por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos Vatican News

Nesta manhã (20/10), papa Leão XIV recebeu na Sala Paulo VI, os peregrinos que foram a Roma para as canonizações celebradas no domingo. O Pontífice exortou os fiéis a se inspirarem em suas vidas de dedicação e fé inabalável. Em seu discurso, o Papa destacou a importância da fé, da esperança e da caridade, convidando todos a seguir o exemplo dos novos santos em suas vidas diárias “Os novos santos são sinais luminosos de esperança”, afirmou.

O Papa Leão XIV enfatizou que os novos santos – incluindo o bispo mártir Inácio Maloyan, o catequista Pedro To Rot, a missionária Maria Troncatti e a fundadora Vincenza Maria Poloni – são exemplos luminosos de como viver uma vida de serviço e amor a Deus e ao próximo. Ele ressaltou que suas vidas, marcadas por sacrifícios e dedicação, demonstram que a santidade é acessível a todos, independentemente de sua origem ou vocação.

Em seu discurso, o Papa também destacou a importância da oração e da devoção mariana. Ele encorajou os fiéis a rezarem o Rosário, contemplando os mistérios de Cristo com o olhar de Maria, para assimilar o Evangelho e aprender a praticá-lo em suas vidas. O Papa enfatizou que a oração é um meio poderoso de fortalecer a fé e de se aproximar de Deus.

O Papa Leão XIV também falou sobre a importância da caridade e do serviço aos mais necessitados. Ele destacou o exemplo de Bartolo Longo, que dedicou sua vida a obras de misericórdia corporais e espirituais, promovendo a fé em Cristo e o amor a Maria por meio da caridade para com os órfãos, os pobres e os desesperados. O Papa incentivou os fiéis a seguirem o exemplo de Longo, servindo aos mais necessitados com amor e compaixão.

Ao concluir seu discurso, o Papa Leão XIV expressou seu desejo de que os fiéis retornem às suas terras com o coração cheio de gratidão e com o ardente desejo de imitar os novos santos. Ele invocou a intercessão dos santos e pediu que seu exemplo inspire a todos a viver uma vida de fé, esperança e caridade. O Papa concluiu concedendo a todos os presentes a bênção apostólica.

Abaixo o discurso na integra

 

DISCURSO DO PAPA LEÃO XIV
AOS PEREGRINOS REUNIDOS PARA AS CANONIZAÇÕES

Paolo VI
Lunedì, 20 ottobre 2025

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A paz esteja convosco!

Caros irmãos e irmãs,

Estou contente de encontrar-vos no dia seguinte à canonização dos sete novos Santos aos quais estais, por vários motivos, muito ligados. Saúdo cada um de vós, em particular os Cardeais, os Bispos, as Superioras religiosas e as Autoridades civis aqui presentes. O evento jubiloso e solene que celebrámos ontem recorda-nos que a comunhão da Igreja envolve todos os fiéis, no espaço e no tempo, em cada língua e cultura, unindo-nos como povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo.

Os homens e as mulheres que ontem proclamamos santos são para todos nós sinais luminosos de esperança, porque ofereceram a própria vida no amor de Cristo e dos irmãos.

Compartilhamos todos da alegria do amado povo armênio ao contemplarmos a santidade do martirizado Bispo Inácio Maloyan. Ele foi um pastor segundo o coração de Cristo e, em tempos de grandes dificuldades, não abandonou seu rebanho, mas os encorajou a fim de fortalecer sua fé. Quando lhe pediram para renunciar à sua fé em troca da liberdade, ele não hesitou em escolher seu Senhor, a ponto de derramar seu próprio sangue por Deus. Isso me faz pensar com carinho no povo armênio, que talha a cruz nas pedras como um sinal de sua fé firme e sólida como uma rocha. Que a intercessão do novo Santo renove o fervor dos crentes e traga frutos de reconciliação e paz para todos.

Podemos ver a profunda fé do povo de Papua Nova Guiné refletida em São Pedro To Rot, que nos oferece um exemplo inspirador de firmeza e fortaleza ao pregar as verdades do Evangelho quando confrontado por dificuldades e desafios, até mesmo ameaças às nossas vidas. Embora fosse um catequista comum, ele mostrou uma coragem extraordinária ao arriscar sua vida para realizar seu apostolado em segredo, porque seu trabalho pastoral foi proibido pelas forças de ocupação durante a Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, quando essas autoridades permitiram a prática da poligamia, São Pedro To Rot defendeu firmemente a santidade do matrimônio e até confrontou algumas pessoas poderosas. Ouçamos suas palavras diante da hostilidade: “Este é um momento muito difícil para nós e estamos todos com medo. Mas Deus, nosso Pai, está conosco e cuidando de nós. Devemos orar e pedir que Ele permaneça sempre conosco”. Caros irmãos e irmãs, que o exemplo de São Pedro To Rot nos encoraje a defender as verdades da fé, mesmo ao custo de sacrifício pessoal, e a confiar sempre em Deus em nossas provações.

