
por Dom Antonio de Assis Ribeiro, SDB
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belem
Introdução
Está acontecendo nesta semana, de 09-17/12/2023, em Macapá, capital do estado do Amapá, a V edição do Projeto Missão Jovem na Amazônia. A pastoral juvenil estimula os jovens a fazerem a experiência da totalidade do dinamismo da vida da Igreja que é essencialmente missionária. Uma das mais significativas experiências de crescimento na consciência do ser discípulo de Jesus Cristo, para um jovem, é a disponibilidade ao serviço missionário.
Essa experiência não é espontânea porque implica um processo de formação; compreensão da vocação cristã; o amor à pessoa de Jesus Cristo; a consciência do sentido de pertença à Igreja; a vontade de contribuir com a promoção do Reino de Deus; a sensibilidade para com os problemas do mundo pois o anúncio do Evangelho estimula a promoção da fé, a prática do amor fraterno e a esperança para a humanidade.
A experiência missionária por parte dos jovens, é um dos sinais mais significativos que acusa a maturidade cristã deles; isso se torna mais eloquente quando os próprios jovens se tornam evangelizadores dos outros jovens.
O Projeto Missão Jovem na Amazônia, visa favorecer uma experiência educativo-pastoral de crescimento dos jovens na consciência e na prática de serem “Igreja em Saída” contribuindo para o despertar da própria vocação missionária e a importância da solidariedade eclesial.
1.A dimensão missionária da pastoral juvenil
O processo de evangelização e educação dos jovens implica a consideração de uma série de dimensões, como por exemplo, a iniciação à vida litúrgica, o conhecimento e intimidade com a Palavra de Deus, o engajamento pastoral. A dimensão missionária sintetiza, no concreto da vida dos jovens, a assimilação dos conteúdos da catequese.
O Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013) nos faz o convite a promover uma pastoral juvenil capaz de dar respostas às preocupações, necessidades, problemas e feridas dos jovens (cf. EG,105); uma pastoral que promova o protagonismo juvenil, com variadas formas de militância, o voluntariado, serviços e diferentes iniciativas missionárias nas suas próprias dioceses ou noutros lugares; os jovens são «caminheiros da fé» (EG, 106). O Papa nos alerta ainda: “Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (EG, 109).
Na Exortação Apostólica Christus Vivit (2019), o sumo pontífice nos estimula a não sermos elitista na promoção da missionariedade juvenil colocando critérios que excluem os jovens da experiência missionária. Há que se considerar em todos os contextos a necessidades da promoção de uma pastoral juvenil missionária (cf. CV, 239); “… não há necessidade de fazer um longo percurso para que os jovens se tornem missionários”; “não podemos ignorar que a pastoral juvenil deve ser sempre uma pastoral missionária” (CV,242).
2. Objetivos específicos do Projeto Missão Jovem
A missionariedade pode ser promovida em muitos contextos, tempos e em parceria com as pastorais e outras organizações paroquiais. O Papa Francisco afirma que “as missões juvenis, que se costumam organizar nas férias depois dum período de preparação, podem suscitar uma renovação da experiência de fé e também projetos vocacionais sérios”; é necessário que a pastoral juvenil e a pastoral familiar trabalhem de modo integrado (cf. CV,243).
Para os jovens, pessoas em especial processo de amadurecimento humano e cristão, a experiência missionária tem uma dimensão educativa, por isso, é importante que seja pedagogicamente pensada e programada com uma metodologia adequada e em sintonia com o estilo juvenil. “Se soubermos escutar aquilo que o Espírito nos está a dizer, não podemos ignorar que a pastoral juvenil deve ser sempre uma pastoral missionária. Os jovens enriquecem-se muito quando superam a timidez e encontram a coragem de ir visitar as casas, pois assim entram em contacto com a vida das pessoas, aprendem a olhar mais além da sua família e do seu grupo, começam a compreender a vida numa perspectiva mais ampla. Ao mesmo tempo reforçam-se a sua fé e o seu sentido de pertença à Igreja” (CV, 240).
