por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
No 7º Domingo da Páscoa, na Santa Missa realizada hoje (1º/6) na Praça São Pedro, em Roma, foi celebrado o ‘Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos’, e contou com a presença de representações de famílias do mundo inteiro, dentre as do Brasil estavam duas comitivas a da Pastoral Nacional Famíliar da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, integrada pelo casal nacional Alisson e Solange Schila, junto com coordenadores regionais como o casal coordenador do Regional Norte 2, Carvalho e Luciana Limão. E a comitiva da Diocese de Macapá, composta por famílias da Paróquia São Paulo VI, dentre eles a família do membro da pastoral da comunicação Danilo Beleza.

credito:Vatican News
Em sua homilia, o Papa Leão XIV refletiu sobre a oração de Jesus na Última Ceia pela unidade entre os seus seguidores. Ele destacou que essa unidade é um dom de Deus, baseado no amor mútuo e no amor de Deus por nós, que é tão grande quanto o amor que Ele tem pelo Seu Filho. O Papa enfatizou a importância da família como um lugar onde se aprende a amar, perdoar e viver a fé, e incentivou as famílias a rezarem juntas, a partilharem as suas vidas e a apoiarem-se mutuamente. Ele também mencionou os casais que foram canonizados juntos, como exemplos de que o matrimónio é um caminho de santidade. Ao final desta matéria a homilia completa do Santo Padre.
Ao longo dos últimos dias, os grupos de peregrinos representantes do regional norte 2 da CNBB viveram momentos únicos ao visitarem pontos turísticos em Roma em especial ao passarem pelas portas Santas. Porém a emoção maior e tão esperada por todos aconteceu na manhã de hoje, na Praça de São Pedro, quando puderam estar proximo ao Papa Leão XIV pala celebrar o Jubileu das Famílias.
Para o casal coordenador do Regional Norte 2, Carvalho e Luciana, e sua filha Isabela, um momento inesperado aconteceu e que eles receberam como graça o presente enviado dos céus “estávamos com o grupo e houve um momento que foi necessário irmos ao banheiro e no retorno aos nossos lugares, o caminho foi fechado e ficamos impossibilitados de passar e de repente um guarda reconheceu minha filha e quando nós vimos estávamos ao lado do altar acompanhando a chegada do Papa Leão XIV bem de pertinho e o início da Santa Missa. Não houve presente maior, realmente uma graça recebida que divido com todas as famílias de nosso regional, foi realmente emocionante e será inesquecível”, contou Luciana, extremamente emocionada, diretamente da Praça de São Pedro.
“Viver esse jubileu das famílias, dos avós e das crianças, viver esse momento aqui, hoje, em Roma, um dos primeiros eventos a nível mundial do novo Papa, Leão XIV, foi um momento indescritível, de emoção e de muita graça. Ver um Papa de perto, um Papa Agostiniano, meu coração agostiniano. e viver com a minha família esse momento de júbilo, estou com o coração em estado de graça porque estive naquele local santo dentro da Praça São Pedro dentro do Vaticano enxergando o Santo Padre de perto”, disse Luciana, ao contar sobre os momentos que tem vivido em Roma nos últimos dias.
“É uma graça muito grande viver esses dias aqui em Roma, visitar as quatro portas Santas é graça de Deus e trazer no coração, todo o nosso povo querido do Regional Norte 2, todo o nosso povo sofrido, lutador tantas famílias que se dedicam na evangeliza de tantas famílias fragilizadas, e a gente está aqui com muita humildade sem ter o merecimento de representar tanta gente linda e maravilhosa o Brasil, o mundo, o mundo todo está aqui, diversas línguas, diversos povos, mas todos comungando da mesma graça, o mesmo vocabulário, o vocabulário do amor, da família, de Cristo.
Sabe, eu não estou conseguindo nem falar direito. É um momento único na minha vida, na vida da minha família Um momento indescritível, um momento de graça Eu estou ainda em estado de graça. Foi lindo demais. Estamos aqui junto com várias famílias peregrinando, andando todos esses dias, com o corpo cansado, mas o coração alegre, o coração feliz. Estamos em paz, estamos realmente em estado de graça”, falou Luciana Limão.
