
por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB
fotos Luiz Estumano / Fundação Nazaré
A Igreja Católica no Brasil, através da iniciativa “Igreja Rumo à COP30”, transformou-se em um corpo sinodal de discípulos missionários para a COP30, unindo vozes de quatro continentes em um apelo por ecologia integral e justiça climática, ecoando os ensinamentos do Papa Francisco sobre a crise ser uma “profunda ferida espiritual e moral”.
Durante o primeiro momento para a acolhida do Simpósio Dom Julio Akamine, Arcebispo de Belém, recebeu para uma interação com o público presente, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, Cardeal Dom Jaime Spengler presidente da CNBB e presidente do Conselho Episcopal para América Latina e Caribe; o Arcebispo de Goa e Damão na Índia e presidente das Conferências Episcopais da Ásia, Cardeal Felipe Neri; Arcebispo de Quinxassa e presidente da Federação das Conferências Episcopais da África e Madagascar, o cardeal Fridolin Ambongo; o Arcebispo de Belgrado, na Sérvia e vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, cardeal Ladislav Nemet; e o Arcebispo de Arcebispo de Agaña, Guam na Ilha Pacífica de Gan e presidente da Conferência Episcopal do Pacífico, Dom Ryan Jimenez.
O Diagnóstico do Sul Global: Exploração, Injustiça e Vulnerabilidade
As pré-COPs regionais no Brasil (Sul, Leste, Centro-Oeste) estabeleceram a base para uma agenda enraizada nos territórios. Contudo, a articulação se expandiu para um clamor global, evidenciando que a crise climática é inseparável das injustiças estruturais.
A Voz do Vaticano em Belém: Crise Climática é ferida espiritual e moral
Em um discurso que ressoa profundamente com a urgência da COP 30, Dom Giambatista Diquattro relembrou a visão profética do Papa Francisco, enfatizando que a mudança climática transcende a técnica e a economia, configurando-se como uma “profunda ferida espiritual e moral” na consciência da humanidade. Citando a Laudato Si’, o Núncio sublinhou que a ecologia integral exige justiça, unindo o clamor da terra ao clamor dos pobres, pois a crise da natureza e a do ser humano são um “único drama” nascido da perda da fraternidade universal. A ecologia cristã, portanto, não é uma moda, mas um ato concreto de amor e justiça. Em sintonia com o alerta de Laudato Deum sobre o ponto de ruptura do planeta, Diquattro reforçou que a conversão ecológica implica renovar o olhar interior, reconhecendo o valor sacramental do ambiente. A proteção do meio ambiente é, assim, um gesto de justiça para com os mais frágeis, os quais sofrem mais intensamente a degradação. No contexto amazônico, a visão se completa: a Igreja, como sinal de humanidade reconciliada, deve viver essa vocação de cuidar de toda a Terra e de seus povos, transformando a fé em esperança concreta e a caridade em um novo modo de habitar o mundo.
A Crise Climática pelo mundo
* África representada pelo Cardeal Fridolin Ambongo: “A África é vista como um continente empobrecido e saqueado de suas riquezas (minerais estratégicos), funcionando como uma “mina de ouro aberta a todos os ladrões”. O sistema econômico atual causa a expansão de desertos e eventos climáticos extremos (inundações e secas), forçando a fuga da juventude. Os minerais que causam conflitos são bem-vindos, mas as pessoas que fogem são rejeitadas”.
* Ásia representada pelo Cardeal Filipe Neri: “A Ásia, marcada pela desigualdade, enfrenta a linha de frente da crise com derretimento de geleiras, eventos extremos e migração climática. A transição energética global é criticada por promover um “capitalismo verde” que viola os direitos dos povos indígenas e aumenta a vulnerabilidade das mulheres e comunidades locais através da exploração de mineração crítica”.
* Pacífico representado por Dom Rian Jiménez: “As ilhas do Pacífico, como Tuvalu, enfrentam o risco iminente de afundamento devido ao aumento do nível do mar. A crise força a migração, gerando conflitos entre a sobrevivência dos filhos e a dor de deixar a terra natal. As economias locais são fragilizadas pelo extrativismo e pela mineração de fundo do mar”.
O Papel da Europa e o Compromisso Financeiro
A representação europeia, embora reconhecendo problemas internos como a guerra na Ucrânia que elevou drasticamente os custos de energia e gerou pobreza e migração (ex: 60 mil jovens educados saindo da Sérvia anualmente), reforçou o compromisso de ser parte da solução:
* Cardeal Ladislav Nemets destacou que a Europa, apesar de ter problemas em escala diferente, trabalhará em conjunto com o Sul Global. A Igreja Europeia, grande doadora (citando a Alemanha), prometeu continuar financiando projetos de transformação ecológica no Sul Global, esperando que a Comissão Europeia não só reduza as emissões, mas também diminua o gap financeiro necessário para a adaptação.
Síntese Profética
A voz unificada dos líderes episcopais da África, Ásia, América Latina, Caribe e Pacífico, formalizada em um apelo conjunto, exige que a crise climática seja tratada como uma obra única de amor e justiça — cuidando da terra e dos pobres simultaneamente, conforme a visão integral da Doutrina Social da Igreja e dos Papas Francisco e Leão XIV.
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