Nestes anos repletos de graças de Deus, muitas vezes me foi dado o presente de ter nas mãos a Imagem original de Plácido e a Imagem Peregrina, ícones preciosos de nossa devoção a Nossa Senhora de Nazaré. A aparente ingenuidade dos traços que elas comunicam traz consigo o segredo da virtude que se encontra na base da experiência cristã autêntica, a humildade. Por isso, muitas vezes cantamos o lindo contraste que nos faz penetrar no coração de Deus, a pequenez e a grandeza: “Tão pequenina na Berlinda segues a recolher flores e amores que o teu povo quer te dar. Ó Virgem Santa, teu povo canta: Senhora de Nazaré! Tu és Rainha e tens no manto as cores do açaí! Soberana e tão humana, tão mulher, tão Mãe de Deus, nossa raça, nosso sangue, descendência que acolheu o mistério encarnado, continuas revelando, e por isso hoje é Círio outra vez” (Padre Fábio de Melo).
Tive a ousadia de pretender entrar no Coração Imaculado de Maria, e pareceu-me vê-la contente e sorridente, justamente com o olhar de simplicidade que sua Imagem comunica, e posso imaginá-la conversando conosco, quem sabe, respondendo a várias “Conversas com a Virgem de Nazaré” que tentamos entabular pelos anos afora! Imaginem comigo, e os mais simples e ingênuos acrescentem outras palavras que brotam de seus lábios! Penso que tudo em Maria refletia e reflete a Palavra de Deus, e por isso é feliz, bem-aventurada! Ouçamos!
“Quem me retratou em imagens, colocou em meus braços meu Filho Amado, o Verbo de Deus feito Carne, o Salvador do Mundo. E saibam todos que ele tem mesmo o mundo em suas mãos, como vocês o veem! Ele é o Senhor da história, o princípio e o fim, o alfa e o ômega. Não tenham medo, pois Ele venceu o mundo (Jo 16,33). Todas as angústias sejam superadas e serão superadas por quem vive na fé e nela persevera.
Todos sabem que as ocasiões em que a Providência Divina me permitiu manifestar-me a pessoas e grupos particulares, nos momentos mais críticos da vida da humanidade, minha palavra sempre confirmou a certeza de que “porque sua ira dura um instante, a sua bondade, por toda a vida. Se de tarde sobrevém o pranto de manhã vem a alegria” (Sl 29,6). E vocês podem rezar comigo, diante de Deus: “Nem as trevas são escuras para ti e a noite é clara como o dia; para ti as trevas são como luz” (Sl 138,12).
Vocês me conhecem como serva do Senhor e esta é a minha alegria! Se todos me chamam bem-aventurada, é porque Ele fez em mim maravilhas. Ele me fez assim, e por isso continuo a dizer: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). E todos sabem que depois o anjo retirou-se, e continuei a viver na fé! Pela fé pude permanecer firme, como se visse o invisível (Cf. Hb 11,27). E desejo convidar todos os meus filhos e filhas a percorrem um caminho, o da humildade e da pequenez! A Palavra nos ensina que “Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento” (Eclo 35,20-21). Confiança, serviço humilde, disponibilidade, tudo isso levado ao Altar de Deus, na oração!
Nestes dias de Círio de Nazaré, foram muitos os olhares confiantes que me contemplaram, nas Imagens e além das Imagens! Acolham comigo as mãos estendidas em súplica, especialmente dos mais afastados da vida da Igreja, que ajudaram a transformar Belém num grande Templo, que se fez Casa e Família.
Se vocês observaram bem, no meio da multidão do Círio, havia lugar para todo mundo, tudo parecido com a descrição ao Evangelho (Cf. Lc 18,9-14): ladrões, desonestos, adúlteros, cobradores de impostos, gente que cumpre seus deveres, muitos que confiam na própria justiça, também a grande maioria de pessoas sinceras e retas, e muitos que nem se atreviam a levantar os olhos para o céu, mas batiam no peito, dizendo: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!” Alegrei-me ao ver os ministros de meu Filho aspergindo com água benta a todos, sem exceção. Meu coração sorriu de alegria, pois esta é a minha missão, abrir as portas da Igreja para todos, e assim a cidade se encheu de alegria, no Círio da Alegria! Vem de Jesus a Palavra: “Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.
Todas as preces feitas, junto comigo e com a Igreja, são levadas ao Pai, pois onde dois ou mais estão reunidos em nome de Jesus, ele está em nosso meio (Mt 18,20). E saibam que meu braço o apertava com carinho, na Imagem que vocês contemplavam. Nada foi em vão! Suores, lágrimas, gratidão, lamentos, promessas, tudo teve valor!
Agora, façam todos o caminho para a Igreja e para a Eternidade. Nazaré é casa que acolhe, e é sinal de tantas outras casas, as Paróquias e Comunidades e todos os espaços de comunhão e de vida de Igreja! A Palavra de Deus e os Sacramentos estão à disposição de todos! Chegue meu convite a todos, sem discriminação. E peçam comigo a Jesus a abertura do coração para que ninguém se sinta excluído! Estamos envolvidos com cordas de amor, unidos uns com os outros. Venham até a Igreja os mais sofredores e afastados, sabendo que, constituída Mãe da Misericórdia, abro o meu manto de amor e recebo a todos, em nome de Jesus e em nome da Igreja. E na Igreja, estejam todos dispostos a servir, cada pessoa com os dons recebidos. Lembrem-se de Nazaré, onde vivi com Jesus Carpinteiro, José Carpinteiro e esta Mãe de Família que lhes fala!”
Acolhamos o convite de Nossa Senhora, e digamos confiantes: “À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.”