Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

Por ocasião da visita do Papa ao Brasil, quando aconteceu a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, dois gestos do Santo Padre marcaram a história de nossa Arquidiocese de Belém. Quando o saudei pela primeira vez, uma expressão muito forte calou-me no coração: “Tenham coragem, sejam ousados! Se não forem ousados, já estarão errados desde o princípio!” Depois, tivemos a alegria de presenteá-lo com a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a Rainha da Amazônia. Alguns anos mais tarde, no Sínodo Especial para a Amazônia, esta Imagem foi colocada na Capela anexa à Sala do Sínodo. Todos os dias, tínhamos a oportunidade de vê-la ao lado do Altar e dedicar-lhe súplicas pelos trabalhos diários.

Neste dia 2 de fevereiro de 2023, entra em vigor o Novo Plano Arquidiocesano de Pastoral, fruto do trabalho sinodal de nossa Arquidiocese de Belém. Nossa ousadia quer ser a acolhida ao apelo do Papa em vista de uma Evangelização mais corajosa e vigorosa, abrindo-nos aos desafios do tempo presente.

A Arquidiocese de Belém foi o espaço escolhido pela Providência para o pedido dos Bispos da Amazônia Legal ao Papa Francisco, no sentido da realização do Sínodo para a Amazônia. E vivemos estes anos envolvidos na preparação das pessoas e organismos que nos conduziram à realização do nosso Sínodo, um processo exigente e envolvente. Foram tempos extremamente desafiadores, com problemas internos e externos que pediram de nós oração e dedicação. Basta lembrar a Pandemia que comprometeu nosso cronograma de atividades, além de contribuir para a dispersão de forças humanas e pastorais. Com toda a Igreja do Brasil, fomos chamados a reconstruir muitas estruturas de relacionamento e envolvimento. Entretanto, a tudo isso chamamos de Cruz, a ser abraçada com amor, sabendo que por ela chegamos à Luz da Ressurreição. Agora, acolhemos o impulso do lema do Terceiro Ano Vocacional do Brasil – Vocação, graça e Missão – para levar adiante nossa vida de Igreja, iluminados pela experiência dos discípulos de Emaús: “Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc 24,32-33).

O Concílio Vaticano II interpretou positivamente a história, manifestação da ação de Deus, e afirmou a perenidade da fé, apesar da relatividade de suas expressões nos mais variados tempos e culturas. São João XXIII comparou o Concílio a um novo Pentecostes, pois o Espírito abria para a Igreja num novo caminho de liberdade, que é, por natureza, fonte de renovação e de diversidade. A seu tempo, São João Paulo II, propôs uma “Nova Evangelização”, com “novo ardor, novos métodos e novas expressões”. Uma palavra de ordem profética, legada a toda a Igreja como um desafio a ser enfrentado com coragem e ousadia, plenamente atual para nossa Arquidiocese.

Queremos caminhar a partir dos trabalhos sinodais, e iluminados pelo Evangelho de Mateus 28,16-20: “Os discípulos voltaram à Galileia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvidas. Jesus se aproximou deles e disse: ‘Foi me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos'”. Tudo isso está detalhado no Plano Arquidiocesano de Pastoral, a ser devidamente estudado e aplicado. A Igreja de Belém assume sua vocação de ser Igreja que olha para a frente e para o alto, com a missão de evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como comunidade discípula e missionária, profética e misericordiosa, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia.

Nosso olhar é iluminado por alguns horizontes. O primeiro é a coragem para começar de novo, sem negar o que a Arquidiocese realizou em sua magnífica história multissecular. Acontece que o mundo mudou e nós somos portadores da mensagem evangélica, a força daquele que faz novas todas as coisas (Cf. Ap 21,1-5). É necessário que todos abracemos esta mística da Nova Evangelização e estejamos dispostos a renovar o ardor e ser criativos em novos métodos e novas expressões na ação pastoral. Comecemos com a revisão de todas as coordenações de Conselhos Paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos, Pastorais, Movimentos e Serviços Arquidiocesanos, com eventual substituição de membros que se encontram nos mesmos cargos há muito tempo, abrindo espaço para novas lideranças.

Segundo horizonte que é oferecido pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, a insistência na presença da Igreja nas casas, e os quatro pilares para a vida da Igreja, iluminada pela experiência das primeiras Comunidades, segundo a descrição dos Atos dos Apóstolos: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.

Terceiro horizonte é a nossa realidade amazônica, num processo de Evangelização como uma grande missão, na certeza de que há muito por fazer, se quisermos ser fiéis ao Senhor que nos enviou para evangelizar a todos.

Quarto horizonte é o Grande Jubileu proclamado pelo Papa Francisco, a se realizar no ano de 2025. Para vivê-lo, o ano de 2023 é dedicado à valorização e conhecimento do Concílio Vaticano II. Para 2024, um aprofundamento da vida de Oração. Em 2025, Ano do Jubileu, com o tema “Peregrinos da Esperança”, a Igreja quer contribuir para recuperar em todo o mundo a Esperança, realidade fundamental para a construção da Sociedade Humana. As iniciativas nos encontrarão dispostos a uma adesão total!

Quinto horizonte é justamente o Caminho Sinodal que a Igreja percorre durante este período. Estaremos atentos, para aprender de novo e sempre a caminhar juntos. Este horizonte expressa a estrada que percorremos em nosso Sínodo Arquidiocesano, a elaboração do Plano de Pastoral e a unidade pastoral desejada por todos nós: caminhar juntos! Belém, Igreja de portas abertas! “A cidade se encheu de alegria” (At 8,8)

Como não bastasse, no dia de ontem, 1º de fevereiro, foi nomeado um novo Bispo Auxiliar para Belém, Padre Paulo Andreolli, Sacerdote Missionário Xaveriano, que vem somar a Dom Antônio e a mim na disposição do serviço ao Povo de Deus.  Padre Paulo Andreolli nasceu no dia 16 de dezembro de 1972, filho de Mario Andreoli e Giuliana Conte. Fez a primeira profissão religiosa aos 21.08.1994 e a profissão perpétua no dia 5.03.2000. Foi ordenado Diácono no dia 6.03.2000 e presbítero no dia 17.09.2000. De 2000 a 2007 atuou na Animação Missionária e Vocacional e Coordenação de COMIPAs numa área pastoral da Diocese de Milão – Itália. De 2007 a 2013, foi Vigário Paroquial na Paróquia de São Félix do Xingu – PA, Prelazia do Xingu. De 2013 a 2017, foi Pároco na Paróquia de Tucumã – PA, Prelazia do Xingu. Trabalhou de 2017 a 2019 na Animação Missionária e Vocacional com os Xaverianos e no COMIRE Norte 2 e colaborou na CRB, Subnúcleo 2 em Belém – PA. Sua Ordenação Episcopal acontecerá no dia 15 de abril de 2023, Sábado da Oitava da Páscoa, na Catedral Metropolitana de Belém. Que seja bendito o que vem em nome do Senhor!