Participando da comitiva nacional, Padre Felipe Capestana, da Diocese de Dourados, Regional Oeste 1, e assessor do regional para a pastoral familiar, falou da alegria em participar do Jubileu que é um sinal de esperança para as famílias que tem Deus como fundamento, “realmente é uma grande alegria podermos participar do Jubileu das Famílias, em unidade com toda a Igreja, Papa Leão XIV. Estar aqui representando um pouquinho do nosso grande Brasil. Acompanhar as famílias neste momento importante da vida da igreja é para nós um sinal de esperança de que ainda as famílias têm um lindo futuro pela frente tendo Deus como fundamento e a esperança que não abandona, a esperança que vem do alto a esperança de Deus é renovada neste encontro que nós estamos fazendo aqui. Como sacerdote em meio a este povo, nós temos também, como padres a oportunidade de acompanhar mais de perto as famílias e assim poder auxiliá-las em seus dramas, em suas dificuldades, para superarem tudo isso e poderem olhar para o rosto de Deus e enxergar o sentido de suas vidas. É uma grande alegria participar deste momento. Que Deus abençoe a cada família”.
Allison e Solange, casal nacional, da Pastoral Familiar da CNBB, contaram que os dias em Roma foram de profunda espiritualidade. “Estamos vivendo aqui com nossa família e outas famílias dos regionais da CNBB, que nos acompanham, a graça do jubileu das famílias. Nossa peregrinação tem como base principal o pedido de bênçãos a Deus sobre todas as famílias do Brasil, pelas necessidades de cada família brasileira, da qual Ele sabe em seu coração. Tem sido um momento de muita espiritualidade, pois conseguimos passar nas quatro portas santas com o grupo que viemos, com todas as nossas famílias. Isso deixou o nosso coração cheio de alegria, de fé e principalmente de esperança, que é o tema deste jubileu”, disse Allison que com a esposa, sentem-se muito gratos por esta oportunidade, e em seus pedidos pediram que continuassem sendo guiados pela santa Esperança.

credito: Vatican News
“Que continuemos sendo guiados pela santa esperança, naquele que não nos confunde que é o próprio Cristo, que é o Espírito Santo que guia as ações pastorais no Brasil, e que possamos desempenhar um papel de famílias que atendem aos anseios de Deus, que vivem o projeto de Deus e assim podem promover a paz, a fraternidade e principalmente o elo do qual a família é responsável. A missa na Praça São Pedro, foi um momento particular, muito tocante, estivemos muito próximos ao Papa Leão XIV, uma pessoa de profunda espiritualidade, uma pessoa que respira o pastoreio, respira essa visão de igreja como um tudo, pois já passou por vários países. Para nós, nos alegra muito estarmos tão próximo deste que a partir de agora é responsável por pastorar toda a nossa igreja”, comentou Allison.
Da comitiva da Diocese de Macapá composta por dezenove pessoas, Dannilo Beleza estava acompanhado pela esposa e filha, e para ele, participar do Jubileu foi um turbilhão de emoções. “Resumo como um turbilhão de emoções a nossa presença aqui em Roma. Desde o desejo de vir até o momento da benção final do santo Padre, quando sentimos inúmeras emoções e tivemos a oportunidade de entender que nossa fé pode nos amparar e nos fortalecer em todas as emoções, em todos os momentos”, expressou emocionado e continuou contando sobre os dias de visitação e de uma particularidade de sua vida na Igreja.
“Certamente o momento de maior emoção foi ao visitar o túmulo de Papa Francisco. Meu retorno a Igreja católica começou quando li “o nome de Deus é misericórdia” de Papa Francisco. Ali fiz um caminho de conversão e meu desejo era de vê-lo pessoalmente, mesmo que de longe, para agradecer, pois com suas palavras me ajudaram a ter uma família!
Outro momento que tambem mexeu muito comigo foi quando passamos pela porta Santa. Um rito de passagem que só nos faz bem. Não saímos os mesmo de todas as experiências que vivemos. Dessa, porém, além de sairmos melhores, saímos com a responsabilidade de levar aos irmãos, independente de religião, o amor visceral de Jesus. Aquele que nos quer alcançar de qualquer jeito, aquele que nos ama como somos, aquele que nos faz sair, ir ao encontro da concretude da vida”, declarou o jovem comunicador da Paróquia São Paulo VI.
