O Natal está se aproximando sempre mais de modo que a nossa vida exulta no Senhor, Deus Salvador. O clima humano alude a um espírito natalino forte, para ser vivido com fé, com esperança e com amor. O centro é o nascimento de Jesus na realidade visível. Com este grande acontecimento, o ser humano busca uma vida melhor, diante das dificuldades, desafios e cruzes da vida, pois o Senhor faz parte da humanidade.
Em uma forma exterior, o comércio vende mais coisas, pois muitas pessoas buscam presentes para serem dadas para os familiares, pessoas amigas. No entanto o maior presente de Deus é o nascimento de Jesus em nosso meio, não só por ele estar presente no presépio, mas ele esteja no coração de cada pessoa humana, na família, na comunidade e na sociedade.
A realidade de nossas cidades, prédios, ruas, árvores, monumentos estão sendo enfeitados com luzes, de cores diversas para especificar a importância do tempo de natal como graça de Deus e também do tempo propriamente dito, como tempo especifico, a iluminar os corações humanos. O fato é que o Verbo de Deus se fez carne e veio habitar em meio à humanidade (Jo 1,14). Jesus é luz que ilumina o ser humano para que o mundo e cada pessoa vivam bem a palavra de Deus com obras de caridade. A seguir, veremos nós como este fator foi vivido também nos santos padres da Igreja, os primeiros teólogos do cristianismo antigo.
O fato de uma vida com o Verbo de Deus
São Clemente de Alexandria, padre dos séculos II e III afirmou que a vivência do Verbo na realidade humana, fez a pessoa viver bem, melhor. O Verbo, isto é o Cristo, sendo ele, a causa da existência humana fez parte da realidade visível, humana. O Verbo era em Deus e pela encarnação tornou-se a causa da vivência à altura de sua existência, para viver bem de fato. O Verbo, o único que seja junto a si, as duas naturezas, Deus e homem, ele que é causa de todos os bens visíveis. Dele o ser humano vive bem e, portanto carrega-se a convicção de que ele é convidado à vida eterna. Ele revelou-se como o Salvador, que preexistia como Mestre como aquele que é, porque o Verbo era junto de Deus (Jo 1,2); e no qual tudo foi feito. O Verbo, ao ensinar o ser humano a viver bem, procurou a todos como Deus, o viver bem neste mundo e uma dia com Deus, à vida eterna[1].
O Verbo de Deus na vida humana.
Santo Ireneu de Lião, bispo nos séculos II e III colocou o dado que o Verbo de Deus assumiu a natureza humana, contra os gnósticos que a negavam. Somente ele abriu o livro do Pai, de modo que nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, exceto o Cordeiro que foi imolado, remiu a todos com o seu sangue (Ap 3,7). Ele fez todas as coisas pelo poder de Deus e as harmonizou com a sua sabedoria, quando o Verbo se fez carne (Jo 1,14). Santo Ireneu reforçou o dado do Natal, o nascimento do Senhor na vida humana[2].
A unidade de Cristo Jesus com a Igreja
Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V, disse que o Unigênito Filho de Deus uniu em si, a natureza humana, para unir também em si, como cabeça imaculada, a Igreja imaculada, na qual o apóstolo a chama desta forma, desejando corações incorruptíveis em tudo, porque ele apresentou aos seus fiéis, o Cristo, em Corinto, e a Igreja, como virgem pura (2 Cor 11,2), imitando por ocasião do nascimento de Jesus, a mãe do seu Senhor. Ele redimiu a sua Igreja, a humanidade nos pecados e na morte, dando-lhes vida nova[3].
A verdade surgida da terra.
Santo Agostinho também dizia que os tempos natalinos colocam a alegria da vida, pois as coisas preditas realizaram-se em Jesus. A verdade surgiu da terra (Sl 84,12). O Senhor nasceu na carne pelo ventre virginal de Maria, por obra do Espírito Santo, de modo que ao vir para o mundo o Salvador, deixou a sua mãe virgem. A alegria é grande pela vinda do Senhor na realidade humana[4].
O novo sol: Jesus Cristo.
São Maximo de Turim, bispo do século V, afirmou que a espera do advento em relação ao Natal convida a todos os fieis para avistar o novo sol, que é Jesus Cristo, para que ele ilumine as trevas dos pecados humanos. Este sol se chama de justiça, de amor, dissipando a longa noite dos delitos pois, ele não permite que o caminho da vida humana seja ligado às angústias de infelicidade, mas esteja ligado com o poder de sua graça libertadora.
É a própria natureza que possibilita o conhecimento, a chegada o Natal do Senhor, porque os dias alongam-se no hemisfério norte. São Máximo disse que estas coisas refletir-se-iam também nos seguidores e seguidoras do Senhor no sentido da dilatação da justiça humana para que os pobres gozem de uma vida melhor, juntamente com os peregrinos, os indigentes em vista das liberdades e das ajudas para com os mais necessitados de modo que a noite do pecado dê lugar à luz do Senhor que nasce para a vida de todos. O bispo suplica ao Senhor para que se soltem os quentes raios do Salvador sobre a dureza dos corações humanos dando força aos valores da justiça e do amor[5].
O Verbo de Deus entra no mundo por Maria.
Eustáquio, bispo de Jerusalém, século VI afirmou que o nascimento de Jesus na realidade humana foi dado pelo sim de Maria. O Natal tornou-se um dia de grande festa, pois ele supera toda a glória, enquanto contém a solenidade da Virgem que recebeu o mesmo Verbo de Deus quando ele quis entrar na realidade humana. À Maria, o anjo Gabriel com admiração disse que a saudava como pessoa cheia de graça. O Senhor estava com ela de modo que conceberia, daria à luz um filho e ela o chamaria de Jesus (Lc 1, 28, 31). O anúncio do anjo Gabriel assinalou o início da alegria para a realidade humana. Enquanto a primeira virgem transgrediu a lei do Senhor, a segunda virgem fechou toda fonte de tristeza, fazendo brilhar a luz da alegria, o Senhor Jesus[6].
O Natal é o momento forte de muita paz e amor; é um tempo propício de graça, de libertação dos egoísmos, de vivência da fraternidade para louvar e assumir o amor do Senhor para nós e para a humanidade. O mundo será melhor pelo Natal, onde os povos, as nações desejem a paz que vem do Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz (Is 9,5). O nascimento de Jesus seja vivenciado com alegria e com amor.
[1] Cfr. Clemente di Alessandria. Protreptico 1,7. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa, a cura di Giovanna della Croce, presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 1996, pg. 389
[2] Cfr. Ireneu de Lião IV, 20,2. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 428.
[3] Cfr. Agostino d´Ipona. Sermone 191,2,3. In: Idem, pg. 390.
[4] Cfr. Idem, 191,1. In: Idem, pg. 392.
[5] Cfr. Massimo di Torino. Sermone, 61a,1. In: Idem, pg, 391.
[6] Cfr. Esichio di Gerusalemme. Sermo IV, De Sancta Maria Deipara. In: I Padri vivi. Commenti patristichi al Vangelo domenicale. Anno B, a cura de Marek Starowleyski. Roma, Città Nuova Editrice, 1984, págs. 25-26.