SIGNIFICADOS DO NATAL

por Dom Antônio de Assis Ribeiro

Bispo Auxiliar na Arquidiocese de Belém do Pará

O Natal é a celebração da contemplação do mistério de Deus que se revela a nós: “o Deus escondido” (Is 45,15) se faz visível na forma de um frágil bebê! Deus quer ser desejado, tocado, visto, meditado, amado, seguido!

No Natal somos chamados a contemplar a bondade Divina que vem ao nosso encontro através do Emanuel, o Deus conosco (cf. Mt 1,23); Deus se faz nosso irmão, nosso companheiro, nosso amigo, nosso mestre e Bom Pastor!

O Natal é a celebração da criativa onipotência divina, que é capaz de fazer-se homem sem deixar de ser Deus. Aquele que nasceu de Maria é plenamente humano e totalmente divino, por isso, em tudo nos compreende e de nós se compadece!

O Natal é a celebração da Palavra que se fez carne (cf. Jo 1,14), que assume nossa condição humana; é o evento máximo da solidariedade divina para com a humanidade. Jesus Cristo é, por isso, o mestre da empatia!

No Natal contemplamos o Amor Divino que se aproxima e assume o pecador para salvá-lo. Deus não salva de longe, não manda recados… Mas vem ao encontro de todas as categorias de pessoas e de todas as situações humanas.

O Natal é a festa da família. Ao centro do presépio está a família: um casal e uma criança! Para salvar a humanidade Deus começa com a família. Assim como da Sagrada Família dependeu a Salvação da humanidade, da família como núcleo de Amor e ternura, vem a restauração da sociedade.

O Natal é a festa dos irmãos, a celebração da fraternidade. Celebrar o Natal é tempo oportuno para restaurar relacionamentos enfraquecidos! O mais importante dos presentes é a pessoa que se faz presente!

O Natal é a festa da gratuidade. O Salvador é o Dom que o Pai deu para a humanidade! Pois Deus amou de tal maneira o mundo que nos deu o seu Filho único para que tenhamos a Vida eterna (cf. Jo 3,16). Quem ama se doa dando o melhor de si por quem ama! Na celebração do Natal somos chamados a renovar a virtude da gratuidade e da gratidão a Deus e aos outros!

O Natal nos fala da paciência do Amor de Deus em prol da nossa Salvação; nada acontece imediatamente; “o mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, mas agora foi revelado aos seus santos” (Cl 1,6); Deus é paciente e espera o momento oportuno para agir, pois “quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou seu Filho nascido de mulher” (Gl 4,4). E antes de manifestar-se publicamente o Filho de Deus assumiu o desenvolvimento humano e abriu-se à todas as realidades humanas. O imediatismo contemporâneo nega o mistério do Natal!

O Natal é a festa do encontro: Deus que vem encontro da humanidade, os anjos vão encontro de Jesus, os pastores vão encontro do Salvador, os magos vão ao encontro do Rei do universo… Tudo converge para o Senhor e a harmonia se instaura. O presépio nos fala de harmonia!

Por tudo isso, o Natal é a celebração da renovação do Amor,

da Paz e da Esperança!

Feliz Natal!

 

Artigos Anteriores

Artigo: Formar para a comunhão

Introdução A prática de atitudes que contribuem para a promoção da comunhão eclesial só é possível através de um sério investimento formativo. Para que a nossa fé possa ser testemunhada necessita que seja amadurecida através de um processo de formação. Todo conteúdo...

Artigo: Atitudes a cultivar para promover a comunhão

  Introdução          No texto anterior refletimos sobre algumas das nossas fragilidades que geram obstáculo e até nos impedem de sermos sujeitos promotores da experiência da comunhão. Os pecados capitais se opõem ao dinamismo da caridade e por isso naturalmente...

Artigo: Nossas fragilidades e o desafio da comunhão (5)

  Introdução A comunhão da Igreja é dom de Deus e, ao mesmo tempo, é responsabilidade de cada fiel. A experiência da comunhão, portanto, pressupõe não somente a graça da fé, mas também um profundo comprometimento do sujeito, pois sem o esforço pessoal não será...