Como Dannilo, a emoção deste Jubileu comoveu todo o grupo da Diocese de Macapá composta por Walter Roberto Cazzaniga, Janaina Teixeira Sanches, Amelí Sanches Beleza, Ana Rita Correa Beleza Nunes, Thais Roberta Rodrigues de Lima, Regivaldo de Souza Silva, Thaise Vitória de Lima Silva, Kauê Lucas Leite da costa, Vânia Cristina Cruz Gurjão, Cleuber Santana Gurjão, Maria Clara Cruz Gurjão, Maria Sanches De Souza, Thifany de Souza Monteiro, Joseph Ryan de Souza Monteiro, Hélida Cordeiro Pennafort Santos, Fabiana de Souza Vilhena, e o casal Darlan Silva da Silva e Fernanda Silva dos Santos que nos conta sobre essa peregrinação.
“Participar do Jubileu foi uma experiência única, algo que jamais imaginei viver, nem mesmo em meus sonhos mais ousados. Estar em Roma, caminhar por lugares tão marcantes para a nossa fé e, especialmente, participar da Santa Missa com o Santo Padre, foi algo que me tocou profundamente. Quando o vi de perto, confesso que fiquei mal, meu corpo tremia. Foi algo que não se consegue explicar com palavras, apenas sentir. Uma emoção tão intensa, tão verdadeira, que só quem vive compreende. Foi um momento profundamente espiritual. Sentimos uma verdadeira renovação interior como pessoas, como marido e mulher, como filhos de Deus e como família. Este momento ficará para sempre gravado na minha vida e na da minha esposa. Uma memória que levaremos no coração com gratidão e alegria”, contou Darlan.
Para sua esposa, Fernanda Silva, atravessar as portas santas foi muito marcante “A primeira que atravessamos foi a de Santa Maria Maior. Tenho um carinho muito especial por Maria, a Mãe do nosso Senhor, e ao entrar naquela Basílica senti como se estivesse realmente na casa da mamãe. Confesso que fiquei impactada e profundamente emocionada. Saber que ali está o corpo do Papa Francisco, e ao mesmo tempo sentir a presença tão maternal de Maria, me encheu de paz. Maria sempre nos acolhe nas nossas dificuldades, sempre intercede por nós. Ali, me senti abraçada, acolhida, fortalecida. Na Basílica de São Pedro, mais uma emoção intensa. A grandiosidade do lugar, a beleza, a fé que se respira em cada detalhe. Passar por aquela porta Santa foi literalmente entrar em um território sagrado, onde tudo exala santidade. E as demais basílicas, São Paulo fora dos muros, São João de Latrão, cada uma trouxe uma experiência única. É difícil descrever. Foi como se, ao passar por cada porta Santa, eu deixasse para trás uma pessoa, com suas fraquezas e limitações, e renascesse uma nova pessoa, renovada pela graça e pela fé. Foi uma peregrinação de corpo, alma e coração. Um verdadeiro encontro com Deus, com Maria e comigo mesmo”, narrou Fernanda.
Em seu discurso, Papa Leão XIV fez as famílias presentes na Praça de São Pedro a refletirem sobre como estão atuando como Igreja, e os convidou a rezar juntos, como família, e perguntou a eles, “E como se reza em família?”, e ele mesmo respondeu “escutando a Palavra de Deus e partilhando as nossas alegrias e as nossas tristezas com o Senhor, mas também com os outros, em família. E depois, rezando uns pelos outros, para que nos ajudemos mutuamente a sermos sinais do amor de Deus. Assim, as nossas famílias tornar-se-ão pequenas igrejas domésticas, onde se vive a fé, a esperança e a caridade. E assim, seremos sinal de paz para todos”.
Leia, abaixo, o discurso de Papa Leão XIV na integra, com tradução livre do original em italiano.
