por Dom Teodoro Mendes Tavares, CSSp
Bispo da Diocese de Ponta de Pedras (PA)

Soure, 22 de novembro de 2024
(lido na Celebração Eucarística no dia do velório de Dom Azcona)

Caríssimo Dom José Ionilton de Oliveira Lisboa, bispo deste Prelazia do Marajó e demais irmãos no episcopado aqui presentes; prezados membros do clero da Prelazia do Marajó, demais sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, pessoas de vida consagrada, membros da Ordem dos Agostinianos Recoletos, distintas autoridades, presentes ou representadas com seus títulos e suas atribuições, amado povo de Deus desta Prelazia, familiares, amigos e amigas do saudoso Dom José Luís Azcona Hermoso e todos os presentes:

Saudações Marajoaras!

A Sagrada Escritura afirma que “A vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá… Os que põem sua confiança nele compreenderão a verdade,,, são dignos de favor e misericórdia” (Sb 3,1.9).

Estou aqui, acompanhado de alguns membros do clero da Diocese de Ponta de Pedras, para falar em nome da minha Diocese, do clero e de todo povo de Deus da Diocese de Ponta de Pedras e apresentar-lhes as nossas sinceras condolências e união na oração pelo falecimento do bispo emérito da Prelazia do Marajó, Dom José Luís Azcona Hermoso, ocorrido no dia 20 deste mês de novembro/ 2024, em Belém – PA.

Falo em nome da Diocese de Ponta de Pedras, que está neste chão e nestas águas marajoaras, e se sente Igreja irmã, próxima e solidária com a Prelazia do Marajó, especialmente neste momento de luto e tristeza, para manifestar nossa proximidade, amizade fraterna, solidariedade espiritual e testemunhar nossa fé viva e esperança que não decepciona, na ressurreição e na vida eterna.

Cheguei esta madrugada de Brasília, onde participei da reunião do Conselho Permanente da CNBB, e trago um abraço de solidariedade e união na oração da Presidência da CNBB e dos representantes do episcopado Brasileiro para o Dom Ionilton e todo o povo de Deus desta Prelazia.

Dom Azcona foi um grande servo do Senhor, como religioso e missionário em vários países (Espanha, Alemanha, Colômbia, antes de chegar ao Brasil em 1985). Tendo sido nomeado bispo da Prelazia do Marajó em 1987, ele foi um pastor muito dedicado ao seu povo, ao qual se doou abnegadamente até ao fim. Era um homem de Deus, de grande convicções e vigoroso nas palavras que, “em nome do Senhor” (lema do seu episcopado), proclamou ousadamente o Evangelho de Cristo e denunciou muitas injustiças, sobretudo contra a população do Marajó, a ponto de ser ameaçado de morte; mas não se acovardou. Pelo contrário, foi intrépido e firme até o fim na defesa dos seus nobres ideais, dos valores do Reino de Deus, dos direitos humanos, dos mais pobres e vulneráveis, do povo marajoara, especialmente desta Prelazia que ele serviu incansavelmente, durante 37 anos!

Sua voz profética ecoou além das fronteiras do Marajó, do Pará e até do brasil. Sabemos que ele recebeu reconhecimento de diferentes organismos e instituições da sociedade civil, que o homenagearam. Foi um missionário do Senhor que combateu o bom combate da fé e cumpriu sua missão, sendo considerado um profeta do nosso tempo! Ouso dizer: Não deixemos morrer a profecia, pois onde não há profecia o povo se corrompe” (Pr 29,18).

Apraz-me afirmar que o Dom Azcona nos deixou bons exemplos de vida e muitos ensinamentos; deu uma grande contribuição ao nosso Regional Norte 2, à Igreja na Amazônia e à CNBB no seu todo, Nossa profunda gratidão por isso! Além disso, Dom Azcona era bastante conhecido, estimado e respeitado por muita gente, inclusive por pessoas que não professam a nossa fé.

Para concluir diria que ele foi uma figura emblemática, indissociável do Marajó, que parecia respirar Marajó pelos poros, pois falava do Marajó com um amor entranhado.

Amou Marajó e o seu povo. Deu sua vida e seu coração por aqueles que lhe foram confiados no seu pastoreio. Deixou um grande legado. Não será esquecido. Seus grandes feitos e sua lembrança ficarão na nossa memória. Santo Agostinho dizia que: “Nunca morre quem permanece vivo dentro de nós”.

Deus seja louvado pelo dom da vida, pela missão e por todo o bem que Dom Azcona fez neste mundo!

Imploremos a intercessão materna de Nossa Senhora da Consolação, padroeira desta catedral, para que o Senhor nos reconforte nesta hora tão difícil, de dor e consternação; e também para que o nosso irmão Dom Azcona seja acolhido amorosamente no Céu; Deus conceda-lhe o pleno perdão da Sua misericórdia e a felicidade eterna no Reino dos Céus.

Dai-lhe Senhor o descanso eterno e brilhe para ele a vossa luz!

Descanse em Paz.

Amém!

ABAIXO NOTA DE PESAR DA DIOCESE DE PONTA DE PEDRAS

NOTA DE PESAR_por Dom Teodoro Mendes_Bispo da Diocese de Ponta de Pedras