Introdução:

Após termos refletido sobre os gritos sócio-ambientais e os clamores eclesiais, falemos um pouco sobre as riquezas e alegrias da Igreja na Amazônia. A diversidade dos contextos sociais, étnicos, históricos, teológicos, pastorais, culturais, políticos, econômicos, ambientais e religiosos, não nos permite uma abordagem exaustiva sobre todas as riquezas. Certo, é que angústias e alegrias caminham juntas!  

Não tenho dúvidas de que temos mais grandezas do que fragilidades, mais alegrias do que tristezas, mais esperança do que lamentos, mais futuro do que passado em relação à vida da Igreja na Amazônia.

A Igreja na Amazônia tem características próprias que marcam profundamente a vida dos católicos que dela participam, aqui vivem e ou vieram de fora como missionários.

  1. A diversidade de carismas na Amazônia:

A Amazônia foi evangelizada através de uma variedade de carismas religiosos; essa é uma marca da sua história que sempre esteve presente e tem dado grande apoio e, em alguns contextos, ainda garante a animação e a sustentabilidade da Igreja.

As diversas congregações (Capuchinhos, Carmelitas, Jesuítas, Mercedários, Dominicanos, Ordem dos Frades Menores, Salesianos, Agostinianos, Crúzios, Verbitas, Missionários do Sangue de Cristo, Xaverianos, Espiritanos, Barnabitas, Oblatos…) deram no passado e ainda hoje, uma grande contribuição para a evangelização da Amazônia. Os primeiros missionários, aos poucos, ao longo dos séculos, foram navegando os rios, embrenhando-se nas matas, batizando, catequizando, formando comunidades. Nasceram assim as primeiras comunidades, paróquias, prelazias, dioceses e arquidioceses.

No ramo feminino, centenas de congregações atuaram e continuam servindo com seus carismas e variedade de serviços enriquecendo a beleza da Igreja na promoção do Reino de Deus. Vale a pena recordar que a Amazônia também é berço de muitas congregações e institutos religiosos.

Algumas que aqui nasceram já ganharam o mundo e fazem-se presentes em outros continentes. A semente do Evangelho lançada na terra foi acolhida, germinou, brotou, cresceu e continuando dando bons frutos (cf. Mc 4,8).

  1. O dinamismo da Igreja na Amazônia:

A rica contribuição da Vida Religiosa, como Igreja na Amazônia, proporcionou a paciente gestação de muitas prelazias e dioceses. Por outro lado, sempre abrilhantou a beleza da presença da Igreja com uma enorme variedade de atividades e obras ao longo destes séculos de evangelização da Amazônia brasileira.

Quem for escrever a história do desenvolvimento humano na Amazônia, por honestidade histórica, deverá falar da grande contribuição da Igreja Católica, por meio das Congregações, com suas mais variadas atividades como: a promoção da educação, da saúde, defesa da cultura indígena, formação de lideranças, estímulo ao uso da tecnologia, melhoria nos transportes, agricultura, pecuária, indústria, capacitação profissional, construção estradas, pontes, portos e aeroportos.

  1. Riquezas e Alegrias da Igreja na Amazônia:
  • A história é a nossa primeira alegria, marcada por tanto pioneirismo, sensibilidade humana, ousadia, investimentos, vidas gastas e, em diversos casos, sangue derramado;
  • A Igreja na Amazônia tem maravilhosos testemunhos de missionários, sacerdotes, religiosos (as), bispos e leigos, santos e mártires;
  • Por todos os lugares encontramos em nossas comunidades, nas cidades e na zona rural, uma grande massa de crianças, adolescentes e jovens;
  • Durante todos os meses, em geral, muitas de nossas paróquias celebram o sacramento do batismo de novos membros;
  • Todos os anos, milhares de crianças que fazem a Primeira Comunhão e recebem o sacramento Crisma em nossas paróquias; sinal do vigor da catequese;
  • Nossas liturgias em geral, são alegres, vivas, cheias de vitalidade e participação;
  • Temos uma Igreja que, através das pastorais e líderes de diversos níveis, se manifesta profundamente comprometida com a defesa, tutela e promoção da dignidade humana;
  • A Igreja na Amazônia tem compromissos diferenciados na luta em prol do meio ambiente, do direito dos trabalhadores sem terra, dos pescadores, dos ribeirinhos, dos seringueiros, indígenas, agricultores, populações quilombolas, moradores de rua;
  • A Igreja na Amazônia gosta de celebrar festivamente seus padroeiros através de muitas atividades evangelizadoras: novenas, quinzenas, procissões, terços, ladainhas, arraiais;
  • Temos uma Igreja com profundo senso comunitário, fraterno, solidário, por isso, promove mutirões e campanhas em prol de causas comunitárias, onde em geral, todos se envolvem;
  • A Igreja na Amazônia é dinâmica e dá especial atenção a eventos reflexivos tais como, romarias, assembleias (por exemplo, a romarias terra, das CEBs, da floresta);
  • Nossa Igreja tem forte sensibilidade social evidenciado através do serviço desenvolvido pelas Cáritas Diocesanas, CIMI, CPT, Comissão Justiça e Paz, Pastoral da Criança, etc;
  • A Igreja na Amazônia conta com uma especial força feminina, materna e mariana;
  • Crescem na Amazônia as vocações sacerdotais, religiosas e consagradas autóctones, conta com alguns bispos nascidos na região e cresce o número de sacerdotes indígenas;
  • Há um contínuo esforço para o fortalecimento da corresponsabilidade dos católicos em vista da promoção da autossustentabilidade das prelazias e dioceses;
  • A grande maioria das dioceses e prelazias tem Centros de formação, Casas de retiros, Seminários (ou Faculdade Católica);
  • Em todas as comunidades e paróquias percebemos um forte protagonismo dos leigos;
  • Cresce em geral a sensibilidade e a cultura missionária (em muitas dioceses e paróquias realizam-se as Santas Missões Populares);
  • De modo geral nas dioceses e cresce o número de diáconos permanentes;
  • Em todas as dioceses e prelazias há forte sensibilidade para com a comunicação através das rádios, canais de TV, jornal impresso (folheto ou revista), presença nas Redes Sociais.

 REFLEXÃO:

  • Quais das Congregações e Carismas você conhece? O que você admira neles?
  • Quais outros aspectos positivos você percebe em nossa Igreja?
  • O que podemos fazer para promover mais a corresponsabilidade dos leigos e a promoção das vocações sacerdotais?

POR Dom ANTÔNIO DE ASSIS RIBEIRO, SDB

Bispo Auxiliar de Belém - PA