Homilia do Santo Padre Leão XIV
Praça de São Pedro – VII Domingo da Páscoa – Domingo, 1 de junho de 2025
“O Evangelho que acabamos de proclamar mostra-nos Jesus que, na Última Ceia, reza por nós (cf. Jo 17,20): o Verbo de Deus, feito homem, já próximo do fim da sua vida terrena, pensa em nós, nos seus irmãos, tornando-se bênção, súplica e louvor ao Pai, com a força do Espírito Santo. E nós, ao entrarmos, cheios de espanto e de confiança, na oração de Jesus, somos envolvidos pelo seu mesmo amor num projeto grande, que diz respeito a toda a humanidade.
Cristo pede, de facto, que todos sejamos «uma só coisa» (v. 21). Trata-se do maior bem que se pode desejar, porque esta união universal realiza entre as criaturas a eterna comunhão de amor em que se identifica o próprio Deus, como Pai que dá a vida, Filho que a recebe e Espírito que a partilha.
O Senhor não quer que nós, para nos unirmos, nos somemos numa massa indistinta, como um bloco anónimo, mas deseja que sejamos um: «Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, sejam também eles em nós uma só coisa» (v. 21). A unidade, pela qual Jesus reza, é assim uma comunhão fundada no próprio amor com que Deus ama, do qual vêm ao mundo a vida e a salvação. E como tal é, antes de mais, um dom, que Jesus vem trazer. É do seu coração de homem, de facto, que o Filho de Deus se dirige ao Pai dizendo: «Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo saiba que tu me enviaste e os amaste como me amaste a mim» (v. 23).
Ouçamos admirados estas palavras: Jesus está a revelar-nos que Deus nos ama como ama a si mesmo. O Pai não nos ama menos do que ama o seu Filho Unigénito, isto é, infinitamente. Deus não ama menos, porque ama primeiro, ama em primeiro lugar! Cristo testemunha-o quando diz ao Pai: «Tu amaste-me antes da criação do mundo» (v. 24). E é mesmo assim: na sua misericórdia, Deus desde sempre quer unir a si todos os homens, e é a sua vida, dada por nós em Cristo, que nos faz um, que nos une entre nós.
Ouvir hoje este Evangelho, durante o Jubileu das Famílias e das Crianças, dos Avós e dos Idosos, enche-nos de alegria.
Caríssimos, nós recebemos a vida antes de a querermos. Como ensinava o Papa Francisco, «todos os homens são filhos, mas nenhum de nós escolheu nascer» (Angelus, 1 de janeiro de 2025). Não só. Mal nascemos, precisamos dos outros para viver, sozinhos não conseguiríamos: é outra pessoa que nos salvou, cuidando de nós, do nosso corpo como do nosso espírito. Todos nós vivemos, portanto, graças a uma relação, isto é, a um vínculo livre e libertador de humanidade e de cuidado recíproco.
É verdade, por vezes esta humanidade é traída. Por exemplo, sempre que se invoca a liberdade não para dar a vida, mas para a tirar, não para socorrer, mas para ofender. No entanto, mesmo diante do mal, que se opõe e mata, Jesus continua a rezar ao Pai por nós, e a sua oração age como um bálsamo sobre as nossas feridas, tornando-se para todos os anúncios de perdão e de reconciliação. Esta oração do Senhor dá pleno sentido aos momentos luminosos do nosso querer bem, como pais, avós, filhos e filhas. E é isto que queremos anunciar ao mundo: estamos aqui para ser “um” como o Senhor nos quer “um”, nas nossas famílias e onde vivemos, trabalhamos e estudamos: diferentes, mas um, muitos, mas um, sempre, em todas as circunstâncias e em todas as idades da vida.
Caríssimos, se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, que é «o alfa e o ómega», «o princípio e o fim» (cf. Ap 22,13), seremos sinal de paz para todos, na sociedade e no mundo. E não nos esqueçamos: das famílias é gerado o futuro dos povos.
Nas últimas décadas, recebemos um sinal que dá alegria e, ao mesmo tempo, faz refletir: refiro-me ao facto de terem sido proclamados Beatos e Santos casais, e não separadamente, mas juntos, enquanto casais de esposos. Penso em Louis e Zélie Martin, os pais de Santa Teresa do Menino Jesus, e em Maria Beltrame Quattrocchi e Luigi Quattrocchi, os primeiros esposos a serem proclamados Beatos juntos. São testemunhas de que o matrimónio é um caminho de santidade, um caminho vivido em dois, mas que faz crescer o amor de Deus em todos.
