CNBB Nacional

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está reunido nesta quarta-feira, 16 de junho, para mais uma reunião ordinária. O encontro, que ocorre virtualmente, segue até amanhã, 17. No início do encontro, na manhã de hoje, o núncio apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro, dirigiu uma palavra aos bispos a partir do contexto social e eclesial da atualidade, com forte polarização. Dom Giambatistta fez um convite: “vivamos nossa vocação como filhos de Deus e como operadores de paz”.

Dom Diquattro iniciou falando do sentimento de “proximidade e participação do Santo Padre Francisco com o drama que estamos vivendo nesses dias no Brasil”. Da parte do Papa, o encorajamento para continuar dando testemunho de Cristo e do Evangelho.

“O prolongar-se da pandemia em todo o mundo e o reacender de contágios em territórios que antes era quase isentos, segundo o núncio, aumenta a sensação de insegurança e instabilidade,  o que é confirmado pelas consequências sociais e econômicas muito dolorosas e, muitas vezes, desastrosas”, observou.

 

Polarização

Olhando para o contexto sociopolítico da América Latina, dom Giambatistta falou sobre a polarização no Brasil, que “se tornou um risco não só para a democracia do país, mas também para a sua capacidade de lidar com seus desafios políticos mais urgentes, como a pandemia do coronavírus”. Mesmo sem querer focar nos aspectos sociopolíticos, o núncio apostólico quis refletir sobre o fato de que “o risco da polarização é um desafio global experimentado em cada país com suas próprias características e, portanto, também no Brasil esse risco se apresenta com possíveis consequências prejudiciais”.

Lembrando das vítimas da pandemia e do sofrimento das pessoas, “uma angústia que tira o sono e reaviva o afeto e a solidariedade”, dom Giambatistta falou da busca por paz e bem estar. Para isso, há um caminho que “se realiza em colaboração, em fraternidade, para encontrar a vacina do corpo, do coração e da alma”. É através do diálogo, segundo o embaixador da Santa Sé, que a humanidade busca superar qualquer polarização, “que fere o coração da humanidade e compromete seu futuro”.

“Colaboração e diálogo, que significam respeito e reconhecimento das diferenças e busca conjunta do bem comum. Todos nós compartilhamos o amor pelo Brasil, pelo nosso povo, todos temos no coração o futuro do Brasil. É o desejo de paz que distingue o povo. Todos nós temos em comum a fé em Deus e a vontade de defender a dignidade da pessoa humana, que encarna a face de Deus. É precisamente isso que nos une e nos impulsiona a sermos não apenas promotores do diálogo, mas artífices do diálogo, vivendo uma autêntica cultura do encontro, conscientes de que o Pentecostes da humanidade prevalece sempre sobre o conflito e a polarização”, ressaltou.

Operadores de paz

O convite de dom Giambatistta é que “não nos aprisionemos em padrões e circunstancia conflitivas, mas vivamos nossa vocação como filhos de Deus e como operadores de paz”. Na profundidade de todo diálogo sincero, pontou, há reconhecimento, respeito, amor pelo outro. “Acima de tudo, há o heroísmo do perdão e da misericórdia que nos liberta do ressentimento e do ódio e nos abre um caminho verdadeiramente novo. É um caminho longo e difícil, que requer paciência e coragem, mas é o único que pode levar à paz e à justiça. Para o bem do Brasil e para o futuro de todos os brasileiros, devemos promover essa consciência, treinar nessa academia e viver com essa coragem”, disse.

 

Temas da reunião

Após a intervenção do núncio apostólico, a reunião do Conselho Permanente seguiu com a Análise de conjuntura social, apresentada pelo bispo de Carolina (MA), dom Francisco Lima.

Na sequência, a nova diretoria da Associação Nacional de Educação Católica (Anec) apresentou-se aos bispos. A entidade teve um encontro com a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB e levou ao Conselho Permanente informações sobre sua atuação institucional na defesa de educação de excelência e na incidência política, institucional e internacional. Houve um pedido para unir forças em iniciativas comuns. A Anec foi representada pelo presidente, padre João Batista Gomes; pela presidente do Conselho Superior, irmã Irani Rupolo; e o secretário, Guinartt Diniz.

Alguns bispos aproveitaram o contato com a diretoria da associação para ressaltar o trabalho realizado pelas escolas católicas em todo o Brasil. São mais de 1,5 milhão de alunos no país.

Ainda durante a manhã, o bispo de Tubarão (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom João Francisco Salm, apresentou a avaliação da 58ª Assembleia Geral da CNBB. A equipe responsável pelo processo, composta por dom Salm, dom Gilson Andrade, padre Dirceu Oliveira e irmã Valéria Leal, compilou as avaliações e sugestões referentes à Assembleia Geral da CNBB realizada, pela primeira vez, de forma on-line.

Dom Salm explicou a metodologia e os itens avaliados. Foram 254 respostas, das quais 95% consideraram a assembleia com conceitos “ótimo e bom”. Alguns itens não alcançaram este nível de aprovação. Por meio do método de medição NPS, a assembleia atingiu 72 pontos, o que significa que o evento teve qualidade, mas pode melhorar.

A partir das caixas de texto contidas no formulário de avaliação, dom Salm destacou os agradecimentos, os elogios, e também as desaprovações, críticas e sugestões.

Outro tema da reunião foi a apresentação do informe econômico da CNBB, apresentado pelo ecônomo, monsenhor Nereudo Freire Henrique, que também abordou a atuação da equipe de gestão na sede da entidade.

 

Encontro de Parlamentares

A partir de uma indicação da 5ª Conferência do Episcopado Latino Americano e do Caribe, em 2007, o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam) incentiva a realização de encontro com parlamentares católicos. Em âmbito continental, houve uma primeira reunião em Bogotá, na Colômbia, no ano de 2017, e a segunda, no Paraguai, em 2019. Aqui no Brasil, ocorrerá pela primeira vez nos dias 16 e 17 de setembro, de forma virtual.

O Encontro de Parlamentares Católicos a Serviço do Povo Brasileiro terá representação de lideranças políticas dos vários níveis do Poder Legislativo e todas as regiões do país. Busca-se também a pluralidade partidária. O assessor político da CNBB, padre Paulo Renato Campos, apresentou a programação preparada para o evento e ressaltou o pedido para Comissões, organismos e regionais enviarem suas contribuições para o encontro.

 

Pastoral Carcerária

O último tema da manhã foi um pedido de apoio da Pastoral Carcerária, após a decisão do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que propôs substituir as visitas religiosas aos cárceres por “sistemas fechados de áudio na forma de rádios ecumênicas”. A Pastoral Carcerária iniciou uma proposta de recolhimento de assinaturas numa carta aberta, que deve receber apoio dos bispos. A decisão do órgão é considerada uma lesa ao direito de assistência religiosa e também pode comprometer o que está estabelecido no Acordo Brasil-Santa Sé.

“A assistência da Pastoral Carcerária é bem especifica, além de ser esse encontro pessoal é também essa voz daqueles que estão nos cárceres”, pontou o bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora, dom José Valdeci Santos Mendes, que pediu atenção à temática como Igreja.

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que levará o tema para o Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário.

Para ler a carta na íntegra e assinar, acesse o link: