por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia do Marajó

Por que Jesus nos faz esta recomendação? Jesus nos mostra as razões: porque gostam de se exibir (andar com roupas vistosas – v. 38), gostam de ser paparicados (cumprimentados nas praças públicas – v. 38), gostam de ter tratamento diferenciado (primeiras cadeiras nas sinagogas e melhores lugares nos banquetes – v. 39); porque são fingidos, parecem ser religiosos, mas não são; na verdade são exploradores da fé do povo (devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações – v. 40). Acolhamos esta exortação de Jesus. Infelizmente existem muitos doutores da lei em nossos dias. Muitos que se dizem homens e mulheres de Deus, também em nossa Igreja Católica, que na verdade usam o nome de Deus para enganar e explorar o povo.

Jesus estava sentado no templo, diante do cofre das esmolas e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre – v. 41

Jesus é um grande observador e atento ao que acontece em seu redor. Devemos aprender dele a sermos assim, também. Tem gente que quer nos ver como massa de manobra, como gado conduzido ao curral, sem usarmos de nossa capacidade de pensar. Alguns nos dizem: “vamos fazer assim porque sempre foi feito assim e ninguém poderá mudar”; outros nos dizem: “não podemos nos questionar sobre os acontecimentos, devemos somente aceitar como dizem que tem de ser”. Quem é observador como Jesus e queira mudar alguma coisa é logo considerado alguém que gosta de criar confusão e quebrar as tradições.

Muitos ricos depositavam grandes quantias. Chegou uma viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada – v. 42

Jesus faz questão de ressaltar o contraste entre a oferta dos ricos e da pobre viúva. Quem mereceu receber um elogio de Jesus? Jesus destaca e elogia a pobre viúva que ofereceu tudo o que possuía para viver – v. 44. Quem dá mais para a sustentação de nossas arquidioceses, dioceses e prelazias, paróquias e comunidades? Quem dá mais para a festividade do Círio, da festa da padroeira?

Infelizmente, tendemos a rasgar elogios aos ricos que fazem grandes ofertas; a doação dos pobres que dão além do que podem e dão seu suor, seu trabalho, quase não é reconhecida. Pensemos nisto e aprendamos de Jesus! Elogiemos a oferta das “viúvas” e dos “viúvos” que doam de coração seu tempo, seu serviço e sua oferta em dinheiro e fazem isto com singeleza de coração, apenas por amor a Deus e a Igreja.

Sou testemunha dos agradecimentos que se faz nas festas de nossas paróquias a quem deu uma oferta maior e esquecemos de agradecer “as ofertas dos viúvos e viúvas”. Confesso que sempre me inquietou e me inquieta esta forma de se agradecer aos ricos e desprezar os pobres, totalmente diferente do jeito de Jesus fazer.