E agora, caríssimos, antes de concluir, gostaria de vos deixar um pensamento para levar para casa. Gostaria de vos perguntar: o que é que podemos fazer, em concreto, para que as nossas famílias sejam lugares onde se vive a oração e a partilha, onde ninguém se sente sozinho, onde se aprende a amar e a perdoar, onde todos são um sinal do amor de Deus?
A resposta é simples: é preciso redescobrir a beleza de rezar juntos, como família. E como se reza em família? Escutando a Palavra de Deus e partilhando as nossas alegrias e as nossas tristezas com o Senhor, mas também com os outros, em família. E depois, rezando uns pelos outros, para que nos ajudemos mutuamente a sermos sinais do amor de Deus. Assim, as nossas famílias tornar-se-ão pequenas igrejas domésticas, onde se vive a fé, a esperança e a caridade. E assim, seremos sinal de paz para todos.
Que Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha da Família, nos acompanhe neste caminho. E que São José, seu esposo, nos proteja sempre.
Amém“.
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[Texto original em Italiano]
OMELIA DEL SANTO PADRE LEONE XIV
“Il Vangelo appena proclamato ci mostra Gesù che, nell’ultima Cena, prega per noi (cfr Gv 17,20): il Verbo di Dio, fatto uomo, ormai vicino alla fine della sua vita terrena, pensa a noi, ai suoi fratelli, facendosi benedizione, supplica e lode al Padre, con la forza dello Spirito Santo. E anche noi, mentre entriamo, pieni di stupore e di fiducia, nella preghiera di Gesù, veniamo coinvolti dal suo stesso amore in un progetto grande, che riguarda l’intera umanità.
Cristo domanda infatti che tutti siamo «una sola cosa» (v. 21). Si tratta del bene più grande che possa essere desiderato, perché questa unione universale realizza tra le creature l’eterna comunione d’amore in cui si identifica Dio stesso, come Padre che dà la vita, Figlio che la riceve e Spirito che la condivide.
Il Signore non vuole che noi, per unirci, ci sommiamo in una massa indistinta, come un blocco anonimo, ma desidera che siamo uno: «Come tu, Padre, sei in me e io in te, siano anch’essi in noi una cosa sola» (v. 21). L’unità, per la quale Gesù prega, è così una comunione fondata sull’amore stesso con cui Dio ama, dal quale vengono al mondo la vita e la salvezza. E come tale è prima di tutto un dono, che Gesù viene a portare. È dal suo cuore di uomo, infatti, che il Figlio di Dio si rivolge al Padre dicendo: «Io in loro e tu in me, perché siano perfetti nell’unità e il mondo sappia che tu mi hai mandato e li hai amati come hai amato me» (v. 23).
Ascoltiamo ammirati queste parole: Gesù ci sta rivelando che Dio ci ama come ama sé stesso. Il Padre non ama noi meno di quanto ami il suo Figlio Unigenito, cioè infinitamente. Dio non ama meno, perché ama prima, ama per primo! Lo testimonia Cristo stesso quando dice al Padre: «Tu mi hai amato prima della creazione del mondo» (v. 24). Ed è proprio così: nella sua misericordia, Dio da sempre vuole stringere a sé tutti gli uomini, ed è la sua vita, donata per noi in Cristo, che ci fa uno, che ci unisce tra noi.
Ascoltare oggi questo Vangelo, durante il Giubileo delle Famiglie e dei Bambini, dei Nonni e degli Anziani, ci riempie di gioia.
Carissimi, noi abbiamo ricevuto la vita prima di volerla. Come insegnava Papa Francesco, «tutti gli uomini sono figli, ma nessuno di noi ha scelto di nascere» (Angelus, 1° gennaio 2025). Non solo. Appena nati abbiamo avuto bisogno degli altri per vivere, da soli non ce l’avremmo fatta: è qualcun altro che ci ha salvato, prendendosi cura di noi, del nostro corpo come del nostro spirito. Tutti noi viviamo, dunque, grazie a una relazione, cioè a un legame libero e liberante di umanità e di cura vicendevole.