Artigo: Formamos um só corpo: a teologia do corpo eclesial (4)

Introdução Continuando a catequese sobre a Comunhão Eclesial, reflitamos sobre uma das mais significativas metáforas usadas por São Paulo, aquela em que ele compara a Igreja como um corpo. Vale a pena recordarmos o que diz o apóstolo. “Num só corpo há muitos membros,...

Artigo: A Igreja é una por sua essência, vocação e missão (parte 3)

Introdução A Igreja, povo de Deus, é um mistério marcado pela unidade, diversidade e comunhão. Na Encíclica Ecclesiam Suam (N.16), o Papa Paulo VI, nos convida a refletir sobre esse mistério para que possamos descer às suas consequências práticas nos mais variados...

Artigo: São Paulo e a Comunhão Eclesial

Introdução Apesar das fragilidades internas presentes no grupo dos Doze, Onze compreenderam a essência da exigência da Comunhão e suas consequências. Lamentavelmente aquele que nada assimilou traiu o Mestre e, por orgulho, rompeu com a Igreja, isolou-se, saiu para...

Artigo: Jesus Cristo e a insistência sobre a comunhão

Introdução A região Amazônica é um enredado de teias, que se entrelaçam em histórias, riquezas, cores e sabores, formando um imenso mosaico de culturas, de línguas, de povos e nações, interligando conhecimentos milenares e projetos de vida que foram interrompidos...

Artigo: A espiritualidade pascal: A experiência da comunhão fraterna

Introdução Continuando a reflexão sobre o aprofundamento da espiritualidade Pascal, queremos desta vez refletir sobre a comunhão fraterna como consequência imediata da fé no Ressuscitado. A experiência da comunhão é uma exigência fundamental para aqueles que querem...

Artigo: A espiritualidade pascal: A força animadora da paz

Introdução A celebração da Páscoa também nos remete à experiência da Paz; é uma das suas mais profundas consequências. Segundo o livro do Êxodo, a situação em que vivia o povo hebreu no Egito era dramática. Explorados no trabalho forçado, viviam um pesadelo, com a...

Artigo: Espiritualidade pascal: A força provocadora da conversão

Introdução Seguindo as narrações dos evangelhos e dos Atos dos Apóstolos, outra consequência da fé no Ressuscitado é a experiência da conversão. A fé no Ressuscitado gera radical mudança de vida: atitude de reconhecimento dos males (a falta de fé, a ignorância, a...

Artigo: Espiritualidade Pascal: a força do kerigma

Introdução Desejo continuar o processo de reflexão sobre as características da espiritualidade da Páscoa que começamos ano passado. Recordemos os temas já tratados: a Páscoa é geradora e promotora da vida nova; a Páscoa é fonte de alegria e otimismo; a Páscoa é a...

Artigo: Sentido, mensagens e compromissos do Tríduo Pascal

Introdução A celebração do tríduo pascal constitui uma experiência de memória e profecia, onde passado e futuro se encontram no presente e ressignificam a vida do sujeito de fé. Por isso é tão importante o ato celebrativo. A participação em cada uma das celebrações do...

Artigo: O coração de pai de São José

Introdução Em comemoração aos 150 anos da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja, pelo papa Pio IX no dia 8 de dezembro de 1870, o papa Francisco com a carta “Patris Corde” nos convida a celebrar em 2021 o ano de São José. Tendo como objetivo lhe...

Artigo: Campanha da Fraternidade: obstáculos para o diálogo

Introdução Há uma íntima relação entre fraternidade e diálogo; podemos dizer que não há verdadeira fraternidade onde não há o exercício do diálogo. A experiência da fraternidade exige a prática da comunicação. Sim, o diálogo é um exercício e um dos mais exigentes...

Artigo: Campanha da Fraternidade 2021: dialogar para promover a paz

Introdução: Após refletirmos sobre as exigências da quaresma e a conversão, com suas múltiplas consequências, falamos agora da necessidade da experiência do crescimento na fraternidade. De fato, não há conversão sem fraternidade e, por outro lado, esse deve ser um...