A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede CLAMOR Brasil e a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR) emitiram uma nota, nesta quinta-feira, 3 de fevereiro, por justiça no caso do brutal assassinato do jovem congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, na última semana no Rio de Janeiro, por ter cobrado o seu salário pelos dias trabalhados. O crime aconteceu próximo de um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

De acordo com a nota, “a barbárie tem sido normalizada quando envolve pessoas pobres, em situação de vulnerabilidade, da periferia. Grande parte da população migrante e refugiada se insere nesse grupo”.

No documento, as instituições destacam que garantir os direitos mais básicos de migrantes e refugiados é um desafio constante no Brasil. “Nunca será demais reafirmar a importância da defesa dos Direitos Humanos em um país que lamentavelmente segue marcando sua história enraizada na violência”, destaca o texto.

Na nota, entidades expressam seus sinceros sentimentos e solidariedade à família de Moïse e à comunidade congolesa no Brasil e cobram das autoridades públicas “justiça pelo assassinato de Moïse Kabagambe com a responsabilização dos culpados por essa inaceitável e brutal conduta de quem covardemente tirou a vida deste jovem de 24 anos.”

Pastoral Afro-Brasileira da CNBB

O arcebispo de Feira de Santana (BA) e referencial para a Pastoral Afro Brasileira da CNBB, dom Zanoni Demetino Castro, escreveu o artigo “Brasil, que matas o povo negro e oprimis sua gente, que vergonha!”. No Texto, o bispo destaca que o assassinato de Moïse não pode ser considerado um fato isolado. “O fato não pode ser visto isolado do contexto que vivem e passam milhares de jovens negros e negras mortos nos últimos tempos”, diz o texto.

Dom Zanoni alerta no artigo que “o cenário é desolador para nossas famílias e comunidades negras. Queremos manifestar nossa solidariedade à família de Moise Mugenyi e às demais famílias, pela dor, sofrimentos e o luto”.

O referencial da Pastoral Afro-Brasileira, finaliza o texto clamando “queremos externar nossa indignação com o genocídio de nossa juventude negra. Vidas negras importam. Somos 56% do total da população brasileira e por isso, conclamamos as autoridades civis e jurídicas competentes a tomar uma atitude em favor da vida, a favor das vidas negras. Pedimos que os autores destas mortes sejam punidos na forma da Lei.”

A Arquidiocese do Rio de Janeiro também divulgou uma nota sobre a morte do congolês – que era assistido pela Caritas Arquidiocesana, em que rechaça todo o tipo de violência que fere a dignidade humana e rompe a vida.

No documento, o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta faz um apelo. “Diante de acontecimentos como este, assim como tantos outros cenários de violência, eu creio que algo urgente deve ser feito por toda a sociedade brasileira, tanto as igrejas, como as organizações, entidades sociais e governos. Somente um grupo não consegue dar conta dessa transformação social que exige e supõe mudança cultural, mais justiça social, paz e perdão”.

Leia a íntegra da ‘NOTA POR JUSTIÇA! O assassinato de Moïse Kabagambe’

Leia aqui a íntegra do artigo do bispo referencial para a Pastoral Afro-Brasileira da CNBB

Fonte: reprodução do site da CNBB nacional.