È vero, a volte questa umanità viene tradita. Ad esempio, ogni volta che s’invoca la libertà non per donare la vita, bensì per toglierla, non per soccorrere, ma per offendere. Tuttavia, anche davanti al male, che contrappone e uccide, Gesù continua a pregare il Padre per noi, e la sua preghiera agisce come un balsamo sulle nostre ferite, diventando per tutti annuncio di perdono e di riconciliazione. Tale preghiera del Signore dà senso pieno ai momenti luminosi del nostro volerci bene, come genitori, nonni, figli e figlie. Ed è questo che vogliamo annunciare al mondo: siamo qui per essere “uno” come il Signore ci vuole “uno”, nelle nostre famiglie e là dove viviamo, lavoriamo e studiamo: diversi, eppure uno, tanti, eppure uno, sempre, in ogni circostanza e in ogni età della vita.
Carissimi, se ci amiamo così, sul fondamento di Cristo, che è «l’alfa e l’omega», «il principio e la fine» (cfr Ap 22,13), saremo segno di pace per tutti, nella società e nel mondo. E non dimentichiamo: dalle famiglie viene generato il futuro dei popoli.
Negli ultimi decenni abbiamo ricevuto un segno che dà gioia e al tempo stesso fa riflettere: mi riferisco al fatto che sono stati proclamati Beati e Santi dei coniugi, e non separatamente, ma insieme, in quanto coppie di sposi. Penso a Louis e Zélie Martin, i genitori di Santa Teresa di Gesù Bambino; come pure i Beati Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, la cui vita familiare si è svolta a Roma nel secolo scorso. E non dimentichiamo la famiglia polacca Ulma: genitori e bambini uniti nell’amore e nel martirio. Dicevo che si tratta di un segno che fa pensare. Sì, additando come testimoni esemplari degli sposi, la Chiesa ci dice che il mondo di oggi ha bisogno dell’alleanza coniugale per conoscere e accogliere l’amore di Dio e superare, con la sua forza che unifica e riconcilia, le forze che disgregano le relazioni e le società.
Per questo, col cuore pieno di riconoscenza e di speranza, a voi sposi dico: il matrimonio non è un ideale, ma il canone del vero amore tra l’uomo e la donna: amore totale, fedele, fecondo (cfr S. Paolo VI, Lett. Enc. Humanae vitae, 9). Mentre vi trasforma in una carne sola, questo stesso amore vi rende capaci, a immagine di Dio, di donare la vita.
Perciò vi incoraggio ad essere, per i vostri figli, esempi di coerenza, comportandovi come volete che loro si comportino, educandoli alla libertà mediante l’obbedienza, cercando sempre in essi il bene e i mezzi per accrescerlo. E voi, figli, siate grati ai vostri genitori: dire “grazie”, per il dono della vita e per tutto ciò che con esso ci viene donato ogni giorno, è il primo modo di onorare il padre e la madre (cfr Es 20,12). Infine a voi, cari nonni e anziani, raccomando di vegliare su coloro che amate, con saggezza e compassione, con l’umiltà e la pazienza che gli anni insegnano.
In famiglia, la fede si trasmette insieme alla vita, di generazione in generazione: viene condivisa come il cibo della tavola e gli affetti del cuore. Ciò la rende un luogo privilegiato in cui incontrare Gesù, che ci vuole bene e vuole il nostro bene, sempre.
E vorrei aggiungere un’ultima cosa. La preghiera del Figlio di Dio, che ci infonde speranza lungo il cammino, ci ricorda anche che un giorno saremo tutti uno unum (cfr S. Agostino, Sermo super Ps. 127): una cosa sola nell’unico Salvatore, abbracciati dall’amore eterno di Dio. Non solo noi, ma anche i papà e le mamme, le nonne e i nonni, i fratelli, le sorelle e i figli che già ci hanno preceduto nella luce della sua Pasqua eterna, e che sentiamo presenti qui, insieme a noi, in questo momento di festa”.