Neste dia do Catequista, queremos reconhecer a importante missão em formar para a fé crianças, adolescentes, jovens e adultos, em especial neste tempo de pandemia, em que os encontros presenciais foram suspensos, e, portanto, novas formas de catequizar foram sendo adotadas. Este texto, elaborado em parceria com a Pascom da Diocese de Macapá, é o último dos três para a série “Vocações na Pandemia”, em que a Pastoral da Comunicação do Regional Norte 2 coletou alguns relatos da vivência das vocações neste período de pandemia do novo coronavírus (COVID-19), a fim de contar boas histórias, motivados pela mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, cujo tema foi “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história

Para avaliar os impactos da pandemia e do distanciamento social sobre suas atividades, a Pastoral Catequética do Regional Norte 2 vem realizando nos últimos meses encontros virtuais para socialização de iniciativas das arquidioceses, dioceses e prelazias do regional para a promoção da catequese no período de enfrentamento à doença.

Encontro Virtual da Pastoral Catequética regional

A coordenadora da Animação Bíblico-catequética do Regional N2, irmã Adelaide Ataide de Lima, conta que a reflexão vem sendo feita pela equipe de coordenadores do regional e é em especial a respeito do acompanhamento das famílias e dos próprios catequistas, “visto que, todos nós fomos afetados de uma forma ou outra pela pandemia”, explicou.

Para ela, “é incerta a maneira de como iremos voltar às atividades da catequese, devido à incidência ainda muito alta dos casos da Covid-19 em nossos municípios”, contudo, “se a situação permitir fazer visitas nas famílias e talvez encontros com pequenos grupos e continuar as formações pelos meios de comunicação via online “como alternativas para a continuação das atividades.

Ir. Adelaide. Foto: Arquivo pessoal

A religiosa explicou que no momento se estuda a possibilidade de fazer um projeto comum para o Regional Norte 2. Muitas iniciativas foram surgindo em meio à quarentena. “O tempo de pandemia nos permitiu fazer experiências inovadoras, como por exemplo, o uso maravilhoso dos meios de comunicação, que nos permitiu manter contato com os catequistas e catequizandos, dando continuidade a formação através de lives, vídeo conferências, blog, Instagram e Whatsapp”, contou.

Segundo irmã Adelaide, “muitas dioceses conseguiram através desses meios acompanhá-los enviando encontros formativos, reflexões do evangelho, celebrações em família, Lectio Divina, gincanas, jogos”, dentre outros meios.

Catequese em casa na Diocese de Macapá

Da diocese de Macapá vem uma iniciativa que incentiva a participação e envolvimento da família no processo de catequese. O projeto Catequese em Casa, desenvolvido pela Pastoral Catequética divulga todo fim de semana um subsídio para catequistas, pais ou responsáveis com temas e atividades que podem ser realizados em casa.

“O apóstolo Paulo, quando estava distante, escrevia cartas para orientar as comunidades cristãs que fundou”, disse o coordenador da Pastoral na diocese de Macapá, Marlos Matos, na carta de apresentação do projeto, publicado no site da diocese. Segundo ele, neste momento de distanciamento, “queremos encontrar meios para manter nossas pequenas comunidades catequéticas unidas em oração, na caridade e na escuta da Palavra de Deus”.

Através do subsídio publicado nas redes sociais como Facebook, WhatsApp e no portal de notícias da Diocese, os momentos de celebração da Palavra, ensino, encontros podem ser preparados em casa para que as crianças, jovens e adultos possam continuar seu processo de crescimento e amadurecimento na fé.

A catequista Lucivanda Mira atua na catequese de adultos da paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, na região central de Macapá. O grupo que ela acompanha é composto de dez adultos e, segundo ela, dentro das possibilidades realiza encontros virtuais durante o tempo de distanciamento social ainda vigente na cidade. Em Macapá, a quarentena permaneceu vigente até o dia 31 de julho, com gradual reabertura de atividades. As igrejas católicas só estão permitindo missas presenciais com público limitado.

Lucivanda conta que “a catequese não parou”. “Nós estamos numa catequese virtual”, explicou. No grupo do WhatsApp, formado para a comunicação com a turma, a catequista faz questão de recordar aos dez catequizandos “que a participação deles deve ser da mesma forma como se fosse presencial”. Para isso, o aplicativo de mensagem é um recurso bastante utilizado para a promoção e acompanhamento das atividades.

