O Apóstolo São Paulo experimentou a graça da conversão durante o caminho de Damasco. Na Carta aos Gálatas, narrou seu percurso pessoal e as graças recebidas. Conta o Apóstolo que três anos depois foi a Jerusalém, para conhecer Cefas, e ficou com ele quinze dias (Cf. Gl 1,18). Alguns anos depois, voltou a Jerusalém: “Reconhecendo a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, considerados as colunas da igreja, deram-nos a mão, a mim e a Barnabé, como sinal de nossa comunhão recíproca” (Gl 2,10). Pedro e Paulo foram para Roma, onde derramaram seu sangue por Cristo, um pela Cruz e outro pela espada. Nos primórdios da Igreja de Roma, foram muitos os que fecundaram aquela terra, para que seu sangue se tornasse semente de cristãos!
E Roma se transformou em lugar de peregrinação, com pessoas que acorrem àquela cidade para venerar a história e as relíquias de quem nos transmitiu a verdade do Evangelho. Roma, no dizer de Santo Inácio de Antioquia, é a Igreja que preside à caridade. O Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, é princípio de unidade para todo o orbe católico. Em comunhão efetiva e afetiva com ele é que as diversas Igrejas particulares, em cuja frente se encontra um legítimo sucessor dos Apóstolos, um Bispo, fazem presente a única Igreja de Jesus Cristo.
Os Bispos dos Regionais Norte II e Norte III da CNBB, depois do período mais intenso da pandemia, dirigem-se a Roma nesta semana, como peregrinos, romeiros que desejam fortalecer sua fé, de 25 de junho a 1° de julho, vivendo a espiritualidade do “ver a Pedro”. Como peregrinos, compartilhamos com o povo de Deus as ansiedades, esperanças, dores e alegrias. Se os peregrinos buscam a graça e a reconciliação com Deus e os irmãos, desejando alimentar sua vida espiritual, para continuar a caminhada na fé, nós também olhamos para o futuro de nossa Igrejas e desejamos retornar fortalecidos pela experiência dos dias vividos em Roma. Peregrinos-Bispos, nosso sustento vem especialmente da comunhão com Pedro, marcados pelo vigor e a sabedoria do Papa Francisco, de quem nos aproximaremos durante esta visita “Ad Limina Apostolorum”, ao limiar, à soleira, aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo.
A Legislação da Igreja assim se expressa: “O Bispo diocesano está obrigado a apresentar de cinco em cinco anos um relatório ao Sumo Pontífice sobre o estado da diocese que lhe está confiada, segundo a forma e o tempo determinados pela Sé Apostólica. O Bispo diocesano vá a Roma no ano em que está obrigado a apresentar o relatório ao Sumo Pontífice, se de outro modo não houver sido decidido pela Sé Apostólica, a fim de venerar os sepulcros dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e apresente-se ao Romano Pontífice” (Código de Direito Canônico, 399-400). De fato, todos nós enviamos com antecedência os relatórios que dão conta da situação de cada Arquidiocese, Diocese ou Prelazia dos Estados do Pará, Amapá, Tocantins e parte do Mato Grosso, possibilitando assim a conversa com o Papa e os diversos setores da Cúria Romana, que está a serviço das Igrejas particulares do mundo inteiro.
Durante a visita “ad limina apostolorum”, os Bispos peregrinos concelebrarão com o Santo Padre no Encontro Mundial das Famílias e na Solenidade de São Pedro. Terão Missas nas outras chamadas Basílicas Patriarcais, Santíssimo Salvador em São João de Latrão, a Catedral do Papa, presidida por Dom Pedro Brito, Arcebispo de Palmas – TO, na Basílica de São Paulo fora dos Muros, presidida pelo Arcebispo de Santarém, Dom Irineu Roman, e na Basílica de Santa Maria Maior, presidida pelo Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa.
Teremos a oportunidade de dialogar com a Secretaria de Estado do Vaticano, os Dicastérios para os Bispos, para a Evangelização, para a Causa dos Santos, para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, para o Clero, para a Comunicação, para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, para os Leigos, Vida e Família, para a Promoção do Desenvolvimento humano integral. Além disso, visitaremos a Pontifícia Comissão para a proteção dos Menores, o Secretariado Geral para o Sínodo dos Bispos, o Departamento de Cultura e Educação Católica e a Pontifícia Comissão para a América Latina. Como todos podem ver, peregrinação e muito trabalho. Ao final, teremos um encontro com a direção do Pontifício Colégio Pio Brasileiro e faremos uma peregrinação a Assis!
Queremos levar conosco, através da oração, todos os fiéis de nossas Igrejas particulares, pedindo que rezem pelo Papa Francisco, pela sua saúde e também por nós, Bispos. Serão dias preciosos como experiência de comunhão e participação, rezaremos juntos e teremos presentes as intenções de todo o nosso povo. Todos podem acompanhar a programação da nossa visita a Roma pelas redes sociais do Regional Norte 2 da CNBB, mandando seus recados, suas mensagens e suas orações.
Acrescentamos ainda que durante os próximos dias acontecerá em Roma, com programação on-line estendida a todo o mundo, o Encontro Mundial das Famílias com o Papa, com o tema “Amor Familiar: vocação e caminho de santidade”, A Pastoral Familiar de nossas Igrejas Particulares desenvolverá atividades com possibilidade de participação de todo o Povo de Deus. Cada Paróquia está também programando suas atividades neste sentido.
No Caminho Sinodal proposto pelo Papa Francisco, cada membro da Igreja tem seu papel fundamental. As famílias, Igreja Domésticas, fazem parte deste caminho, oferecendo-se como espaços de comunhão, participação e missão, palavras chaves no processo sinodal da Igreja em nossos dias. É necessário despertar as famílias, torná-las conscientes do que são para a Igreja. E é importante que a Igreja aprenda a aproveitar os dons que o Espírito concede às famílias, reconhecidas como protagonistas da Evangelização. É que elas devem ser justamente Igrejas Domésticas e fermento evangelizador na sociedade. (Cf. Orientações para a participação no Encontro Mundial das Famílias).