Queridos irmãos e irmãs: os bispos da Venezuela publicaram no dia 7 de outubro uma carta por ocasião do feliz acontecimento de ver nos altares dois filhos de sua amada terra: São José Gregorio Hernández e Santa Carmen Rendiles, pedindo ao Senhor que este seja um forte estímulo para que todos os venezuelanos se congreguem e saibam reconhecer-se como filhos e irmãos de uma mesma Pátria, refletindo assim sobre o presente e o futuro, à luz das virtudes que estes santos viveram de maneira heroica.

Caberia perguntar-se, quais são essas virtudes que devem motivar-nos? Certamente a fé. Deus estava presente em suas vidas e as transformava, fazendo da simples existência de uma pessoa normal, como qualquer um de nós, uma lâmpada que no cotidiano iluminava a todos com uma luz nova. Sem dúvida também a virtude da esperança: se Deus é nossa recompensa eterna, nossos trabalhos e nossas lutas não podem finalizar-se em metas que além de indignas e degradantes, são efêmeras. Finalmente, a caridade, que nasce de acolher e compartilhar o dom recebido; que nos faz encontrar o verdadeiro sentido de uma vida e nos pede que a construamos por meio do serviço, seja aos enfermos, aos pobres, aos mais pequenos.

Agora, como a reflexão sobre estas virtudes pode nos ajudar no momento atual? Pode fazê-lo se, ao olhar para estas duas grandes figuras, vemos nelas sobretudo pessoas muito semelhantes a nós, que viveram enfrentando problemáticas que não nos são estranhas, e que nós mesmos podemos enfrentar como eles o fizeram, seguindo seu exemplo. Por outro lado, assumindo que quem vive ao meu lado — como eu, como eles — está chamado à mesma santidade, e por isso devo vê-lo, antes de tudo, como um irmão a quem respeitar e a quem amar, compartilhando o caminho da existência, sustentando-nos nas dificuldades e construindo juntos o reino de Deus com alegria.

Deveríamos nos perguntar: quais são essas virtudes que devem nos motivar? Certamente a fé. Deus estava presente em suas vidas e as transformava, fazendo da simples existência de uma pessoa comum, como qualquer um de nós, uma luz que na vida cotidiana iluminava a todos com uma luz nova. Depois, sem dúvida, a virtude da esperança: se Deus é nossa recompensa eterna, nossos trabalhos e nossas lutas não podem terminar em objetivos que, além de indignos e degradantes, são efêmeros. Finalmente, a caridade, que nasce do acolher e do compartilhar o dom recebido, que nos faz descobrir o verdadeiro sentido de uma vida e nos pede para construí-la por meio do serviço aos doentes, aos pobres, aos mais pequenos.

Ora, como a reflexão sobre estas virtudes pode nos ajudar no momento presente? Pode fazê-lo se, ao olhar para estas duas grandes figuras, vemos nelas sobretudo pessoas muito semelhantes a nós, que viveram enfrentando problemáticas que não nos são estranhas, e que nós mesmos podemos enfrentar como eles o fizeram, seguindo seu exemplo. E, além disso, considerando que quem vive ao meu lado – como eu, como eles – é chamado à mesma santidade, e que devo, portanto, vê-lo, antes de tudo, como um irmão a ser respeitado e amado, compartilhando o caminho da existência, apoiando-nos nas dificuldades e construindo juntos o reino de Deus com alegria.

Louvamos também o Senhor pela Irmã Maria Troncatti, santa salesiana que dedicou a vida ao serviço das populações indígenas do Equador. Unindo competência médica e paixão por Cristo, esta generosa missionária curou os membros e os corações de quantos assistia com o amor e a força que hauria da fé e da oração. A sua obra, verdadeiramente incansável, é para nós exemplo de uma caridade que não se rende nas dificuldades, transformando-as antes em ocasiões para um dom gratuito e total de si.

Na sua providência, Deus doou à Igreja a Irmã Vincenza Maria Poloni, fundadora das Irmãs da Misericórdia. O seu carisma testemunha a compaixão de Jesus para com os enfermos e os marginalizados. Alimentando o compromisso social com uma profunda espiritualidade eucarística e com a devoção mariana, Santa Vincenza encoraja-nos a perseverar no serviço quotidiano aos mais frágeis: é precisamente ali que floresce a santidade de vida!

Esta transformação, que a graça de Deus opera no coração, encontra em Bartolo Longo um exemplo de particular intensidade. Convertido de uma vida distante de Deus, ele dedicou cada energia a obras de misericórdia corporal e espiritual, promovendo a fé em Cristo e o afeto por Maria mediante a caridade para com os órfãos, os pobres, os desesperados. Reconhecente ao seu fundador, o Santuário de Pompeia guarde e difunda o fervor de São Bartolo, apóstolo do Rosário: de coração recomendo esta oração a todos, aos sacerdotes, aos religiosos, às famílias, aos jovens. Contemplando os mistérios de Cristo com o olhar de Maria, dia após dia assimilamos o Evangelho e aprendemos a praticá-lo.

Caríssimos peregrinos, desejo-vos que volteis às vossas terras com o coração cheio de gratidão e com o ardente desejo de imitar os novos santos. A sua intercessão vos acompanhe e o seu exemplo vos inspire. Com afeto, concedo a todos vós a bênção apostólica”.

 

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