“Eu procuro colocar no grupo do WhatsApp os encontros da Catequese em Casa exatamente na hora do nosso encontro”, explica. A catequista conta que para que os membros do grupo não percam o ritmo da catequese, ela sempre envia o material no dia e horário dos encontros. Apesar de nem todos interagirem, os que retornam nas atividades fazem de modo satisfatório dentro da proposta do encontro. “Tivemos alguns encontros bem produtivos, eles filmam pra mim, encaminham, gravam áudio, alguns quando podem algum familiar participa. São encontros bem produtivos”, disse Lucivanda Mira.

O Projeto Catequese em Casa chegou esta semana ao seu 14º subsídio, com materiais que podem ser utilizados por catequistas, pais ou responsáveis para a catequese com ênfase na leitura orante e preparação de encontros dinâmicos para se trabalhar a distância. Clique aqui e saiba mais.

Oração familiar na Diocese de Castanhal

Da Diocese de Castanhal, no Pará, vem outro exemplo. O jovem Lucas Freitas contou que o tempo de distanciamento proporcionou uma experiência de verdadeiro recolhimento e aproximação de seus familiares. Para ele, a reclusão em casa tornou possível uma maior aproximação daqueles com quem convive. “Com a quarentena, minha família e eu estamos tendo a oportunidade de criar laços bem mais profundos de amor e fraternidade, até mesmo nos pequenos estresses do dia a dia, estou tentando ver uma forma de trabalhar o meu interior”, testemunhou.

Lucas contou que alguns momentos em família tornaram-se momentos de comunhão de fé. “Tiramos um tempo na hora do café para ler o evangelho e cada um faz sua reflexão. Nunca tínhamos sentados todos juntos para almoçar, agora todos no mesmo horário, então agradecemos o alimento e assim vamos em frente”, relatou.

Encontro virtual

A catequista Núbia Oliveira, paróquia São Sebastião em Igarapé Açu, da mesma diocese, contou também que o encontro virtual pelo WhatsApp favoreceu o contato com os catequizandos. “Estamos realizando o encontro virtual no dia da semana e no horário que era realizado o encontro presencial. Nesse encontro é partilhado a reflexão do Evangelho do domingo anterior e a missão é assistir a missa pela TV ou rede social para aqueles que ainda
não podem ir à missa”, disse.

Reunião Virtual

Segundo ela, o grupo de catequese é de adultos e conta que alguns são do grupo de risco. “Os crismandos se manifestam através de áudio ou mensagem escrita. Ao final do encontro partilhamos um canto com o tema principal do Evangelho partilhado. Graças a Deus estamos conseguindo manter a turma unida e motivada”, contou.

Os encontros virtuais acabaram se tornando uma alternativa para a proximidade com os grupos de catequese. Contudo, considerando ainda as dificuldades de acesso à internet e a distância entre as comunidades, esta modalidade ainda assiste a poucos catequizandos.

Estudos na Diocese de Abaetetuba

A catequista Maria da Conceição Silva da Costa, da Diocese de Abaetetuba, contou que a dificuldade de acesso à internet não permite a concentração de estratégias apenas neste ambiente. “A maioria dos nossos catequizandos não tem acesso à internet”, explicou. Segundo ela, na diocese o tempo de distanciamento social tem sido dedicado para que a coordenação local e os catequistas possam aprofundar os estudos de documentos da Igreja, a organização da catequese por etapas, dentre outras pequenas iniciativas para manter a atividade pastoral.

Desafios

Para a coordenadora regional, irmã Adelaide, duas grandes realidades ainda são desafiadoras para a catequese: a participação da família no processo de iniciação à vida cristã e a chamada conversão pastoral das comunidades paroquiais. Para a religiosa, as famílias ainda precisam “compreender seu papel fundante como Igreja doméstica” e as paróquias “viver a conversão pastoral e seu estado permanente de missão”.

Este empenho deve ser de todos “para que as famílias sejam acolhidas, para que os catequizandos – crianças, adolescentes, jovens e adultos – encontrem seu lugar na comunidade, se identifiquem com a missão da comunidade e como discípulos missionários”, explicou.

Por Jefferson Souza
Pastoral da Comunicação – Diocese de Macapá