por Dom João Muniz Alvez
Bispo da Diocese Xingu-Altamira

Xingu-Altamira (PA), 21 de novembro de 2024

Sobre Azcona, eu o conheci após ter sido nomeado bispo da antiga Prelazia do Xingu e ele fez um telefonema para mim. Ele estava doente, tinha passado por aquela situação com o búfalo e ligou para mim dando os parabéns, as felicitações. E na primeira visita que fiz aqui em Belém, ainda como bispo eleito, nós fizemos uma visita com o pessoal do Episcopado do Norte 2 a ele, lá na casa dos irmãos Agostinianos Recoletos, e a minha impressão de Dom Azcona era de um homem de muita fé, um homem que, de uma sabedoria impressionante, gostava de fundamentar aquilo que ele falava.

Dom Luiz Azcona, deixa muita saudade para todos nós do episcopado e também para o povo de Marajó, a quem ele dedicou a sua vida. Serviu com muito amor e com muita dedicação.

Quando ele ia a CNBB, era garantido, quando tinha qualquer informação e boa, ele fazia suas intervenções, e eu ficava impressionado como em pouco tempo ele conseguia fundamentar todos os seus argumentos com os documentos da Igreja, com a Sagrada Escritura e, sobretudo, sempre lembrando aqueles que não se devia nunca esquecer. Em um documento da Igreja, por exemplo, a questão do Cristo crucificado.

A cruz de Cristo não deve ser esquecida pelos cristãos, não deve ser esquecida por ninguém. E ele experimentou esta cruz ao longo de sua caminhada, no seu trabalho ministerial e, sobretudo, nos seus últimos dias, lutando e enfrentando a doença. Eu tenho grande respeito para com esse bispo e um grande carinho. E a Igreja entrega para Deus aquele presente que recebeu por tantos anos e que ele vai fazer muita falta para todos nós. Que Deus Nosso Senhor o abençoe e o receba no seu Reino. Era uma figura que eu diria, como eu digo sempre, ícone não somente daqui de Marajó ou do nosso Regional, mas para toda Igreja do Brasil.

Só Deus pode recompensar o bem que Ele fez para nossa Igreja. E que dê a Ele o prêmio eterno dos justos que trabalham pelo Reino de Deus.

Eu não poderia esquecer de lembrar alguns fatos da sua atividade pastoral. Como quando era famoso por defender os direitos humanos sobre os direitos dos mais pobres dos necessitados no Marajó. É a coisa que aqui melhor e singular é que um homem que tinha o espírito carismático da Renovação Carismática, mas também um homem muito compromissado com a situação social. Isso é muito bonito a gente ver.

Ele acompanhava, a nível de CNBB, como bispo referencial para a área social dos direitos humanos, mas também acompanhava a Pastoral Familiar. Tinha um carinho muito especial pelas famílias, pelos casais e, como defensor dos menores na sua diocese ou na sua prelazia. Também era um grande defensor da vida contra o aborto, a favor da vida. E tinha argumentos bem fundamentados nesta área.

Também aqui ele vai deixar muita saudade junto aos casais do nosso regional, aos movimentos sociais e deixa esse vazio no nosso Estado do Pará. É uma voz profética que se cala, mas quando morre um profeta, surgem outros.

Que Deus faça surgir bons profetas, bons missionários, como Dom Azcona aqui na nossa região.