Considerando essas diversas questões e dimensões o Projeto Missão Jovem na Amazônia tem como objetivos específicos:
- Estimular nos jovens a abertura para uma visão mais ampla da Igreja, conhecendo novos contextos socioculturais e eclesiais, reforçando o sentido de pertença e o amor à Igreja;
- Favorecer aos jovens o crescimento na importância do voluntariado através do engajamento eclesial em suas realidades de origem;
- Estimular o protagonismo juvenil missionário onde vivem e o compromisso de uma vida significativa caracterizada pelo serviço;
- Alimentar nos participantes a paixão pelo Reino de Deus através da experiência da solidariedade no encontro com os mais necessitados;
- Fomentar nos jovens o amadurecimento de uma espiritualidade encarnada e comprometida, evitando o intimismo;
- Favorecer o intercâmbio de experiências e a promoção de amizade entre os participantes;
- Oportunizar uma forma de conhecimento de um ambiente amazônico considerando a complexidade, grandeza e peculiaridade dessa região brasileira.
3. Atitudes e atividades missionárias
A experiência missionária juvenil pensada a partir do projeto Missão Jovem não se identifica com o dinamismo pastoral promovido pelos missionários sacerdotes, religiosos e leigos que vivem inseridos num determinado contexto sociocultural. O projeto Missão Jovem nada contraria, mas é pedagogicamente diferente por causa dos seus objetivos específicos, curto tempo e a sua dinâmica é psicologicamente jovial, alegre, criativa, festiva. Trata-se de um evento. O cotidiano missionário inculturado é um processo!
Os jovens que participam do Projeto Missão Jovem na Amazônia não têm o compromisso de resolver problemas pastorais e nem mesmo devem assumir uma postura criticista denunciando problemas socioeclesiais locais. Mais importante é a experiência de encontro, inserção, escuta, diálogo, reflexão pessoal assumindo uma atitude de testemunho de alegria pela fé católica e estimulando a esperança nas pessoas que encontram.
A programação missionária é constituída por uma série de experiências, tais como, ser hóspede de uma família, confrontar-se com outra realidade sociocultural observando valores e limites, visitar famílias e dialogar com as pessoas ouvindo suas inquietudes religiosas e problemas existenciais, promover momentos de oração, proclamar a Palavra de Deus e fazer um comentário estimulante, usufruir da convivência com outros colegas, liderar a promoção atividades religiosas e lúdicas nas comunidades (dependendo do contexto).
Todas essas experiências acontecem coletivamente, ou em pequenos grupos, mas jamais com jovens isolados. No processo de preparação são dadas orientações específicas sobre a forma de abordagem, a situação dos contextos visitados e fidelidade aos objetivos do projeto. Os jovens participantes são organizados em grupos e enviados a uma determinada paróquia onde visitam pessoas dando especial atenção àquelas em situação de vulnerabilidade. Quanto possível, cada grupo seja acompanhado por um sacerdote, diácono ou religiosa. Cada grupo tem sua coordenação interna e é enriquecida pelos jovens e adultos da comunidade anfitriã.
Esse projeto não mobiliza somente os jovens, mas também sacerdotes e as lideranças pastorais da diocese/prelazia anfitriã. Por isso, além das equipes dos jovens missionários, a Coordenação Diocesana da Missão Jovem organiza também diversas comissões como, por ex.: Comissão de acolhida, infraestrutura, liturgia, alimentação, comunicação, transporte, animação etc.
A acolhida dos jovens missionários que vem de outros lugares é feita por famílias, ou dependendo da situação, poderão ficar num local específico. Enfim, é uma extraordinária experiência formativa para quem dela participa. Os jovens devem ser iniciados na missionariedade; eles são portadores de talentos, competências, habilidades extraordinárias, criatividade; tudo isso pode ser canalizado para estar a serviço da missão da Igreja (cf. CV, 170).
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