De CNBB Nacional

Termina nesta sexta-feira, 16 de abril, a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Iniciado na última segunda-feira, 12 abril, esse é o primeiro encontro do Episcopado brasileiro realizado totalmente de forma remota por causa da pandemia da Covid-19.

Para conectar os 309 bispos que tem direito a voto (cardeais, arcebispos, bispos diocesanos, prelados, auxiliares, coadjutores e administradores diocesanos) e os 166 bispos eméritos (a participação é facultativa) e representantes de organismos e pastorais da Igreja que são convidados e dar seguimento à realização da AG CNBB foi montada uma força-tarefa com colaboradores da tecnologia da informação, secretaria, comunicação e assessores das comissões episcopais pastorais da sede da entidade em Brasília (DF) e também colaboradores de regionais e dioceses da Igreja no Brasil.

Secretário-geral da CNBB, dom Joel Amado coordena o Assembleia de sua sala na sede da entidade em Brasília. Foto: Bruno Feittosa/CNBB.

Obedecendo rigorosos protocolos de segurança como uso de máscara, álcool em gel nas mãos e distanciamento das estações de trabalho, colaboradores e assessores que estão trabalhando na sede da CNBB em Brasília dão suporte, principalmente, ao bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado que conduz a AG CNBB diretamente de seu gabinete na Conferência.

Soninha: 32 anos de serviço à CNBB. Foto: Bruno Feittosa

Uma das colaboradoras mais antigas da CNBB e que este ano completa 32 anos de serviço à AG CNBB, Sônia Carvalhedo – Soninha como é conhecida, diz que a diferença entre o trabalho remoto e o presencial em Aparecida (SP) é a possibilidade do contato com os bispos.

“O trabalho é bem diferente e um pouco mais tenso por causa do uso exclusivo da tecnologia. Mas, eu vejo também a alegria de volta a ver as pessoas, de tratar os assuntos que a Igreja precisa, que nós precisamos. Então, está sendo uma alegria e, ao mesmo tempo, uma renovação de nossas forças e de nossa fé”.

Soninha destaca ainda que o trabalho dela, durante o encontro, tem o papel de acompanhar, organizar e arquivar a documentação oficial da Conferência. “O trabalho é o mesmo seja presencial ou virtual. O trabalho de conferência dos detalhes de cada documento não muda”, avalia.

“A diferença dessa assembleia virtual é que aqui não tem aquela pressão presencial. A gente está tensa, mas parece que aqui está mais leve. Eu também ajudo nas questões de votações, assessoria canônica, dou suporte ao secretário-geral e tenho que estar com o Estatuto da CNBB na ponta da língua para dar suporte quando os bispos que pedem ajuda. Fico nos bastidores, ninguém me vê. O mais importante é colaborar”, revela.

De acordo com o subscretário-adjunto geral da CNBB, padre Dirceu de Oliveira Medeiros, na sede atuam 15 colaboradores e colaboradoras da cozinha, limpeza, jardinagem, secretária técnica, comunicação e tecnologia da informação. Outros 25 colaboradores e voluntários atuam remotamente de suas residências.

Para que esta 58ª AG CNBB fosse realizada de forma virtual, a equipe de Tecnologia da Informação da CNBB está trabalhando há cerca de um ano. Foi necessário adotar e implementar muitas mudanças tecnológicas e estruturais para garantir a sinergia entre  os bispos de todo o país pela plataforma Zoom.

Rosberg Flores (TI) – Foto: Bruno Feittosa/CNBB

“Adquirimos um gerador para evitar queda de energia, aumentamos os canais de internet porque se um cair temos o outro de suporte, adquirimos e implantamos o uso da plataforma de streaming para todos os bispos”, destaca o coordenador da TI da CNBB, Rosberg Flores. Segundo ele, a principal diferença entre o trabalho na sede e em Aparecida é a intensidade.

“Aqui a gente tem que ficar muito mais atento a tudo porque a assembleia foi reduzida pela metade, ou seja a apenas cinco dias. Isso enxugou o tempo mas aumentou o volume de assuntos tratados por dia. Por isso, a atenção precisa estar redobrada para que não haja nenhum tipo de falha na transmissão e votações. Além disso, temos que trabalhar com número reduzido de colaboradores, o que aumenta a responsabilidade”, enfatizou Rosberg.

Aprendizados com o formato digital

Nesta assembleia, cinco assessores de comissões episcopais pastorais da CNBB estão participando direto de suas salas na sede da conferência. Entre eles, o assessor do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB e secretário executivo do Instituto Nacional de Pastoral Alberto Antoniazzi (INAPAZ), padre Danilo Pinto.

Padre Danilo Pinto. Foto: Bruno Feittosa/CNBB

Com relação à participação na assembleia geral virtual ele observa que o evento  demandou um trabalho preparatório maior, que foi materializado no esforço por encontrar a traduzibilidade do trabalho para esse novo contexto. “Foi necessário responder às novas questões: como deveriam acontecer discussões? As votações? Como deveriam ser feitas as articulações para promover e alcançar a reflexão pastoral necessária para temas importantes da ordem do dia?”, pontuou.

Segundo o assessor do Setor Universidades da CNBB, e secretário executivo do INAPAZ, a grande diferença entre a experiência presencial e a virtual consiste no meio pelo qual está sendo vivenciada a comunhão entre os bispos e as Igrejas particulares.

