Por Rafaela Godinho / Ascom CPT Arquidiocese
Entre os dias 27 a 29 de setembro, o município de Santarém foi sede do 1º Redário dos Povos Amazônicos: caminhos de bem viver e a crise climática, o evento teve como objetivo promover o encontro dos povos do campo, das águas e florestas, de diversas comunidades e territórios do maior bioma brasileiro e teve o apoio da Articulação das Comissões Pastorais da Terra (CPTs) da Amazônia, da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e do Legal Empowerment Fund, um programa facilitado pelo Global Human Rights Fund, sendo mobilizado pelas equipes das CPTs do Pará junto a diversas comunidades, movimentos populares e organismos da Igreja.
Como parte da programação, foi realizada uma reunião de incidência com o INCRA Superintendência – SR 30, com a CPT Itaituba, Santarém e Anapú acompanhando lideranças dos assentamentos e áreas de competência com a proposta de reivindicar políticas públicas para os territórios e assentamentos.
De acordo com Carla de Vasconcelos, da equipe da CPT Prelazia do Marajó, este é o primeiro encontro da rede dos povos amazônicos. “Queremos com isso unir, conectar e promover encontro entre diversos povos e comunidades tradicionais acompanhadas pelas diversas equipes da CPT do regional Pará, entendendo que muitos dos problemas e dos desafios que as comunidades estão enfrentando são comuns e colocar essas comunidades para se conhecerem, conversarem e compreendam que tem problemas comuns e comecem a pensar em estratégias enfrentamento coletivo a esses diversos males e buscar soluções”, afirmou.
Ela ressalta ainda sobre a situação de emergência climática que os povos vivem hoje, tais situações como extremas de seca, de queimadas, de ameaças por empresas, por fazendeiros, por latifúndios e pelo próprio estado, onde o povo não é favorecido e complementa dizendo que Santarém foi escolhida, pela diversidade de povos (indígenas, assentados, quilombolas, trabalhadores rurais e agroextrativista).
Roseli Alves de São Félix do Xingú participou do encontro e relatou como foi viver este momento. “Para mim é uma satisfação participar e contribuir com as nossas experiências e esse encontro enriquece as nossas esperanças e voltamos para os nossos territórios esperançosos na alegria de contar ainda mais com o apoio da CPT para enfrentarmos essa luta, ressaltou.
No domingo, 29/09 os participantes seguiram até a comunidade do Jatobá, localizada no município de Mojuí dos Campos, onde conheceram a vivência da experiência de luta e resistência da comunidade. Para Márcia Guerreiro, liderança comunitária do Jatobá, o encontro tem sido uma valiosa experiência. “É uma satisfação enorme estar participando do redário, é uma rede de conhecimentos, pois assim como eu trago experiências, eu levo experiências de outras comunidades. E receber pessoas dos diversos lugares em nossa comunidade é um privilégio para nós”, salientou.
O que é o redário?
O redário é a simbologia do que podemos fazer em redes, a partir da unificação de pautas comuns, sem deixarmos de considerar a diversidade e as especificidades de cada povo, cada comunidade, a fim de fortalecer a resistência, contra a violência no campo e ampliar os espaços de incidência conjunta frente aos projetos de morte da nossa querida Amazônia, reafirmando a nossa missão da CPT de “ser presença solidária e profética” rumo da “terra sem males”.