntos, da amizade e solidariedade. Olhando para Maria, os jovens são chamados a sair de toda e qualquer espécie de comodismo, paralisia, anestesia, estacionamento existencial que não os deixa caminhar, tomar decisões, servir e viver com liberdade.