“A gente sabe que cada bispo representa sua igreja particular neste de ambiente de comunhão eclesial que é a conferência episcopal. Enquanto em Aparecida a comunhão, intercâmbio e troca é vivenciada por meio da presencialidade da cada um, nesta assembleia virtual a comunhão das Igrejas precisou ser vivenciada no novo ambiente das plataformas digitais e das novas mídias”, enfatiza, enfatiza padre Danilo.

Na equipe de assessoria de Comunicação do Evento, coordenada pela jornalista Manuela Castro, o time é composto pelos jornalistas que integram a Ascom CNBB (Bruno Feittosa, Larissa Carvalho, Luiz Lopes e Willian Bonfim), com a colaboração do assessor de comunicação do Regional Sul 4, Franklin Machado, da assessora de comunicação da arquidiocese de Salvador (BA), Sara Gomes, da coordenadora de comunicação da Pastoral da Criança, Vanuza Wistuba, da assessora de comunicação Regional Sul 2 da CNBB, Karina de Carvalho, e do jornalista da arquidiocese de São Paulo, padre José Ferreira. O assessor de comunicação do Regional Leste 1, Adielson Agrelos, e o Caio Lima estão assegurando a produção audiovisual do evento.

Adielson Agrelos. Foto: arquivo pessoal

O assessor de Comunicação do Regional Leste 1, Adielson destaca que em ambos os formatos tem fatores que facilitam e fatores que dificultam. “O fato de a Assembleia Geral desse ano ser no formato digital possibilitou a ampliação da equipe, fazendo com que o volume de trabalho, que em Aparecida era sempre gigantesco, ficasse mais leve no geral. Porém, as pautas tornam-se mais complexas de serem executadas e também perdemos um pouco a diversidade e a pluralidade, apesar de todo o esforço da equipe de sempre descentralizar a informação, buscando novidades. Falta também o calor da presença, os improvisos e correrias. Falta o fim de tarde aos pés da Mãe Aparecida. Mas não falta empenho, descontração e a vontade de servir à Igreja”, pontua o assessor que pelo sexto ano está na cobertura da AG CNBB.

Distante cerca de 1.630 km do Rio de Janeiro está a assessora de comunicação da arquidiocese de Salvador (BA), Sara. Apesar da seperação física, ela ressalta a união da equipe de comunicação da Assembleia Geral.  “Sempre no dia anterior organizamos a cobertura de todos os temas e ao longo de todo o dia vamos conversando e nos ajudando em relação às pautas. Essa união no trabalho, que é bem mais do que um trabalho, faz parte da nossa missão como jornalistas e publicitários católicos, também foi vivenciada em Aparecida, quando a Assembleia acontecia presencialmente. Eu tive a graça de integrar a equipe de comunicação em 2019 e a principal diferença é a falta do contato físico. Porém, posso testemunhar que, seja em Aparecida ou cada um em sua cidade, nós nos empenhamos de modo a tornar a palavra da Igreja no Brasil ainda mais conhecida e amplificada”, disse.

História

A assembleia Geral foi instituía pelo estatuto canônico da CNBB, em 1952, no Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro (RJ) – que foi sede da conferência por 25 anos. A versão atual texto regimental da Conferência (Doc. 70) descreve a Assembleia Geral como “órgão supremo da CNBB, expressão e realização maiores do afeto colegial, da comunhão e corresponsabilidade dos Pastores da Igreja no Brasil”, com a finalidade de realizar os “objetivos da CNBB, para o bem do povo de Deus” (art. 27). E, para fazer “crescer a comunhão e a participação” (art. 28), “a Assembleia Geral tratará de assuntos pastorais de ordem espiritual e de ordem temporal e os problemas emergentes da vida das pessoas e da sociedade, sempre na perspectiva da evangelização” (art. 29).

O regimento que indica “o modo de proceder ordenadamente na aplicação das normas estatutárias” (art. 1º) atribui ao Conselho Permanente a incumbência de “determinar a pauta para a Assembleia Geral” (art. 90), avaliando as propostas enviadas por quem de direito. Por isso, cada AG se caracteriza por uma pauta muito extensa, em vista das necessidades do momento. O Conselho Permanente acolhe, ao máximo, os temas sugeridos que são agregados aos temas permanentes.

A primeira AG foi realizada de 17 a 20 de agosto de 1953, em Belém (PA). Naquela ocasião, o encontro dos vinte arcebispos do Brasil na época ocorreu simultaneamente ao 6º Congresso Eucarístico Nacional. Pelo primeiro estatuto da CNBB, o encontro dos arcebispos metropolitanos deveria ocorrer a cada dois anos. A partir de 1967, passaram a ser realizadas anualmente.

A cada quatro anos, com pauta especial, a Assembleia Geral inclui, como tema central, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) e a eleição da nova presidência da entidade: o presidente, o vice-presidente e o secretário-geral, além dos presidentes das Comissões Episcopais de Pastoral. Já foram realizadas 57 Assembleias Gerais da CNBB. Destas, 33 encontros foram realizados no mosteiro de Vila Kostka, em Itaici (SP). Já foram realizados encontros em Roma, Itália, e em outras 6 capitais brasileiras e no Distrito Federal. A partir de 2011, a AG passou a ser realizada em Aparecida (SP).