“Repensar o turismo com olhos de Esperança” O Dia Mundial do Turismo neste 27 de setembro, comemora a importância da atividade ou séries de atividades envolvidas no que é conhecido como o turismo. O turismo permite a recriação do ser humano através de viagens e excursões para outros lugares do que seu ambiente natural. O principal objetivo deste dia é a divulgação e a sensibilização do público em geral sobre o valor que gera o turismo, em termos de aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos e Religiosos. Quem rege as temáticas para esta comemoração do ponto de vista civil é a Organização das Nações Unidas para o Turismo Mundial (OMT, na sigla inglês).

Na Igreja está a cargo do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral. Desde o ano de 2021, no pós-pandemia, a ONU, lembrou da retomada do turismo com segurança, por meio de um “crescimento inclusivo”, destacando os impactos da Pandemia no setor e o seu papel de protagonismo em vista da recuperação e crescimento. Um fator negativo é a mudança climática, daí a importância do desenvolvimento sustentável e inclusivo. O Secretário Geral da ONU Antonio Guteres, argumentava na ocasião,sobre a necessidade de “repensar, transformar e recomeçar o turismo com segurança, pois é um setor que cria empregos e ajuda a construir sociedades resilientes, inclusivas e sustentáveis”.

O Secretário da ONU manifestou-se na oportunidade sobre a necessidade de mais investimentos no “turismo verde”, no sentido de que isso leve à neutralidade do carbono. Sob o lema “Repensar o turismo”, o dia Mundial deste ano vai centrar-se em repensar o setor. Devido à Pandemia e as guerras, constitui-se um momento privilegiado para repensar os fundamentos éticos, os valores e o sentido mais profundo desta atividade humana. No contexto atual, gostaríamos de sublinhar que o turismo é uma verdadeira “indústria de paz”; já que permite o contato e a convivência entre pessoas de diferentes culturas, religiões, etnias e, permite também a aquisição de conhecimentos do outro e do diferente.

Esses fatores reduzem e eliminam a discriminação entre as pessoas e os povos. É por isso que o setor turístico, respondendo aos desafios atuais da humanidade, se vê obrigado a reinventar-se e a repensar-se. Isto significa acolher e integrar os mais pobres e vulneráveis ao corpo da sociedade e ao mundo do trabalho, num espírito de solidariedade e protagonismo. Vemos positivamente uma renovada atenção ao fator “religioso” como motor e motivação de um turismo que enriquece com seu próprio patrimônio cultural. Muitos turistas são buscadores do rosto de Deus, que necessitam experimentar e abrir-se à dimensão sobrenatural.

Nessa perspectiva é preciso pôr em prática uma “nova pastoral do turismo”, que fundamenta sua ação em conexão e disponibilidade para o cuidado integral da pessoa humana. (cf. Mensagem do CEMI – Comisión Episcopal de la Pastoral de Migrantes e Itinerantes – www.cemi.org.ar San Luis 3341 (C1186ACM) – secretario@cemi.org.ar). A Pastoral do Turismo (PASTUR), está em processo de desenvolvimento e crescimento constante no Brasil por meio de sua organização nacional e na base. Nos dias 22 a 25 de setembro realizou-se na Cidade de Santa Cruz, na Arquidiocese de Natal, Rio Grande do Norte, o 7º Encontro Nacional da Pastoral do Turismo com o estudo do tema principal da Mobilidade Humana.

O encontro foi marcado por palestras, trabalhos em grupos, trocas de experiências e momentos fraternos de união entre os participantes. Um dos temas prioritários foi a Mística da Mobilidade e a Dimensão Profética da Pastoral do Turismo. Também foram apontados caminhos de ação para o futuro da pastoral, que busca alinhar práticas cotidianas nas dioceses, paróquias e santuários a partir da própria identidade. O 7º Encontro Nacional encerrou com um propósito de ação: “Foi criado um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar um projeto de acolhida aos inviabilizados do mundo do turismo que terá como título “Cheguei de viagem, dá-me de beber”.

Assim, o Dia Mundial do Turismo levanta algumas questões: para onde vai o turismo? para onde queremos ir? e como vamos chegar lá? E ainda: – Como acolher os Migrantes e Itinerantes que se deslocam em muitos lugares, por motivos forçados, devido às guerras ou por causa do emprego e da fome? O lema: “Repensar o Turismo” refletirá essas e outras questões e nos ajudará a inspirar debates sobre como repensar o turismo em suas várias dimensões, em vista da dignidade humana, incluindo educação e emprego, bem como seu impacto no planeta e oportunidades de crescimento de forma sustentável.

Para concluir nossa Mensagem citamos as palavras do Papa Francisco: “É necessário apostar numa abordagem inclusiva do turismo e resistir às tentações do individualismo e do nacionalismo, demasiado frequentes na sociedade contemporânea. Só assim podemos evitar a “variante” do vírus que se espalha quando promovemos uma economia doente que permite que poucos muito ricos possuam mais do que o resto da humanidade, e quando os modelos de produção e consumo destroem o planeta” (Mensagem de Francisco, 2021).

Santarém – PA, 27 de setembro de 2022

Dom Irineu Roman,CSJ Arcebispo de Santarém – PA  e Bispo Referencial da Pastoral do Turismo

 

Mensagem na integra:MENSAGEM PARA O DIA MUNDIAL DO TURISMO 2022