Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

Há poucos dias tomou posse como Bispo de Cametá Dom Ivanildo Oliveira Almeida. Seu lema episcopal é “Eis que o semeador saiu a semear” (Ecce exiit qui seminat seminare). É a Igreja que cresce, e nossa Província Eclesiástica, assim como o Regional Norte II recebem com alegria este novo semeador da Boa Nova, augurando-lhe todos os frutos do trabalho missionário a ser empreendido, pelo bem da Igreja de Cametá, que o recebeu com garbo e grande alegria!

Em Belém, mais de oitocentos jovens participaram do segundo “Acampamento” promovido pelo Setor Juventude de nossa Igreja. Em Mosqueiro, durante todo o mês de julho, o “Projeto Jesus na Ilha”. No sábado, dia quinze de julho, a Ordenação Sacerdotal do Diácono Lucas, da Comunidade Sementes do Verbo e da Arquidiocese de Belém. No dia vinte e nove de julho, ordenarei Sacerdote, em Chimoio, Moçambique, o Diácono Tenesse, da Obra de Maria e de nossa Arquidiocese, africano que fez toda a sua formação em Belém. Ao mesmo tempo, multiplicam-se festas patronais em nossas Paróquias e Comunidades, em honra de Nossa Senhora do Carmo, Sant’Ana e outras importantes devoções.

No mês de agosto, teremos cinco ordenações diaconais e uma Jornada Missionária Vocacional, a ser realizada nas diversas Regiões Episcopais, também com a instalação dos diversos Santuários Arquidiocesanos. Será a forma de dar graças a Deus pelos cinquenta anos de ordenação presbiteral do Arcebispo, a serem comemorados no dia quinze de agosto, numa Missa Solene, para a qual todos se sintam convidados. O ministério daquele que um dia foi ordenado se destina a servir e anunciar a Boa Nova do Evangelho, muito mais do que acentuar sua própria pessoa. O nome de Jesus Cristo seja proclamado, conduzidos que somos debaixo do manto protetor da Virgem Maria.

“Eis que o semeador saiu a semear”, é a Palavra forte que ressoa em nossos ouvidos, para chegar ao coração e comprometer-nos com o anúncio do Evangelho. Sabemos que se trata da Boa Semente, a força da Palavra que vem de Deus. Temos consciência de que a diversidade de áreas que a recebem se transforma em desafios à nossa criatividade e dedicação constante. Temos também a certeza de que todas as iniciativas empreendidas em nossa Igreja já estão ressoando especialmente no coração de nossos jovens, dentro do sonho e realidade do Ano Vocacional do Brasil: “Corações ardentes, pés a caminho”. Não temos direito ao acomodamento, pois é nossa missão olhar para frente e para o alto!

Vale a pena recordar e retomar os apelos constantes de nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral: Por sua natureza, a Igreja é missionária. Assim como Cristo é o primeiro enviado, ou seja, missionário do Pai (cf. Jo 20, 21) e, enquanto tal, a sua “Testemunha fiel” (Ap 1, 5), assim também todo o cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. E a Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, dando testemunho de Cristo. A essência da missão é testemunhar Cristo, sua vida, paixão, morte e ressurreição por amor do Pai e da humanidade. É Cristo ressuscitado, aquele que devemos testemunhar e cuja vida devemos partilhar. Os missionários de Cristo não são enviados para comunicar-se a si mesmos, mostrar as suas qualidades e capacidades persuasivas ou os seus dotes de gestão. Em vez disso, têm a honra sublime de confessar Cristo, por palavras e ações, anunciando a todos a Boa Nova da sua salvação com alegria e ousadia, como os primeiros apóstolos. Portanto, “a primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por ele que nos impele a amá-lo cada vez mais”, como ensina o Papa Francisco (Cf. Evangelii Gaudium, 264).

O mandato do Senhor deverá interpelar os discípulos de Jesus de cada tempo, impelindo-os a ir mais além dos lugares habituais das paróquias e comunidades, para levar o testemunho dele. Não há qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo, na sua missão. A Igreja de Cristo sempre estará “em saída” rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres, pois, a missionariedade deverá ser a grande mística e a chave da vida da Igreja de Belém, na direção de concretizar sempre mais o sonho do Papa Francisco: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação (Cf. Evangelii Gaudium 27).

À luz da Parábola do Semeador, dentro do espírito missionário pedido pelo Plano Arquidiocesano de Pastoral, propomos um novo olhar ainda mais largo e corajoso para o segundo semestre do presente ano. Olhar para frente signifique para cada Paróquia e Comunidade um passo novo. Um apelo que pode ser encontrado na profecia de Isaías 54, 2-4: “Amplia o espaço de tua tenda, desdobra sem constrangimento as lonas que te abrigam – nada de economia – alonga tuas cordas, consolida tuas estacas, pois deverás estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes conquistarão nações que virão repovoar as cidades abandonadas. Não tenhas medo, não ficarás desapontada! Não fiques com vergonha, não há motivo de corar o rosto!”

Para tanto, queremos promover o estudo e a assimilação do Plano Arquidiocesano de Pastoral, renovar a dimensão missionária de todas as forças vivas da Igreja, ajudando-as a se abrirem e alcançarem todos os espaços e situações humanas. Cada Paróquia organize uma agenda missionária, com metas estabelecidas e revisão contínua, a ser levada à Assembleia de cada uma delas, no final do presente ano.

Neste empenho missionário, organizem-se missões em todas as paróquias, de forma que, com pequenos núcleos, de porta em porta, com ênfase no querigma, sejam envolvidos os católicos batizados não evangelizados e formar novas lideranças, para assumir a dimensão missionária indo ao encontro dos irmãos como “Igreja Samaritana”.

Quem sabe uma conhecida canção do Padre Zezinho possa ser retomada, cantada e vivida durante este período! “Se ouvires a voz do vento, chamando sem cessar, se ouvires a voz do tempo, mandando esperar, a decisão é tua, a decisão é tua, São muitos os convidados, são muitos os convidados, quase ninguém tem tempo, quase ninguém tem tempo! Se ouvires a voz de Deus, chamando sem cessar, se ouvires a voz do mundo, querendo te enganar, a decisão é tua, a decisão é tua. São muitos os convidados, são muitos os convidados, quase ninguém tem tempo, quase ninguém tem tempo! O trigo já se perdeu, cresceu, ninguém colheu, e o mundo passando fome, passando fome de Deus. A decisão é tua, a decisão é tua!”.