por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá

O Sínodo dos Bispos em Roma possui como pontos fundamentais a comunhão, a participação e a missão. As três dimensões estão profundamente relacionadas entre si, sendo os pilares essenciais de uma Igreja sinodal, permitindo que todo o povo de Deus caminhe junto, ministros, leigos e leigas, ouvindo o Espírito Santo, a Palavra de Deus, em unidade com o Senhor Jesus e com o Pai, Deus Uno e Trino. Nas três expressões não existem uma hierarquia entre as mesmas, pelo fato de que cada uma enriquece e orienta as outras duas. Elas são sempre pensadas em chave de integração[1].

A sinodalidade e as dimensões eclesiais e sacramentais

A sinodalidade liga-se à dimensão litúrgica, da palavra de Deus e da Eucaristia, kerygmática, do mistério de Jesus, encarnação, paixão, morte, ressurreição, glória do Senhor, e também pelas dimensões diaconal, eclesial, sempre a serviço do Reino de Deus, em comunhão com a Igreja e com o mundo[2]. A comunhão indica a realidade da Igreja na qual ela participa pela vida divina, no Deus Uno e Trino; já a participação indica a forma como a comunhão é vivida na história; a missão aponta para o fim na qual existe a Igreja, não para si mesma, mas para testemunhar o dom da comunhão[3]. A vida cristã busca a comunhão, a participação e a missão.

A busca por uma Igreja sinodal

A sinodalidade é parte integrante na vida eclesial, na sua própria natureza. Por ordem de Jesus ela vive o mandamento do amor que diz em amar a Deus, ao próximo como a si mesmo (Mt 22,37-39). A expressão da sinodalidade é percebida pela realização dos concílios ecumênicos, sínodos dos bispos, sínodos locais, conselhos diocesanos de pastoral, paroquiais e comunitários. Os sínodos são um exercício da Igreja em vista do discernimento, de vida em conjunto com as pessoas e com o Senhor. Com a graça de Deus existem muitas maneiras de experimentar formas de sinodalidade. É evidente que a sinodalidade é o modo de ser pela qual a Igreja vive a sua missão de anunciar o evangelho de Jesus no mundo. Desta forma uma Igreja sinodal caminha em comunhão em vista de uma missão comum com o Senhor e com as pessoas, através da participação de cada um seus membros.

A missão, palavra chave

Ela ocupa o lugar importante na vida eclesial e social porque tudo é feito em vista da missão. A Igreja é missionária por ordem de Jesus no dom do Espírito Santo que disse de ir pelo mundo inteiro e evangelizar a todas as criaturas (Mc 16,15). Será fundamental superar uma visão de que a comunhão refere-se somente ao domínio da comunidade ad intra e a missão representa o movimento para fora, ad extra. As duas dimensões estão ligadas porque a comunhão é feita na comunidade juntamente com a missão na vida comunitária.

Existe uma crescente orientação para a missão, sendo um critério evangélico fundado para a organização da comunidade eclesial para a gestão de suas instituições e estruturas[4]. A missão é a vida de toda a pessoa que segue a Jesus e ama a sua Igreja, sendo possível uma vida de desprendimento, de valorização do outro, de participação, e de comunhão com Deus e com as pessoas.

A comunhão e a participação

A Igreja é chamada a constituir comunhão entre os seus membros. A desunião não serve para nada, divide, afastando as pessoas da comunidade e do Senhor. A comunhão se constrói pelas relações com as pessoas e com Deus. O trabalho evangelizador é dado sempre em comunhão, nunca sozinho. Como a palavra diz, comunhão é estar com mais pessoas[5]. Ela diz respeito à vida de comunidade com os outros e com Jesus e um dia na eternidade, a vida eterna. Já a participação é o fato da pessoa estar presente na vida da família, da comunidade e da sociedade. É tomar parte com a própria presença[6]. A Igreja está presente na vida das pessoas, pelas suas angústias e esperanças, pelos conflitos e pela construção de laços de fraternidade e de amor. Ela participa junto aos povos das cidades e dos campos, dos povos indígenas e ribeirinhos. A Igreja estimula a comunhão e a participação.

O Sínodo está se desenvolvendo em Roma com muito amor, juntamente com o Papa Francisco. O Senhor acompanhe a todas as pessoas que participam do Sínodo em vista de uma Igreja sinodal que tenha a comunhão, a participação e a missão. Todas as pessoas estejam envolvidas pelo batismo, crisma e eucaristia a fazer a comunhão, a participação e a missão em Jesus Cristo, na realidade atual e um dia na eternidade.

 

[1] Cfr. XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.  Instrumentum Laboris, Sínodo 2021, 2024. Por uma Igreja sinodal, Comunhão, Participação e missão, n. 43.

[2] Cfr. Riccardo Battocchio, Gianni Genre, Basilio Petrà. Sentieri di sinodalità. Prospettive teologiche interconfessionali. San Paolo, Milano, 2022, pgs. 53-54.

[3] Cfr. Idem, pg. 52.

[4] Cfr. Idem, n. 44.

[5][5] Cfr. Comunióne. Il Vocabolario Treccani. Il Conciso. Monotipia Olivieri-Milano, Legoprint – Lavis-Trento, 1998, pg. 358.

[6] Cfr. Partecipazióne.  In: Idem, pg. 1127.