por Dom Pedro José Conti
Administrador Apostólico da Diocese de Macapá
Estas palavras são o lema do Jubileu 2025 que iniciaremos em nossa Diocese no domingo 29 de dezembro de 2024. O começo oficial do Ano Santo já aconteceu em Roma no dia 24 de dezembro quando o papa Francisco abriu a Porta Santa da Basílica de S. Pedro. Este tempo de graça será encerrado nas Dioceses do mundo inteiro no domingo 28 de dezembro de 2025 e, em Roma, no dia 6 de janeiro de 2026. O “lema” e as datas se encontram na Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário de 2025 que também aponta o tema do Ano Santo: “ Spes non confundit” – a esperança não engana – (Rm 5,5). O último Jubileu ordinário foi aquele do ano 2000, no início do novo milênio. Os Papas, no entanto, podem propor Anos Santos extraordinários. Assim foi com o Ano Santo da Redenção, entre 1983 e 1984 com o papa João Paulo II; o Ano Santo da Misericórdia entre 2015 e 2016 com o papa Francisco ou anos com assuntos específicos como o Ano da Fé de 2012 a 2013 iniciado com papa Bento XVI e concluído com papa Francisco, para celebrar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II.
Para os antigos hebreus, o Jubileu (chamado ano do yôbel, “do carneiro”, porque esta festividade era anunciada através do som de um chifre de carneiro) era um ano declarado Santo. Naquele tempo a lei mosaica prescrevia que a terra, da qual Deus era o único dono, fosse devolvida ao antigo proprietário e que os escravos tivessem de volta a liberdade. Podemos conferir isso nos textos bíblicos mais importantes: Lv 25,8-16.23-55 e Nm 36,4. Devia acontecer a cada 50 anos. Na era cristã, após o primeiro Jubileu do ano de 1300, a frequência da celebração foi fixada pelo papa Bonifácio VIII a cada 100 anos. Mais tarde com o papa Clemente VI o período foi reduzido para 50 e papa Paulo II fixou o prazo intermédio para 25 anos.
O Jubileu é constituído de gestos concretos. O mais evocativo é a abertura da Porta Santa. Os peregrinos dirigem-se à Porta e ajoelham-se em oração no seu limiar antes de atravessá-la. A passagem representa o compromisso de uma mudança, rumo a algo novo na própria vida de cristãos. Nas peregrinações a Roma, a outros lugares santos ou àqueles indicados propriamente a cada Jubileu, é possível fazer a experiência do caminho, do encontro com os companheiros da viagem. Além disso a peregrinação é uma imagem da nossa vida; precisamos conhecer por onde andar e a meta para não vagar inutilmente. No Ano Jubilar deve ser oferecida a possibilidade de vivenciar melhor os sacramentos da Reconciliação, confessando e pedindo perdão dos nossos pecados, e da Eucaristia, alimento indispensável para uma corajosa renovação de vida. Lembramos também as obras de penitência e de caridade, como sinais concretos de justiça e solidariedade. Enfim, temos a “indulgência”; a conseguiremos por meio de algumas ações espirituais indicadas pelo Papa. Com ela poderemos libertar o nosso coração do peso do pecado e a certeza da misericórdia do Pai nos fará caminhar mais leves e decididos apesar das nossas fragilidade.
Na bula de proclamação do Jubileu 2025, papa Francisco aponta algumas situações ou grupos de pessoas que devem ser lembradas para que ações concretas em seu favor se tornem sinais de esperança para toda a humanidade. São elas: a urgência de trabalhar em prol da paz mundial, o desejo dos jovens de gerar novos filhos e filhas como fruto da fecundidade do amor, a oferta de resgate e liberdade para tantos presos, o cuidado amoroso com tantos doentes praticando as obras de misericórdia, a primorosa atenção aos jovens para que não percam a esperança e desistam dos seus sonhos de ver um dia uma sociedade mais justa e mais fraterna, a necessidade de mais acolhida e dignidade para os migrantes, sejam exilados, deslocados ou refugiados, o reconhecimento dos idosos como tesouros de experiência de vida e de sabedoria, a superação do escândalo dos pobres que sobrevivem às margens de uma sociedade indiferente.
Conseguiremos resolver tantas questões? A esperança é justamente a virtude de quem não tem prazo para parar, porque também se já sabe que não verá a plenitude dos resultados, porém está feliz porque acredita que pode preparar o caminho para algo novo e melhor para os que virão depois. O novo ano que começa será “santo” de verdade não por ser um ano jubilar, mas somente se nós todos viveremos com coragem a vocação à qual fomos chamados: a santidade. Sem nunca desistir porque somos “peregrinos de esperança”